CUIABÁ, 22 A 28 DE AGOSTO DE 2013
ACADEMIA DE LETRAS
Criação de pai,
privilégio de filha!
A simpatia e o carisma de Marília Leite só se igualam à sua cultura e
ousadia. Essa carioca integralmente cuiabana mereceu o privilégio de ocupar
a cadeira número 2 da Academia Mato-Grossense de Letras, criada por seu
pai, Gervásio Leite, primeiro ocupante de tão alta honraria.
Tecendo sua vida entre literaturas de Direito, de Filosofia, de Artes
Cênicas, Marília transpôs fronteiras, levou conhecimentos para além-mar e
sorveu culturas de terras estrangeiras. Protagonizou workshops, cursos e
seminários no Chile, Argentina e Uruguai, país que lhe despertou o amor e o
respeito por outras culturas e ‘modus vivendi’.
Namorou firmemente a área jurídica por influência paterna, mas casou-se
“para todo o sempre” com a Arte, no seu mais amplo espectro. Incursionou
pelo teatro, onde dirigiu muitas peças, principalmente no Rio de Janeiro.
Aprofundou-se nas nuances do modernista Oswald de Andrade, cujo estudo
lhe rendeu o título de mestra pela Pontifícia Universidade Católica de São
Paulo (PUC). Ministrou vários cursos no seu berço de conhecimento, a
Universidade Federal de Mato Grosso, nossa UFMT.
A mais nova acadêmica lembra de um fato pitoresco: quando se
preparava para mais um curso de teatro na Universidade, chega um rapaz
muito simples querendo se matricular e logo sofreu a intervenção de um
funcionário comunicando que ele não poderia fazer o curso “pois nem aluno
da UFMT ele era”. Seu contra-argumento lhe garantiu a vaga ao responder:
“Se eu vejo um frango na televisão, por que não posso ter o desejo de comê-
lo? Eu tenho necessidade de alimento cultural!”.
Dona de uma oratória ímpar, mudou suas cordas vocais para entre átrios
e ventrículos. Prova disso foi a abertura da Exposição “365” na vanguardista
Casa do Parque
, quando se esmerou num discurso prévio displicentemente
deixado de lado e falou com o coração para um público atento e
reconhecedor de seu talento.
Foi frequentadora assídua do Solar Barão de Melgaço na década de 70,
inebriou-se com saberes, textos, palavras e letras. Apreciou o belo nos ritos e
apaixonou-se pela Academia, inquilina nobre do casarão.
Provocadora de si mesma, candidata-se à vaga de criação paterna, não
pela hereditariedade, mas pela aceitação dos incentivos que recebeu para se
preparar e reconhecê-los como fundamentais de ser merecedora para sentar-
se à cadeira número 2.
Toma posse no próximo dia 10 de setembro, em comemoração aos seus
novos 72 anos. Para o discurso de recepção, a personalidade de Benedito
Pedro Dorileo, amigo dileto de seu pai e conhecedor profundo da nova
acadêmica.
Marília exala felicidade por ter sido votada por acadêmicos da
qualidade dos integrantes da Academia Mato-grossense de Letras, o que
“aumenta minha responsabilidade”, segundo suas palavras.
Assume com foco na divulgação dos trabalhos dos acadêmicos para
maior visibilidade e maior apoio ao histórico Solar Barão de Melgaço. Essa
mulher de direito e de letras vai se esmerar para conseguir seus objetivos. E
que ninguém duvide disso!
Por: Rita Anibal. Fotos: Reprodução
Ma r í l i a
Le i t e e
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Ta v a r e s