CIRCUITOMATOGROSSO
CUIABÁ, 22 A 28 DE AGOSTO DE 2013
CULTURA EM CIRCUITO
PG 4
MT CALEIDOSCÓPIO DE ARTE
CALDO CULTURAL
Por João Manteufel Jr
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João Carlos Manteufel,
mais conhecido como João
Gordo, é um dos publicitários
mais premiados de Cuiabá
A CENSURA
ABCDEF....GLS
Por Menotti Griggi
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Menotti Griggi é
geminiano, produtor
cultural e militante incansável da
comunidade LGBTT
São muitas as definições dos dicionários de
língua portuguesa para a palavra CENSURA e
aqui coloco algumas delas: s.f. exame crítico de
obras literárias ou artísticas, feito antes da
publicação, por agentes do poder público.
Condenação eclesiástica de certas obras.
Condenação, crítica. Condenação proferida
por uma assembleia contra um dos seus
membros. Repreensão, advertência. Voto de
condenação à política geral de um governo:
moção de censura.
Conforme vou lendo, parece que um peso
vai se acentuando na medida em que centenas
de imagens passam pela minha cabeça de
tudo que já nos foi cerceado ao longo da
construção de nossas vidas e de nosso país. E
esta semana dois casos que parecem bem
distantes, mas que analisados de perto nos
parecem os mesmos moldes, vieram à tona na
imprensa local e mundial. Falo da ação
movida pela primeira-dama do Estado, Roseli
Barbosa, contra o Ator André D’Lucca na
tentativa de barrar seus comentários na Peça
“Os Segredos de Almerinda” e também da
“detenção” de David Miranda, que tem um
relacionamento estável com o jornalista Glenn
Greenwald, autor das reportagens que
revelaram a vigilância de civis pela NSA
(Agência de Segurança dos Estados Unidos), no
aeroporto de Heathrow, Londres.
De acordo com o jornal
O Globo
online,
David retornava para o Rio de Janeiro de uma
viagem a Berlim, quando foi parado por
oficiais e informado de que seria interrogado
com base no artigo 7 da lei de terrorismo, de
2000, que se aplica apenas em aeroportos,
portos e áreas de fronteira, permitindo aos
agentes deter e interrogar indivíduos.
Em Cuiabá, o ator D’Lucca está num
embate entre processos, acordos e desacordos
no tocante a suas divertidas apresentações no
personagem da milionária Almerinda George
Lowsbi. Com casos que nos assustam sobre a
censura no mundo, é claro que Cuiabá
também (infelizmente) não passaria em branco,
aliás a comunidade LGBT sofre diariamente
com esse “bullying” que nem é tão velado e
que está na cara de uma sociedade que não
aguenta mais ser hostilizada e massacrada
pelos poderes.
O que diferencia tudo neste momento é
exatamente esse grito que ecoou nas
manifestações e que mostrou aos políticos que
não estamos mais dispostos a nos calarmos e
engolirmos as situações que nos são impostas.
Temos voz, vez e voto.
Não importa que seja em Cuiabá ou
Londres – ninguém mais pode usar do poder
para calar a Liberdade de
Expressão.
E já que virou clichê
ainda nos dias de hoje
censurar, eu digo: é assim
que caminhamos e
cantamos e seguimos a
canção.
Viva a Arte e o que
podemos rir ou chorar com
ela!
Nada como ter amigos bem
informados. Essa semana, a jornalista
de mão cheia Marcia Andreola, minha
amiga a tantos anos que não
conseguimos mais contar, me mandou
uma matéria sob um senhor, com nome
de cachorro e cara de galã: Bernardo
Paz. Este senhor de 63 anos coordena
uma lista de 500 obras de cem grandes
figuras de 30 nacionalidades, mais
conhecido como Inhotim, o maior museu
de céu aberto do mundo. Não por acaso,
o lugar é referência internacional de arte.
Bernardo Pazs construiu isso após
anos e anos apenas pensando em money,
esquecendo dos prazeres reais da vida.
Ele hoje entende algo que levamos mais
da metade da vida para entender. O
simples na maioria das vezes é mais. Feliz
não aquele que tem muito, mas tem
aquilo que precisa. Nenhum sentimento
do mundo supera a oportunidade de
poder criar um filho. Que absolutamente
nada é mais importante que dizer eu te
amo. Numa noite em Paris teve um
derrame. Quase morreu. Quase.
Renasceu junto com um novo e muito
mais feliz, homem.
Caso semelhante está passando a
cultura de nossa capital. Está quase
morrendo. Não sei se por conta que os
últimos prefeitos não serem daqui, mas
diferente da estadual, vejo a cultura da
capital distante. Não precisamos deixar a
cultura da cidade verde ter um derrame,
como nosso visionário Bernardo.
Cuiabá tem tudo que uma cidade
precisa para ser a capital do centro-oeste
da arte e cultura em modo geral. E sabe
porque? Temos muito mais do que
infraestrutura. Temos o principal, temos o
tutano, temos o que ninguém tem como a
gente tem: uma cultura multicultural, com
originalidade, que se sobrepõe ao tempo
e a colonização a que sofremos nos
últimos 40 anos. Sim meu caro eleitor.
Somos colonizados desde os tempos dos
bandeirantes. Sempre passaram a ideia
que nosso estado deveria ser ocupado.
Sim. Matas, índios, cultura daqui não
servem. Temos de ser ocupados. Mato
Grosso, terra de ninguém. Terra das
oportunidades. Parece que agora começa
um novo secretário de Cultura. Tomara
que agora chega Joelmas e outros tantos
que nada tem a ver nos representando.
Chega dessa cultura pop globalizada que
nos empurram goela abaixo na TV e nos
rádios todos os dias. Não podemos
deixar nossa liberdade de criar, fazer,
representar a nossa cultura. Unidos eles
não poderão nos vencer.