EDIÇÃO IMPRESSA - 454 - page 11

CIRCUITOMATOGROSSO
PANORAMA
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G
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CUIABÁ, 22 A 28 DE AGOSTO DE 2013
AGRONEGÓCIO
Desde a década de 80, a logística é apontada como o grande gargalo para o agronegócio em MT e agora faltam também
armazéns. Por: Camila Ribeiro. Fotos: Pedro Alves e Divulgação
Em busca de soluções para gargalos
É fato que o
agronegócio mato-
grossense é destaque no
cenário brasileiro. Líder
nacional na produção de
grãos e algodão em
pluma, segundo maior
produtor de arroz e com
rebanho bovino crescendo
a passos largos, o Estado
figura como um dos líderes
de representatividade no
saldo comercial do País.
Entretanto, o setor
produtivo de Mato Grosso
enfrenta em dois grandes
problemas: a ineficiência
da logística de transporte e
a falta de armazéns.
A perda de
competitividade no
mercado internacional e
também nos grandes
centros do País pode ser o
preço a ser pago por Mato
Grosso por conta da
precariedade da logística
em boa parte do Estado.
“A gente olha e vê o
seguinte: da porteira pra
dentro, em nível de
tecnologia, o produtor já
teve grandes avanços.
Agora resta melhorar a
Produtor de soja e
milho em Sorriso (418
km de Cuiabá), Laércio
Lenz exemplifica que a
problemática
envolvendo a logística
no Estado chega a
inviabilizar a
Para consumidor nordestino sai mais barato produto de outro país
Faltam investimentos e linhas
de crédito, sobra burocracia
“Sem sombra de
dúvida, a logística é um
dos grandes gargalos da
região Centro-Oeste. O
problema é que a gente
sempre ouve falar de
ações a serem
implantadas, mas elas
ficam apenas no campo
dos projetos, não saem do
papel”, desabafa Laércio
Lenz. Ele observa que aqui
os rios não são
navegáveis, a estrada é
uma só, o tráfego é muito
grande e que são
necessários, portanto,
outros meios logísticos.
Sobre a questão da
armazenagem, lembra que
em Mato Grosso 90% da
produção são guardados
em armazéns terceirizados.
“Não temos acessibilidade
a crédito e recursos para
arcar com isso
”.
Laércio Lenz reclama
também da burocracia
para se conseguir alguma
coisa dos governos
federal, estadual ou
municipal, e conta que
muitas vezes, para não
perder a produção,
produtores têm que fazer
investimentos que
caberiam ao poder
público. “Isto porque não
temos que ficar pedindo a
bênção de ninguém”.
Em Sorriso, por
exemplo, ele conta que há
uma ponte que precisa ser
construída, os produtores
já se comprometeram a
pagar a metade, o
prefeito disse que a
Prefeitura arcaria com o
restante, mas até agora
nada, porque existe uma
série de procedimentos e
burocracias que
inviabilizam os processos.
“Existem coisas e
procedimentos que penso
que deveriam ser
‘desbloqueados’ para que
obras pudessem ser feitas
com maior agilidade”.
comercialização de
produtos dentro do país.
“Sai mais barato, por
exemplo, para um
comprador do Nordeste
adquirir um produto
vindo de outro país do
que aqui de Mato
Grosso. Isto porque,
quando compra de
fora, o transporte é
hidroviário e barateia
o custo”.
Lenz alega ainda
que tanto
consumidores quanto
Ferrovia Mato Grosso/Pará
surge como nova alternativa
A construção de
modal de transporte
ferroviário ligando Mato
Grosso ao Pará surge
como uma grande chance
de diminuir os problemas
de logística no Estado. O
modelo, que seria
viabilizado por meio de
Parceira Público-Privada
(PPP), depende de aval do
governo federal para
garantia de concessão, em
inserção da proposta no
Plano Nacional Ferroviário.
A proposta já está nas
mãos do ministro dos
Transportes, César Borges,
e inclusive já haveria um
grupo norte-americano
interessado em injetar R$
12 bilhões no projeto da
ferrovia cujo traçado conta
com trecho entre Água Boa
até Barcarena, no nordeste
paraense.
O ministro lembrou,
ao receber o modelo das
mãos do governador Silval
Barbosa (PMDB) e do
deputado estadual José
Riva (PSD), que o traçado
ferroviário Mato Grosso/
Pará se coloca em cenário
paralelo à Ferrovia de
Integração do Centro-
Oeste (Fico). Mas acenou
favoravelmente às
discussões. “Com o setor
privado interessado em
investir fica mais fácil”,
disse o ministro.
produtores são
penalizados com a
logística ineficiente.
“Temos um custo alto de
produção, muito disso
por conta do preço do
frete. Somos penalizados
aqui com os custos de
transporte mais caros do
mundo e o consumidor
também sofre lá na
ponta”, alega o
produtor.
Ele ressalta, ainda, o
fato de a BR-163 ser
basicamente a única via
de escoamento da
produção do Estado.
“Ela sozinha não dá
conta. A produção no
Estado aumentou, mas
a estrada é a mesma
de 30 anos atrás”,
critica Lenz.
questão da infraestrutura,
principalmente de
transporte, fazer com que
esse produto que é
produzido no Centro-Oeste
brasileiro chegue com
competitividade a outros
mercados”, apontou o
diretor executivo da
Federação da Agricultura e
Pecuária de Mato Grosso
(Famato-MT), Seneri
Paludo.
Pesquisa elaborada
pelo Projeto Centro-Oeste
Competitivo, cuja íntegra
será divulgada no mês de
setembro, aponta que os
problemas com a logística
de transporte enfrentados
por produtores de toda a
região Centro-Oeste
encarecem em até R$ 2,4
milhões o preço pago pelo
frete por safra de
produção.
O especialista Olivier
Roger Sylvain Girard, sócio
da empresa
Macrologística, que
realizou o estudo, também
acredita que caso
investimentos logísticos não
sejam iniciados
imediatamente no Centro-
Oeste, a região poderá
perder sua competitividade
no agronegócio nos
próximos anos. “Sem
investimentos, a
competitividade vai
ficando cada vez menor.
Os custos de produção
vão ficar cada vez
maiores, por causa dos
custos com logística”.
Sobre o déficit de
armazenagem
, de acordo
com dados do Conab e
do Imea, o Estado de
Mato Grosso tem um
déficit muito alto. São
quase 40 milhões de
toneladas e o investimento
chegaria a mais de R$ 5
bilhões para poder atender
toda a demanda.
“É
uma perda para o Estado
porque basicamente hoje
se armazenam grãos e
comoddities em caminhões
que já levam isso até os
portos. Isso faz com que o
produtor tenha que, ao
colher, já imediatamente
exportar, não tendo uma
condição de barganhar ou
poder praticar a venda do
produto durante o período
de entre safra e
consequentemente, ter um
retorno maior”, analisa o
secretário-extraordinário de
Estado de
Acompanhamento da
Logística Intermodal de
Transportes,
Francisco
Vuolo
.
Segundo ele, o Plano
Safra do Governo Federal
deverá facilitar muito o
investimento nesse setor,
com juros subsidiados,
taxas de 3,5% ao ano,
com 15 anos para
pagamento. “Acredito que
vamos poder, pelo menos,
equilibrar o fluxo de
escoamento de nossa
produção e dar ao
produtor a condição de
poder armazenar em
estoques e armazéns
particulares e ter um ganho
maior”.
Uma pa r c e l a
c on s i d e r á v e l da
s a f r a do mi l ho
de 2013 está
a rma z e nada a
c éu abe r t o po r
f a l t a de
e s t r u t u r a
S ene r i Pa l udo , d i r e t o r
e x e c u t i v o da Fama t o
E s t r ada s p r e c á r i a s d i f i c u l t am e s c oame n t o
L aé r c i o L en z , p r odu t o r no mun i c í p i o
de So r r i s o , não e s conde de s ân imo
Gov e r nado r S i l va l Ba r bo s a f o i a B r a s í l i a ap r e s en t a r p r o j e t o que j á t e r i a
r S i l va l Ba r bo s a f o i a B r a s í l i a ap r e s en t a r p r o j e t o que j á t e r i a
de s pe r t ado i n t e r e s s e de i n v e s t i do r e s e s t r ange i r o ss
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