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CIRCUITOMATOGROSSO
CIDADES
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CUIABÁ, 22 A 28 DE AGOSTO DE 2013
VÁRZEA GRANDE
De desenvolvimentista a decadente
Atual prefeito, que encontrou município falido, diz que oposição não o deixa governar e reclama de perseguição.
Por: Rita Anibal. Fotos: Pedro Alves
Na última década,
Várzea Grande entrou em
declínio econômico e
social. Despencou do
honroso 1º lugar de
cidade com maior Produto
Interno Bruto (PIB) de Mato
Grosso, a industrialização
não sustentou o
crescimento, a gestão
pública não investiu em
infraestrutura para
proporcionar serviços
diretos ao cidadão como
água e esgoto, deixando a
cidade num perfeito caos
urbano. Com dívida
acumulada de quase meio
bilhão de reais e com
menos de 15% da
população pagando
impostos, o prefeito
Wallace Guimarães
(PMDB) foi empossado em
1º de janeiro com um
quadro nada animador:
atraso na folha de
pagamento, greve de
servidores, inadimplência
altíssima e sem poder
contrair empréstimos por
ter atingido o índice maior
no grau de endividamento,
segundo a Lei de
Responsabilidade Fiscal.
Guimarães se queixa
das administrações
anteriores pelo descaso
total com a malha viária
da cidade e do
endividamento do
município. “Há oito anos
“Ou fecha com chave de ouro ou se
conforma como fracasso”, diz Júlio
Eleito pela primeira vez vereador depois de ter
tentado a Assembleia Legislativa de Mato Grosso, Pery
Taborelli (PV) ou simplesmente Coronel Taborelli, é a voz
ferrenha da oposição ao prefeito Wallace Guimarães.
“O prefeito diz que faço oposição a ele. Ele se engana:
faço oposição ao seu governo exercendo meu papel de
fiscalizador e ele não está preparado para comandar
uma cidade. Ele tem demonstrado isso desde o começo,
com a formação de seu secretariado. Os olhos e ouvidos
do prefeito são o seu secretariado e ele é muito
incipiente. Certos secretários não têm comprometimento,
alguns trabalham em outros municípios ou em suas
empresas. Imaginava que ele tivesse pulso mais firme,
pois para minimizar as demandas do povo encontramos
a inércia do secretariado”, explanou o vereador.
Taborelli diz: “Várzea Grande está na decadência, indo
para o caos, se é que já não chegou” e alega que tudo é
novo para ele e que está aprendendo com o povo nas
ruas, ouvindo e vendo a miséria em que se encontra o
cidadão, sentindo a ausência do serviço público, a
ausência de mecanismos para as pessoas trabalharem e
está sem entender como um Estado tão forte, tão rico,
esteja tão desestruturado. “Já fiz mais de 30 denúncias e
uma delas já foi transformada em Ação Civil Pública pelo
Ministério Público”. O vereador continua relatando que
as demandas, oriundas da sociedade, são infinitas e que
tem observado, na educação, que a merenda escolar
teve seus relatórios reprovados pelo TCE: “Não se tem
controle, não fazem o ‘feedback’ com as escolas. O
Conselho da Merenda Escolar não é respeitado.
Observamos uma série de vícios que prejudicam a
criança que está lá na ponta”, denuncia.
Questionado pelo
Circuito Mato Grosso
sobre as
ameaças de morte que propaga, enfatizou que “são
imposições dos grupos que vieram mandando na cidade
por décadas e décadas e não querem abrir mão do
poder para uma administração sadia. Também tem
outras pessoas que, embora novatas, adquiriram vícios
de desmando acreditando que basta entregar o mínimo e
a comunidade fica satisfeita. Esquecem que ela está mais
exigente!”
O decano Júlio
Campos, deputado federal
pelo Democratas (DEM), é
um dos expoentes dos
Campos que comandaram
Várzea Grande por
décadas. Essa hegemonia
iniciou-se quando da
emancipação da cidade
em 1948.
Questionado pelo
Circuito Mato Grosso
acerca da atual
administração, o deputado
disse: “Wallace
[Guimarães] pode consertar
Várzea Grande, mas é
preciso mais
responsabilidade na
gestão, ter uma equipe
melhor. Ele está com
algumas pessoas mal-
intencionadas. A sorte dele
é que não tem oposição.
Apenas o coronel Taborelli
[vereador] e de vez em
quando um ou dois
levantam a voz”.
Júlio Campos faz uma
análise sintética do
momento do atual prefeito:
“Ele foi eleito com apenas
1/3 dos votos, isto é, foi
eleito com a minoria, então
é preciso conquistar esses
2/3 da população que não
votaram nele com trabalho,
com responsabilidade. Um
dos graves defeitos dessa
administração é a constante
dispensa de licitação que
pode suscitar desconfiança
dos órgãos fiscalizadores
como o Tribunal de Contas
do Estado (TCE)”.
Filho da terra, Campos
conta que sua família está
na cidade está lá há mais
de 250 anos e que a
primeira pessoa a ser
registrada em Várzea
Grande foi sua avó. Seu
pai foi o primeiro prefeito e
vários membros da família
ocuparam o cargo de
mandatário, inclusive o
atual deputado. Com
‘lutas’ políticas polarizadas
inicialmente entre PSD e
UDN (depois Arena e
MDB), Júlio Campos esteve
sempre no comando do
grupo que hoje está
abrigado no DEM.
Relata o parlamentar
que quando foi prefeito
optou por uma gestão
técnica, adquirida pelo
trabalho que exercia na
Cepromat e contando com
o apoio do governador
José Fragelli. Nessa época,
a população passou de 15
mil para quase 45 mil
habitantes atraídos pela
chegada de várias
indústrias que foram
beneficiadas pelos
incentivos doados pelo
município. Assim, o ‘boom’
industrial e populacional foi
desencadeado e tornando
urgentes obras de
infraestrutura. Implantou o
abastecimento de água e
esgoto e foi chamado de
‘louco’ quando fez a
duplicação da via que liga
a ponte Julio Müller ao
Aeroporto Marechal
Rondon. Em 82, foi
candidato ao governo de
Mato Grosso e seu irmão,
Jayme, candidato a
prefeito de Várzea Grande,
o que gerou muitas
controvérsias, mas seu pai
falou a frase que definiria
as candidaturas: “Onde
senta um, sentam dois” e
acabaram sendo eleitos.
Recorda que Wallace
Guimarães foi candidato a
prefeito pelo grupo
liderado pelo deputado na
sucessão de Jayme
Campos e perderam por
apenas 560 votos, num
certame árduo. Na eleição
subsequente, o próprio
Júlio se candidatou: “Perdi
feio, por mais de 23 mil
votos!”, lembra o
parlamentar.
Quanto ao futuro da
administração de Wallace
Guimarães, Júlio expõe seu
desejo do que espera do
atual prefeito: “Espero que
ele faça um choque de
gestão para que possa
fechar sua administração
com chave de ouro ou se
conformar com o fracasso”.
que Várzea Grande não
vinha fazendo nem tapa-
buraco”, justificou. Relata
Guimarães que o
Consórcio do VLT e a
Secretaria Extraordinária
da Copa (Secopa) só
agora estão fazendo
compensações.
O prefeito reclama
das denúncias feitas por
parte dos adversários e até
da imprensa local e se diz
alvo de perseguições na
Câmara e por parte de
antigos políticos do
município. “O que está
tentando prevalecer na
cidade é um denuncismo
vazio do coronel Taborelli,
que é um vereador e hoje
se confunde com coronel e
trata o cidadão várzea-
grandense com
desrespeito. Na verdade,
ele não trabalha, não faz
um projeto, uma indicação
e fica só denunciando”,
relatou à imprensa.
Guimarães conta com a
maioria da Câmara
Municipal, tendo apenas
uma voz de discordância,
o que significa que
qualquer projeto enviado à
apreciação seria, em tese,
aprovado quase que por
unanimidade.
Wallace também vem
sendo alvo do Tribunal de
Contas do Estado (TCE).
Recentemente o Pleno
homologou medida
cautelar de autoria do
conselheiro substituto Luiz
Henrique Lima
determinando que a
Prefeitura de Várzea
Grande não prorrogue o
contrato n° 17/2013 de
locação de veículos leves,
caminhonetes e
motocicletas. O contrato
foi firmado com a
empresa Ribeiro Serviços e
Locações Ltda com
dispensa de licitação.
Segundo o relator, o
contrato mencionava a
locação de 45 veículos
para atendimento das
secretarias municipais e,
após verificação, ficou
constatado que a empresa
possuía apenas um
veículo. Luiz Henrique
explica que de acordo
com a Lei de Licitações,
serviço de natureza
contínua deve ser objeto
de licitação e “a
emergência pode se
justificar uma única vez,
depois disso, deixa de ser
uma emergência para ser
uma rotina, além do que
não é possível prorrogar
nem fazer outra dispensa
de licitação com o mesmo
objeto”.
Outra contratação
polêmica foi a de
fornecimentos de serviços
de ‘buffet’ ao custo total
de R$ 850 mil, cujo
cardápio incluía frutos do
mar e bebida alcoólica,
enquanto os garis do
município sofreram corte
do almoço por parte da
Prefeitura.
Wallace se defende
das contratações sem
licitação: “Fiz os
emergenciais necessários
que a prerrogativa da lei
me permite. Eu assumi a
gestão sem nenhum
contrato vigente, sem
nenhum contrato para
trabalhar. Como eu ia
colocar, no dia 20 de
fevereiro, os alunos nas
salas, sem merenda
escolar? Nenhum pregão
eletrônico, por mais
eficiente que seja, é
realizado em menos de 60
dias. Eu fiz os emergenciais
na merenda escolar.
Agora, pela primeira vez
na cidade de Várzea
Grande, após os
emergenciais, fizemos
pregão eletrônico. A
mesma pessoa que me
criticou porque fiz o
emergencial me criticou
porque fiz o pregão. É
denuncismo apenas”.
Coronel Taborelli: o
‘xerife’ da oposição
População continua sofrendo com ineficiência dos serviços públicos
Aécio Lopes de Souza abriu uma
lanchonete na principal avenida
do bairro São Mateus há uma
semana. Além da poeira, a frente
do comércio sofre com o mau
cheiro que vem das galerias
pluviais provenientes das ligações
clandestinas de esgoto.
A dona de ca s a Va r de l i r a Mac i e l
L e i t e , mo r ado r a há 16 anos no
ba i r r o , d i abé t i c a , não e n c on t r a
r eméd i o d i s pon í v e l no s po s t o s de
s aúde . Va r de l i r a p r e c i s ou en t r a r
com ped i do na De f en s o r i a Púb l i c a
pa r a con s egu i - l o , ma s a t é ago r a
não f o i a t e nd i da .
L u i s Ca r l o s Ol i v e i r a , mo r ado r
do Chapéu do So l , t e rmi nou o
en s i no méd i o e e s t á
de s emp r egado . E l e pen s ou em
s e muda r pa r a Rondôn i a ,
p r o c u r ando no v o s c am i n ho s ,
ma s e s t á s em d i nhe i r o pa r a
ban c a r o s c u s t o s da v i agem.
P r e f e i t u r a de Vá r z ea
Gr and e qu e ab r i gou
g e s t o r e s
d e s c omp r ome t i do s
c au s ando p r e j u í z o s
pa r a a popu l a ç ão
Pr e f e i t o Wa l l a c e
Gu i ma r ã e s ,
c u j a s c omp r a s
s ão ma i o r i a com
d i s p e n s a d e
l i c i t a ç ã o
A ún i ca voz da opos i ção é do v e r eado r T
ã o é do v e r eado r Tabo r e l l i ;
abo r e l li
Câma r a t em qua s e t o t a l i dade a l i ada ao p r e f e i t o
Câma r a t em qua s e t o t a l i dade a l i ada ao p r e f e i t o
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