Luiz Marchetti é cineasta
cuiabano,
mestre em design em arte
midia, atuante na cultura de
Mato Grosso e é careca.
CULTURA
Por Luiz Marchetti
Fotos: Luiz Marchetti/ Rai Reis
CUIABÁ, 3 A 9 DE ABRIL DE 2014
DEIZE ÁGUENA
do TRIO
BRASILIS
SOLTA A VOZ
NO MÊS DA
MULHER
MUSEU DEARTE DE MATO GROSSO: ESTEACERVO É NOSSO
Num
çhacobolo
a antiga Residência dos Governadores se tornou nesta quarta o
MUSEU DE ARTE DE MATO GROSSO com exposição das obras do acervo da
PINACOTECA DE MATO GROSSO. Que bonito, voltei à residência onde Vovó
Milóca
(Professora Almira de Amorim Leite da Silva) trabalhava como dama de companhia de
várias primeiras-damas do Estado. A professora, ex-diretora da Escola Modelo, que
tanto promovia educação cívica, foi quem me apresentou cada canto deste lugar. O
retorno do acervo artístico de Mato Grosso para a visibilidade popular é um presentão
para Cuiabá, para o acervo do Estado é um mercado turístico fundamental e, para a
classe artística, mais uma ferramenta da indústria criativa. Para mim, uma viagem ao
futuro de melhores-tempos-já tivemos-e-melhores-tempos voltarão. Para a SEC do
Estado de Mato Grosso: aplausos. INFO: (65) 3613 0229
O aniversário da capital é no dia 8 de abril, mas a festa começa antes. É a abertura da
Exposição Fotográfica CUIABÁ SOB O OLHAR DE RAI REIS
na
noite de 7 de abril às 19h. Parabéns à Prefeitura de Cuiabá por agregar à gestão MAURO MENDES a exposição e o lançamento do livro de um
profissional respeitado e admirado por todos que aqui investem suas vidas, impostos e votos. É um lançamento imperdível.
OLHAO PASSARINHO!
Um casamento de décadas. Fotógrafos vêm e
vão, uns clicam, uns mudam o foco e outros
deixam de namorar. Cuiabá registra todos seus
amantes passageiros, rodados num flash e fincados
em álbuns de família com papel-manteiga. Traições?
Cuiabá teve seu filme queimado em diversos
romances, são inúmeras traições e manipulações
com marcas indeléveis e mais profundas que
buracos em asfalto de meia copa inteira. Quantos
líderes, artistas e comunicadores você vê hoje
cuspindo no prato cheio de
ontens
fartos? Papear
com Rai Reis no seu estúdio fotográfico ali na
Praça da Mandioca, ou em seu
cafofo
à beira do rio
Coxipó, é outra história, Rai Reis tem uma
característica incomum em dias de obras e
transtorno: positividade. Há um constante
agradecimento por estar vivendo e aprendendo com este momento da cidade atual.
Por cima de frustrações de um ideal da Copa que jamais chegará, o olhar de RAI
REIS fita. Ele paira, contrai e se concentra num paraíso por entre esquinas, na
curva apertada do Centro Histórico ou no frio concreto do novo viaduto do
Despraiado. Um olhar que insiste no fazer bonito. Ele
bobageia
que nasceu em
Cáceres e que os filhos são daqui, mas ao conversar com as fotografias desse
olhar tão afiado você vai sentir o verdadeiro berço deste artista. Vamos comemorar
juntos! Você está convidado para o aniversário da Capital na Casa Barão de
Melgaço, na ACADEMIA MATO-GROSSENSE DE LETRAS (AML). O aniversário é
no dia 8, mas a comemoração abre na noite de 7 de abril às 19h. É a abertura da
Exposição Fotográfica
CUIABÁ SOB O OLHAR DE RAI REIS,
que fica aberta
até dia 21 de abril. Entrada franca para todos os apaixonados por Cuiabá. Na noite
de abertura da Exposição acontecerá também o lançamento do livro do fotógrafo.
O livro e a novíssima exposição de RAI REIS contam com o patrocínio da
Secretaria Municipal de Cultura e Prefeitura de Cuiabá.
Bora todo mundo lá!
INFO: (65) 3321 3338 e 9982 4290
Marília Beatriz
(Mestre em Comunicação e Semiótica e ocupante da cadeira nº 2 da AML)
Há pouco tempo minha terra menina que vai fazer 295 anos estava tão
apresentável, aconchegante, alvissareira.
Agora fico buscando o apresentável nas águas nem tão claras dos córregos que
banhavam Cuiabá, o aconchegante nas folhas das mangueiras, nos cajueiros em flor,
nas sombras das árvores que fazem parte do solo cuiabano investigo o promissor no
canto dos sabiás, dos trinca-ferros, nos voos das garças, em que lugar está tudo isso?
Derrubaram tantas árvores e para quê? PROGRESSO!
Como posso mensurar o amor por esta terra que sabe receber mineiros, gaúchos,
cariocas de braços abertos? Que lugar encantado é este que oferece bolo de arroz,
francisquito, que tem uma gastronomia afetuosa? Gastronomia afetuosa que releva o
prazer do espírito ao saber do paladar. Que espaço singular é este que tem
monumentos inusitados como MARIA TAQUARA ou que derruba sem explicação as
TRÊS GRAÇAS em frente à Igreja São Judas Tadeu?
O espaço cuiabano sempre foi uma porta aberta, uma área pontuada por
construções coloniais marcando a vivência de personagens. Na Rua de Baixo
QUE PENACUIABÁ: ESPAÇODE CONTRADIÇÕES
conviveram, entre outros cidadãos, Gervásio Leite, Jamil Nadaf e Benedito Gabriel
com sua Farmácia Universal, na Rua do Meio marcaram presença o renomado
fotógrafo Lázaro Papazian, o estilo educado e cordial do alfaiate Macieski, e na Rua de
Cima morava a família Rachid Jaudy que deu como fruto a excelente atriz que atuou
com Liu Arruda – Claudete Jaudy, o museu de Ramis Bucair e o Cine Bandeirantes,
local frequentado pela nata cuiabana. Cuiabá delineava o seu espaço como um portal da
urgência dos afetos.
Hoje sinto pena de nossa cidade. Ela é sítio de buracos, escavações. Vejo gente
levando calote com as tais das desapropriações, comerciantes sem lucro, calçadas
inexistentes. Entregam obras para em seguida aparecer falhas e prejudicar o trânsito.
Como disse o grande pensador Paul Virilio: “A representação da cidade contemporânea,
portanto, não é mais determinada pelo cerimonial da abertura das portas...”. Se é desse
modo que as coisas prosperam, o ritual de abrir o acesso não necessita mais de
tambores. Creio que daqui para frente nossa Cuiabá querida depende do apoio, do
apreço e do cuidado de cada um de nós. Que as tramas sejam tecidas pela atenção
afetuosa e pela esperança, e que os espíritos de Dom Aquino, Ricardo Franco, Rubens
de Mendonça e Gervásio Leite, guardiões da cultura aqui nascida, protejam Cuiabá e
derramem sobre ela o festejar dos 295 anos.