CIRCUITOMATOGROSSO
CUIABÁ, 14 A 20 DE NOVEMBRO DE 2013
PANORAMA
P
G
4
JOGOS INDÍGENAS
Garra, cores e sons marcam evento
A importância do encontro ultrapassa a demonstração de força, habilidade, destreza, velocidade e cumprimento de regras.
Por: Sandra Carvalho. Fotos: Mary Juruna
O atacante Patric, que
obteve destaque em sua
passagem pelo Mixto, de
Cuiabá, está fazendo
sucesso no futebol
japonês. Contratado em
julho de 2013 pelo
Ventforet Kofu, clube da
cidade de Kofu, capital da
província de Yamanashi,
Patric já havia passado
anteriormente pelo
Kawasaki Frontale,
também do Japão, e
agora se firma como um
dos artilheiros do Kofu,
com sete gols na
temporada.
Antes de chegar ao
Japão, Patric teve
destaque no Vasco da
Gama (RJ), Vila Nova e
Atlético Goianiense, times
onde marcou muitos gols.
O atacante passou ainda
por Santa Cruz (PE),
Salgueiro (PE), Democrata
(MG) e Americano (RJ).
O Ventforet Kofu
registrou um grande salto
de qualidade com a
chegada de Patric, em
julho. A evolução na J-
League ajudou o time de
Kofu a deixar para trás a
zona do rebaixamento, da
qual já abriu seis pontos,
e os gols e assistências de
Patric têm sido
fundamentais para esta
melhoria. Outro exemplo
que mostra a importância
da contratação de Patric
pelo time de Kofu é o
retrospecto de vitórias
sobre times mais bem
colocados na tabela de
classificação. Nos 13
jogos com Patric em
campo, o Kofu venceu o
Sanfrecce Hiroshima (3º),
o Cerezo Osaka (5º) e o
Kashima Antlers (4º) e
empatou com Urawa Red
Patric, ex-Mixto, faz sucesso no Japão
FUTEBOL
Diamonds (2º) e
Yokohama F. Marinos
(1º). Nos mesmos 13
jogos, Patric marcou
quatro gols (contra
Kashima Antlers, Jubilo
Iwata, Shonnan Bellmare e
Shimizu S-Pulse) e deu
uma assistência (contra o
Cerezo Osaka).
Patric chegou ao
Ventforet Kofu depois de
uma curta temporada no
Kawasaki Frontale, dos
também brasileiros Jéci e
Renatinho. No time de
Kawasaki, Patric marcou
três gols em oito jogos.
Cores, sons, danças,
ritos e a história do Brasil
são elementos que dão o
tom aos XII Jogos dos
Povos Indígenas realizados
na região do bairro Sucuri,
em Cuiabá. Pelo menos
1.600 atletas de todo o
país, incluindo 18 outros
territórios do mundo,
vieram disputar mais de
uma dezena de
modalidades, a maioria
da própria cultura
indígena.
As competições
tiveram início com o
futebol tradicional (única
modalidade esportiva não
indígena). As disputas
envolveram 79 times,
sendo 40 masculinos e 39
femininos nos campos de
futebol da Morada do
Ouro, CPA 4 e Moinho. O
Estádio Eurico Gaspar
Dutra é palco da grande
final.
O evento conta
também com atividades
esportivas típicas dos índios
como canoagem, arco e
flecha, cabo de força,
arremesso de lança,
corrida de 100 metros, de
fundo, de tora e natação.
Além dos jogos de
competição, também
estarão sendo realizados
jogos nativos de
demonstração, como o
CORRIDA DE TORA - Até a oitava edição dos Jogos
a corrida de tora integrava apenas as Modalidades
Demonstrativas. A partir da nona edição, no entanto, ela
passou a fazer parte da competição. Para tanto as toras
foram padronizadas – 80 cm de comprimento com 50 cm
de diâmetro. A tora é colocada então sobre os ombros do
corredor e conduzida individualmente com grande
velocidade. Os outros integrantes da equipe podem auxiliar
o corredor no equilíbrio da tora sobre o mesmo. A
passagem é dinâmica e o condutor da tora realiza um giro
colocando-a sobre o ombro do companheiro. A equipe de
cada etnia é formada por 12 corredores e três reservas.
ARCO E FLECHA - Cada etnia pode inscrever
apenas dois índios. Cada um deles tem direito a três
flechadas em direção a um alvo (desenho de um peixe)
que está localizado a 30 m do arqueiro. Ganha mais
pontos quem acertar mais próximo do olho do peixe.
ZARABATANA - É uma prova individual na qual o
participante se posiciona a 20 ou 30 metros do alvo –
normalmente uma melancia pendurada em um tripé. O
objetivo é atingir o alvo o maior número de vezes. A
zarabatana é uma arma artesanal parecida com um
cano de aproximadamente 2,5 metros de comprimento.
No orifício do cano (de madeira) se introduz uma
pequena seta de 15 centímetros. Os índios usam bastante
a zarabatana para caçar aves, já que ela é silenciosa e
precisa.
Evento foi uma luta
dos irmãos Terena
Durante
muitos anos
ninguém quis
saber quem eram
os índios que
viviam por aqui,
de que forma eles
viviam, onde
viviam e muito
menos se
interessaram em
saber quais eram suas práticas esportivas e culturais. Essa
falta de interesse perdurou por muitos e muitos anos. Por
conta disso, fazer com que organismos políticos e sociais
abraçassem a ideia da realização de um evento esportivo e
cultural para os índios foi uma missão que durou longos 16
anos para os irmãos Carlos e Marcos Terena.
Juntos eles idealizaram e planejaram as Olimpíadas
Indígenas e em 1980 começaram a percorrer os gabinetes
dos dirigentes esportivos governamentais levando a proposta
para a criação do evento. A persistência dos irmãos foi
determinante para a realização dos Jogos.
Em 1996, com o surgimento do Ministério
Extraordinário de Esportes e Turismo, a proposta foi aceita
pelo então ministro da época, Edson Arantes do
Nascimento, o Pelé. E assim, na tarde de 16 de outubro
daquele mesmo ano, teve início na cidade de Goiânia o I
Jogos dos Povos Indígenas. Para celebrar o início do evento,
o Povo Krahô, de Tocantins, atritou pedras provocando a
centelha que por sua vez faria nascer a primeira “chama
olímpica” dos Jogos. Estavam abertas as Olimpíadas
Verdes. Aquela edição contou com a participação de 600
indígenas de mais de 24 etnias. Desde 2005 os Jogos vêm
sendo realizados de dois em dois anos, sempre no segundo
semestre. (Com Assessoria)
Yamurikumã, uma
tradicional luta.
Segundo os
organizadores, a
importância do encontro
ultrapassa a demonstração
de força, habilidade,
destreza, velocidade e
cumprimento de regras.
Porém, não se pode
esquecer que o centro de
integração de tudo isso é o
esporte. E como forma de
organizar as modalidades,
os promotores dividiram as
mesmas em três categorias:
Modalidade de
Integração, Modalidades
Demonstrativas e
Modalidade Ocidental.
A Modalidade de
Integração Indígena
inclui arco e flecha,
arremesso de lanças,
canoagem, cabo de força
e corrida de tora. Os
atletas também disputam
corridas de velocidade
(100 m e 4 x 100 m),
corrida de resistência e
natação. Já as lutas
corporais fazem parte da
categoria Modalidades
Demonstrativas e o futebol
de campo, da Modalidade
Ocidental.