EDIÇÃO IMPRESSA - 466 - page 14

CIRCUITOMATOGROSSO
CUIABÁ, 14 A 20 DE NOVEMBRO DE 2013
CULTURA EM CIRCUITO
PG 2
ENEAGRAMA
TENDÊNCIAS
Por Edmilson Eid
Edmilson é arquiteto e
festeiro oficial da
Praça Popular
CHUVAS DE VERÃO
CALDO CULTURAL
Por João Manteufel Jr.
João Carlos Manteufel,
mais conhecido como João
Gordo, é um dos publicitários
mais premiados de Cuiabá
Verão é a estação em
que acontecem as
maiores chuvas no nosso
país. Chuvas com
grandes intensidades e às
vezes catástrofes que
muitas populações sofrem
com o assento em locais
de risco ou por
construções mal
projetadas.
O telhado é o grande
vilão quando o caimento
não tem a inclinação
desejada ao receber este
fluxo intenso de águas ou
quando as calhas são
mal dimensionadas.
evitando o escoamento
completo da vazão
necessária.
Ao construir, escolha
a telha certa, além de
saber que a inclinação
pode evitar a infiltração.
Outra dica é a limpeza
constante das calhas e do
telhado. Folhas e sujeiras
podem entupir o sistema
causando muitos
problemas como as
goteiras e outras
infiltrações não
desejadas.
Atenção para a área
externa que vai receber
esse volume de água. É
preciso que haja
inclinação do piso para
escoamento até a rede
pública de coleta.
Ecologicamente
correto na nova
construção é que haja
caixas de coleta para
águas das chuvas;
armazene para o uso em
vasos sanitários e para
regar os jardins.
Com essas dicas você
estará sendo resguardado
das chuvas de improviso
da estação das chuvas: o
verão.
Esses dias tomei banho de
chuva com meu filho. Uma
sensação inexplicável.
Corríamos como dois cachorros
em pleno quintal, em meio a
raios, trovoadas e gargalhadas.
Claro que a felicidade
incomoda muita gente, muitos
dos moradores fecharam a
janela, outros olhavam pra nós
dois com ar de reprovação.
Mas especialmente numa
janela, uma senhora, no auge
dos seus 60 anos, sorria. Sorria
para gente como se lembrasse
de algo agradável.
A infância da gente é um
grande baú. Seu sorriso me fez
lembrar da minha casa, na rua
Santa Teresinha, em
Montenegro. E mais
precisamente de meus vizinhos
de frente, os primeiros avós que
tive na minha vida. Naquela
época as crianças eram mais
soltas, diferentes de agora.
Lembro bem que desde 4 ou 5
anos circulava quase como um
adolescente pela rua. Coisa
inimaginável nos dias de hoje. E
eu sumia principalmente nos
dias de chuva.
Os motivos e os locais das
minhas sumidas nos dias de
chuva não eram ocasionados
pelos trovões e não eram tão
secretos. Dona Geni sempre
fazia bolinhos de chuva que
eram absolutamente uma
delícia. Gordinho como sou,
quase rezava para chover, só
para saborear os bolinhos da
Dona Geni. Mal terminava de
comer os docinhos atravessava
pelo portão lateral do quintal,
sim geração y, antigamente
havia portão para passar de
quintal para quintal, e já
chamava pelo meu guru. Nessa
casa moravam o Seu Motta e
Dona Nair. Seu Motta um
verdadeiro playboy. O primeiro
a ter um Fusca na cidade.
Vaidoso que só, pintava
cabelos, bigodes e
sobrancelhas. Ia de cavalo para
o Baile, tinha passado o ferro
em metade da cidade, contava
mil e uma histórias. Entre uma
conversa e outra, Seu Motta
abria uma Malzebier. Ah, como
era gostosa aquela Malzebier.
Tinha cor de Coca-Cola, mas
um sabor amargo. Dona Nair,
que perdoava as escapadas de
seu Motta por ter conta de ter
perdido os dois seios numa luta
contra o câncer de mama,
sempre brigava.
– Motta, como vai dar
cerveja para um menino?
Totalmente politicamente
incorreto. Mas naquele tempo
eram outros tempos.
– Papai, deve ser por isso
que você toma tanta cerveja –
interrompe minha história meu
príncipe amado.
Aquela rua Santa
Teresinha, que alagava nos dias
de enchente, que era de chão
batido, que tinha um banhado
fedido perto, só me traz boas
recordações. Minha amada
mãe, e suas brincadeiras. A
Zimba, pastor alemão que
pulava o muro. O amigo João
Batista. Meu pai e sua corrida
louca para ficar rico. Não ficou
rico. Nem tomou banho de
chuva comigo.
– Papai. Eu não quero
mais que você beba cerveja. Aí
te dou um cofrinho e você põe
todas as moedinhas dentro.
Depois eu compro um presente
pra você, o que eu quiser, tá
bom?
Eram outros tempos.
Agora, os 3 Joãos, eu, meu pai
e Joãozinho, estamos sentados
debaixo da mangueira,
esperando a próxima chuva
cair.
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