CIRCUITOMATOGROSSO
PANORAMA
P
G
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CUIABÁ, 14 A 20 DE NOVEMBRO DE 2013
CESTA BÁSICA
Na contramão dos itens que compõem a lista, leite e farinha apresentaram alta de 26% e 32%, respectivamente.
Por Camila Ribeiro. Fotos: Mary Juruna
Preço médio retrai 10% em 2013
Pesquisas realizadas
pelo Departamento
Intersindical de Estatística e
Estudos Socioeconômicos
(Dieese) apontam que, no
acumulado de 2013, o
preço médio da cesta
básica no Brasil registrou
queda de 10,4%. Em
setembro passado, por
exemplo, mês em que foi
divulgado o último
levantamento, a média
paga pelo brasileiro pela
alimentação básica era de
R$ 257,99. Embora não
esteja entre as capitais do
SUBIU
Farinha – 32,2%
Leite – 26,3%
Pão – 15%
Manteiga – 1,9%
DESCEU
Tomate – -63,5%
Batata – -30,2%
Banana – -27,4%
Óleo – -14,5%
Café – -9,9%
Açúcar – - 5,2%
Carne – -4,3%
Arroz – -2,2%
ENQUETE
*Valores da média nacional
“Cos t umo pech i nchar em d i f e r en t es
umo pec
mercados. Mesmo porque nos casos de
verduras e legumes a gente encontra
diferenças grandes no preço. A gente tem
que procurar para tentar economizar ao
máximo” - Paulino Hungria – pedreiro
“ Eu c o s t umo s ub s t i t u i r um p r odu t o
quando o p r e ço e s t á s a l gado . A ca r ne ,
por exemp l o , se o p r eço sobe a gen t e
pas sa a come r ma i s o f r ango , a ca r ne
de po r co . Lá em casa é as s im, o p r eço
sobe , a gen t e j á muda o ca r dáp i o” . -
Telma de Moura – dona de casa
“Ge r a lmen t e eu ob s e r vo o p r e ço da s
c o i s a s , p r i n c i pa l me n t e da c a r n e , do
a r r oz , do f e i j ão , que s emp r e a gen t e
v ê que o s p r e ço s e s t ão s ub i ndo .
Ape s a r de s e r em a l imen t o s bá s i co s ,
t emos que f i ca r a t en t os ao p r eço” . -
Antonio Luiz – funcionário público.
Em MT, alta no pão é o
???? da média nacional
Ainda no rol dos itens
que apresentaram altas
está o pão. Em Mato
Grosso, no entanto, o
aumento no acumulado
deste ano foi bem maior
do que a média registrada
nacionalmente: enquanto
no país a elevação foi de
15%, no Estado a
variação chegou a 77%.
Este é um dos reflexos da
falta do trigo – uma das
principais matérias-primas
da panificação – e que,
segundo dados do
Sindicato das Indústrias de
Panificação e Confeitaria
(Sindipan-MT), está 120%
mais caro que no início
deste ano.
Outro fator que
contribui para que o
pãozinho fique com o
preço mais salgado é o
fato de a produção
brasileira de trigo não
conseguir atender toda a
demanda do país. De
acordo com a Empresa
Brasileira de Pesquisa
Agropecuária (Embrapa),
o Brasil produzirá 5
milhões de toneladas de
trigo, ao passo que
consumirá 11,2 milhões
de toneladas,
transformando o país no
segundo maior importador
do produto no mundo,
perdendo apenas para o
Egito.
“A maior parte do
trigo é importada,
principalmente da
Argentina, e a partir de
maio houve uma variação
no preço dólar, o que
aumentou o preço do
produto importado. Fica
mais caro trigo, fica mais
caro o pão”, assinalou o
economista Emanuel
Daubian.
É pesquisando que se gasta menos
Em uma passada
rápida por supermercador
da Capital é possível
observar que ainda
existem diferenças de
preços consideráveis em
relação a um mesmo
produto. Em alguns casos,
itens que compõem a
cesta básica (como
tomate, batata e banana)
podem apresentar
variação de até 30% entre
um estabelecimento e
outro. A saída neste caso
é pesquisar.
Segundo Emanuel
Daubian, a população,
especialmente aquelas de
classe mais baixa, está
bastante atenta aos preços
dos produtos. “Às vezes,
se leva em conta mais o
preço do que a
qualidade. Qualquer
elevação do preço
imediatamente faz com
que a pessoa diminua o
consumo ou substitua por
outro”, revela Daubian.
Atenta, Iracema
Rodrigues revela que
pesquisa bastante antes de
fazer a compra do mês.
“Às vezes faço a compra
do mês em um mercado e
vou comprando ‘coisinhas
picadas’ que vejo que
estão mais baratas em
outros. Eu analiso tudo e
não compro em mercado
de bairro que eu sei que é
mais caro. Compro uma
coisinha ali, outra aqui,
mas não desvio do meu
trajeto, porque senão
acabo gastando mais com
o combustível”, declara a
aposentada.
Por fim, Daubian
completa dizendo: “Hoje
em dia está mais fácil
economizar. Você pode
pesquisar preços nos
folhetos, ver o anúncio na
TV e assim verifica o local
que está com preço
melhor”. E como bem
disse a dona Iracema, só
não vale procurar locais
muito distantes uns dos
outros, porque a
economia que iria ter com
as compras o consumidor
acaba perdendo com o
deslocamento.
país onde as aferições são
feitas, Cuiabá segue
basicamente os mesmos
valores da média
nacional, segundo afirma
o economista e professor
da Universidade de
Cuiabá (Unic) Emanuel
Daubian. Isto acontece,
segundo ele, porque a
localização das cidades
não é fator determinante
para estipular os valores
dos produtos.
Não existe ao certo
consenso sobre quais itens
compõem a cesta básica,
a maioria das pesquisas,
no entanto, costuma
elencar 13 gêneros
alimentícios (carne, leite,
feijão, arroz, farinha,
batata, tomate, pão, café,
banana, açúcar, óleo e
manteiga), a fim de
‘monitorar’ os preços dos
produtos considerados
essenciais na alimentação
humana.
Ao longo deste ano,
quase que a totalidade
destes itens apresentou
variação negativa,
contribuindo para que
houvesse retração no valor
pago pela cesta básica. O
pão, o leite e a farinha,
no entanto, tiveram altas
significativas. Este último
produto, por exemplo,
teve aumento de 32,2%.
“A farinha depende da
mandioca, que é
produzida pelo pequeno
produtor. O que tem
acontecido ultimamente é
que uma boa parte das
terras desses pequenos
produtores está sendo
comprada pelos grandes
produtores de cana, soja,
milho, algodão”, relata o
professor, ao explicar que
a consequência da
redução na área plantada
pelo pequeno produtor é
também a redução da
oferta, o que acaba
gerando a elevação do
preço da farinha.
Com aumento de
26,3%, o leite também é
um dos produtos que
apresentou elevação
significativa ao longo dos
últimos nove meses. Em
setembro, por exemplo, o
consumidor brasileiro
desembolsou média de R$
2,93 para comprar um
litro do produto. Daubian
assegura que, neste caso,
a alta pode ser atribuída
a um período de seca
muito grande que atingiu
boa parte dos estados
produtores de leite. “Com
a escassez das chuvas, o
pasto não cresce, os
animais se alimentam de
forma irregular, produzem
menos e a oferta do leite
cai, aumentando seu
preço”, explica o
economista.
P r i nc i pa l : Boa pa r t e do s i t en s que compõem a ce s t a bá s i ca t e v e va r i ação
nega t i v a , con t r i bu i ndo pa r a que o con s umi do r ga s t a s s e meno s
E c onom i s t a Emanu e l Daub i an d i z qu e l o c a l i z a ç ão
da c i dade não é f a t o r p r imo r d i a l pa r a de f i n i r os
p r e ç o s do s p r odu t o s
I r acema Rod r i gue s d i z que e s t á s emp r e a t en t a aos
p r eços e pe s qu i s a ba s t an t e an t e s de enche r o
c a r r i n ho d e c omp r a s