CIRCUITOMATOGROSSO
PANORAMA
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CUIABÁ, 18 A 24 DE JULHO DE 2013
REFLORESTAMENTO
Cerca de 120 mil hectares de eucalipto de reflorestamento econômico estão plantados em Mato Grosso.
Por: Diego Fredericci. Fotos: Pedro Alves
Cada três hectares gera 2 empregos
BIENAL
Evento discutirá temas importantes para o agronegócio
Trata-se de uma vitrine em que serão debatidas questões estratégicas do meio rural
A Bienal dos
Negócios da Agricultura
Brasil Central, realizada
nos dias 8 e 9 de agosto
em Cuiabá, no Cenarium
Central, evidenciam a
importância da área na
região Centro-Oeste que,
juntamente com o Distrito
Federal, exportou 9,9
milhões de toneladas de
soja de janeiro a maio
deste ano, o equivalente a
51% das 19,6 milhões de
toneladas embarcadas
pelo Brasil no mesmo
período. Os dados são
da Secretaria do
Comércio Exterior (Secex).
A Bienal é uma vitrine
do agronegócio em que
serão debatidas questões
estratégicas do meio rural
como biossegurança,
royalties, política agrícola,
sucessão familiar, logística
e apagão de mão de
obra, entre outros. Além
disso, o evento vai
mostrar como aproveitar
as oportunidades do
setor. A feira é bianual e
acontece rotativamente
nas capitais dos Estados
do Centro-Oeste. A
anterior aconteceu em
Goiânia e agora é a vez
da capital mato-
grossense. A próxima
edição será realizada em
Mato Grosso do Sul.
Para o coordenador
geral do evento e
presidente da Federação
da Agricultura e Pecuária
de M ato Grosso
(Famato), Rui Prado, a
Bienal é uma boa
oportunidade de gerar
conhecimento.
“Queremos reunir os
produtores rurais da
região em torno das
características e desafios
que os unem para dar
visibilidade às suas
reivindicações. A Bienal
foi planejada para ser um
evento de vanguarda e
formar a opinião dos
produtores rurais sobre
questões estratégicas para
o futuro do agronegócio.
A ideia é não trazer só
informação, mas sim
gerar conhecimento para
o produtor rural do Brasil
Central”, diz ele.
Segundo o diretor
executivo da Famato,
Seneri Paludo, além de
debater os assuntos que
estão em pauta no
agronegócio, a Bienal
também irá olhar para o
futuro do setor.
“No caso da captura
de royalties, por exemplo,
iremos discutir como as
empresas farão as
cobranças sob novas
tecnologias no futuro, já
que é preciso debater um
modelo de captura de
valor que remunere quem
faz a pesquisa, mas que
também seja justo com
quem está pagando”,
comenta Paludo.
Segundo o presidente
da Federação de
Agricultura e Pecuária de
Goiás (Faeg), José Mário
Schreiner, a falta de mão
de obra no campo
também será destaque no
evento. “Temos que
encontrar soluções para
resolver os problemas com
a falta de mão de obra
especializada. A
tecnologia está cada vez
mais avançada no setor e
precisamos de pessoal
com conhecimento,
habilidade e vocação
para trabalhar no
agronegócio. Buscaremos
alternativas para conseguir
manter estes talentos no
campo”, destaca
Schreiner.
Dados da
Associação Brasileira
de Produtores de
Florestas Plantadas
(Abraf) apontam que
áreas destinadas a
reflorestamento para
fins econômicos podem
ser uma boa opção de
emprego, tanto no
campo quanto na
indústria. Em média,
Pesquisadores opinam sobre reflorestamento
Para o doutor em
Ciências Florestais e
coordenador da pró-
reitoria de pesquisa da
Universidade Federal
de Mato Grosso
(UFMT) Reginaldo Brito
da Costa, uma árvore
em pé pode trazer mais
benefícios – incluindo
econômicos – do que
derrubada.
Especialista em
genética de espécies
arbóreas, ele afirma
que deve haver um
investimento cada vez
maior em áreas que
serão plantadas, e que
os ganhos genéticos
das espécies podem
trazer muitos benefícios
para essas atividades.
“O ganho
genético pode ser
ganho em dinheiro.
Este recurso pode fazer
com que uma árvore
tenha um volume
maior de madeira, nos
casos em que se visam
sua extração, ou até
numa maior
quantidade de folhas.
Há espécies que são
muito mais
interessantes de se
extrair as folhas do
que as madeiras. A
árvore plantada, para
extração da folhagem,
pode render muito mais
do que cortada. A
indústria de não
madeiráveis, com o
advento da pesquisa
genética, tem um grande
potencial a ser
explorado”. Já o
coordenador-adjunto do
Instituto Centro Vida
(ICV), Renato Farias, diz
que o reflorestamento
para fins econômicos em
si não é um problema
ambiental, desde que
verificadas algumas
práticas de plantio e
manejo florestal.
“Observamos que
cada hectare plantado
para esse fim resulta em
0,68 empregos diretos e
indiretos, ou seja, três
hectares gerariam dois
novos postos de
boa parte do
reflorestamento para
fins econômicos se dá
pela monocultura. O
problema desse sistema
é que a monocultura
não respeita os
ambientes naturais. Um
sistema de
biodiversidade numa
área de monocultura
não é como um
ambiente natural. É
preciso fazer
planejamento para
preservar as águas
dessas localidades, pois
geralmente esses locais
acabam se
degradando”, diz ele.
trabalho,
aproximadamente.
Fausto Hissashi
Takizawa, presidente da
Associação de
Reflorestadores de Mato
Grosso (Arefloresta),
afirma que existem
campos reflorestados em
todo o estado, desde
Alta Floresta, 812 km de
Cuiabá, no norte, até
Rondonópolis, distante
215 km da capital, na
região sudeste, e que
vários segmentos da
indústria utilizam-se dos
benefícios econômicos
do corte da madeira
reflorestada. “A teca
(tipo de árvore nativa de
florestas tropicais) e o
eucalipto são largamente
utilizados para obtenção
de energia,
principalmente na
secagem e esmagamento
de grãos, nas
agroindústrias. Mas
outras espécies também
são utilizadas. A
fabricação de
laminados,
compensados e móveis
também são mercados
importantes para a área
de reflorestamento
econômico”, diz ele.
Segundo dados
preliminares da Abraf,
em torno de 120 mil
hectares de eucalipto de
reflorestamento
econômico estão
plantados em Mato
Grosso. A teca responde
por 60 mil hectares,
sendo o estado o maior
plantador da espécie no
Brasil. O pau de balsa,
usado na fabricação de
laminados e
compensados, é
responsável por 3 mil
hectares e outras
espécies, como pinho
cuiabano e mogno
africano – utilizados em
serrarias – detêm 14 mil
hectares de plantio.
Em relação à
tecnologia, Fausto
afirma que o Brasil não
fica atrás de nenhum
outro país, sendo
considerado o país com
a os métodos mais
avançados no plantio de
eucalipto do mundo.
Entretanto, ele afirma
que a área carece de
políticas públicas para o
fomento e
desenvolvimento dos
negócios. De acordo
com ele, esse tipo de
incentivo público é
inexistente.
Fundada em 2003,
a Arefloresta conta com
30 associados, entre
viveiristas florestais,
prestadores de serviços
florestais, plantadores de
teca, eucalipto, pinho
cuiabano, mogno
africano e pau de balsa.
À frente dos interesses
dos reflorestadores para
fins econômicos, Fausto
fala do potencial que
Mato Grosso possui na
área, dizendo que o
setor precisa superar
alguns desafios.
Um deles é o
desenvolvimento precário
da indústria e da cadeia
produtiva. Segundo ele,
com uma indústria forte,
consequentemente este
setor do agronegócio
também se desenvolverá,
mesmo que o tipo de
investimento a ser feito
seja considerado de
médio e longo prazo, na
opinião do representante
dos produtores.
“Na plantação de
teca, depois de sete
anos, já é possível
extrair alguma madeira,
em virtude do
raleamento, ou seja, a
seleção de espécimes
melhores. Mas a
extração ocorre, em
média, após 20 anos de
plantio. O ciclo do
eucalipto é mais rápido,
levando em torno de sete
anos para o corte. Só
iremos atingir todo
potencial, entretanto, se
houver o
desenvolvimento de toda
a cadeia produtiva”.
Á r ea r e f l o r e s t ada de t eca pa r a u s o econômi co
O p r e s i den t e da
A r e f l o r e s t a , F au s t o
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Pa r a Ru i Pr ado , da Fama t o , B i ena l é
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S ene r i Pa l udo , d i r e t o r
e x e c u t i v o da Fama t o
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