CIRCUITOMATOGROSSO
CUIABÁ, 18 A 24 DE JULHO DE 2013
CULTURA EM CIRCUITO
PG 6
CADEIRA DE BALANÇO
PPor Carlinhos Alves Corrêa r
Carlinhos é jornalista
e colunista social
Info: (65) 3365-4789
DUPLO DISTANCIAMENTO
Já dizia Santo Ambrósio: mais vale
salvar as almas que conservar o dinheiro.
As senhoras Helena Candia de Figueiredo
e Joana Pires de Assis sempre foram úteis a
servir ao próximo. Cuiabanas preparadas
com os ensinamentos do nosso mestre
amado Jesus, seguiram na vida terrestre
aprendizagem que serviu de exemplo aos
seus filhos, filhas, genros, noras, netos e
bisnetos, amigos. Nesta vida terrestre, o
que nos eleva o espírito são as boas
ações. As senhoras Helena e Joana
sempre tiveram esses dons: quem serve tem
as mãos sempre abertas para dar e
repartir tudo com todos. Sempre serviram a
todos que lhes pediam, nos seus olhos,
servir não é agradar a todos, mas é fazer
aos irmãos tudo o que agrada a Deus. A
grandeza da generosidade de Helena
Candia de Figueiredo e de Joana Pires de
Assis mostra que este duplo distanciamento
será momentâneo, pois quem parte desta
vida entra na vida eterna, na vida
verdadeira. A riqueza da obra que
realizaram não consiste na aparência
grandiosa aos bons olhos humanos, mas
na grandeza do amor, da caridade em
silêncio. A vida é o desfolhar de uma rosa,
cujas pétalas o vento leva, já dizia Santa
Terezinha do Menino Jesus, e assim as
pétalas levaram Helena Candia de
Figueiredo e Joana Pires de Assis. Que
estas lembranças passam dar-nos coragem
em nossa jornada para o amanhã.
GENUFLEXÓRIO
Domingo, ouvi diversos casais
reclamando de ver um aviso deselegante
que partiu de um superior da Igreja
Católica na Capital, proibindo de se
ajoelharem durante a comunhão, o que
atrapalharia os demais fiéis. Enquanto o
Papa Francisco vem mostrando o seu lado
humilde de comandar e conquistar o seu
rebanho, aqui pelo contrário, há tantas
normas que fazem as outras pessoas irem
para outras religiões. Segundo o Padre
Nicola Brix: uma igreja sem genuflexórios
não é católica. A adoração não é outra
coisa diferente da liturgia. Qualquer
tentativa de separar as duas coisas vai
contra a fé e a vontade católica. Não se
sustenta hoje que o homem adora a Deus
com todo o seu ser?
Quer dizer: com a alma e com o
corpo. Se abençoar quer dizer adorar, a
bênção ou adoração na escritura está
documentada pela prostração e pelo
dobrar dos joelhos, fisicamente, e do
coração, metafisicamente. Só o diabo não
se ajoelha porque não tem os joelhos
(dizem os padres do deserto). São Paulo
vê diante de Jesus a consonância entre a
história sagrada e o cosmos: todo joelho
se dobre, no céu, na terra e debaixo da
terra. O gesto do ajoelhar-se deve voltar a
ter prioridade no ato da comunhão.
BONS TEMPOS
Às vezes nos queixamos de maus
tempos. Segundo Phil Bosmans, eles
avisam como uma lição de vida. Mas os
tempos somente são maus quando os
homens são maus. Bons tempos não
caem do céu. Bons tempos podemos
fazer nós mesmos, não com dinheiro e
técnica, mas sim com coração e
bondade. Somente pessoas boas fazem
bons tempos: quando reina a
benevolência, quando o bem-estar é
compartilhado, quando as pessoas se
querem bem, quando há lugar para uma
flor, quando sobra tempo para uma
prosa amiga. Diz-se: “que tempo é
dinheiro”. Dinheiro é o nervo da vida, o
esterco em que tudo vinga. Mas isto é
uma mentira, talvez a maior deste século.
Não é de admirar que tantos que chegam
a acabar com seus nervos não encontram
a alegria. E eles empregam dinheiro para
comprar a felicidade. Eles querem sempre
mais dinheiro e nunca sabem quando
chega. Eles se arruínam na engrenagem
implacável da máquina “tempo é
dinheiro”. Desligue esta máquina infernal,
mande parar o relógio e encha o tempo
com amor. Enfim, viva! Os ponteiros do
relógio: quando rimos, as horas voam;
quando as aguardamos, arrastam-se.
Rosemar Coenga é
doutor em Teoria Literária e
apaixonado pela literatura de
Monteiro Lobato
ALA JOVEM
PPor Rosemar Coenga
o e
MURUCUTUTU, A CORUJA DA NOITE
Marcos Bagno já
foi locutor de rádio,
ator de teatro, tradutor.
Sempre gostou muito
de lidar com a palavra,
seja falada ou escrita.
Levou esse gosto tão a
sério que se tornou
professor de
Linguística. Com vários
livros publicados, seu
estilo literário e os
temas escolhidos
evidenciam a
preocupação em
divulgar a riqueza da nossa língua.
Os seres misteriosos, amedrontadores ou
não, povoam o imaginário de todos os que não
se deixam levar só pela razão: as crianças, na
ingenuidade de quem não separa o real da
fantasia, e as pessoas do povo que, na
simplicidade da vida cotidiana, creem mais
facilmente no fantástico, no maravilhoso.
A história
Murucututu, a coruja da noite
(2005), publicada pela Editora Ática, é um conto
inspirado em
algumas culturas
indígenas
brasileiras: as mães
costumam cantar
para a coruja
murucututu pedindo
que ela traga o
sono para as
crianças que vão
dormir. Por isso ela
é chamada “mãe do
sono”. Existe a
cantiga que diz:
“Murucututu da
beira do telhado
leva esse menino
que não quer ficar calado”. O autor não quis criar
nenhuma história de terror mas sim dar destaque
aos mistérios da alma.
Murucututu, a coruja grande da noite é um dos
seres que povoam o imaginário dos índios
brasileiros. Encanta o leitor pelo maravilhoso e
pela linguagem, assim como a Cuca e o Bicho-
Papão encantam os ouvidos, ao serem embaladas
pelas cantigas de
ninar. Na história
de Marcos Bagno,
Murucututu é o ser
fantástico que
aproxima uma avó
de sua neta,
provocando o
diálogo sensível e
necessário para
que valores e
atitudes sejam
transmitidos de
geração a
geração.
As ilustrações
de Nelson Cruz
contribuem para
uma linguagem
lírica e inovadora.
Sinistro, sábio,
medonho ou belo.
Murucututu pode ser tudo isso. Depende de você
enfrentar essa mágica coruja do folclore brasileiro
e descobrir mistérios que nunca ninguém soube.
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