CIRCUITOMATOGROSSO
CUIABÁ, 18 A 24 DE JULHO DE 2013
CULTURA EM CIRCUITO
PG 7
PARALELO 15
Por Bolívar Figueiredo
LAPADA, LAPADA, LAPADA (I)
BolívarFigueiredoé jornalistae
artistaplásticoformadoemBrasília,militante
verde e fundador nacional do PV,
sagitariano, calango do cerrado e
assuntadordefatosevarredordepalavras.
Clóvis é historiador e
Papai Noel nas horas vagas
INCLUSÃO LITERÁRIA
Por Clóvis Mattos
DIÁRIO DOS INFIÉIS
Entõ. O Conselho
Municipal de Turismo da
Chapada dos Guimarães se
dissolveu, escafedeu. Seus
membros se autodemitiram,
por justa causa, alegando
falta de apoio
governamental. Isto é
sintomático. Imaginem só,
um colegiado com a
participação de moradores,
empreendedores da área do
turismo, responsável por
traçar diretrizes, aprovar
projetos e criar iniciativas
para turbinar o turismo
municipal, que vai de mal a
pior, foi “fechado”. É
sintomático. Tipo um AVC,
começa no poder central e
se espalha para órgãos
vitais. E agora, José?
Na primeira coluna que
publiquei neste jornal,
levantei a lebre, falando
sobre o processo de
esvaziamento do turismo da
Chapada, com o incentivo
direcionado do governo
estadual ao novo eixo
“turístico chapa-branca”, que
vai de Manso, Nobres à
cidade de Bom Jardim. Um
turismo artificial meio flórida,
que favorece ao mercado
imobiliário e ao interesse
pessoal de políticos. Entõ
vejamos o sintomático: a
Chapada, que já nasceu
pronta para o turismo, seja
ele contemplativo, histórico,
de eventos e/ou ecológico,
está engessada. E todo
mundo tem culpa sim, desta
situação de UTI. Os “Drs.”,
donos do Parque Nacional,
se emburacam, conservam e
esquecem das questões
sociais, e aí está a grande
diferença em ser
conservacionista ou
ambientalista. O pulo do
gato (seja gato do mato ou
urbano) é preservar sem
excluir o principal mamífero
da cadeia evolutiva e
alimentar, ou seja, o Bicho
Homem. São culpados sim!
O governo federal, estadual
e municipal e o escambau,
em não respeitar o Plano
Diretor, com ações efetivas
voltadas a alavancar o
turismo, está tudo lá no
Plano Diretor assinado por
Lúcio Costa, na década de
70. Não fizeram nada e
ainda querem mudar. A
UFMT, com seu véu de
ciência, se fecha em
laboratórios e nada
apresenta para contribuir
com projetos
socioambientais. Vira e
mexe, vejo um ônibus da
UFMT, na esquina da
padaria, em Chapada,
chegam quietos, comem
coxinha com Tang e somem,
ninguém sabe, ninguém vê.
O governador esteve aqui.
Diz a lenda, durante a final
da Copa das
Confederações – de tão
presente, foi confundido com
Silvio Santos, ao abanar
para o povo. Aff!
Que tipo de turismo a
Chapada comporta e quer?
Chapada pode se dar ao
luxo de escolher, Deus foi
generoso com este local.
Temos aqui trilhas históricas,
por onde passaram os
bandeirantes, tropeiros,
Rondon, Langsdorf, Lúcio
Costa, os Bororos,
Quilombo, Carlos Prestes, e
até o pai do ET de Varginha.
Temos um parque dos
dinossauros, na Água fria,
pinturas rupestres no morro
do rio Cachoeirinha. Temos
uma igreja barroco rococó
de Sant’Ana, Cidade de
Pedra, cavernas com lagoa.
Na fazenda Abri-longo
temos os vestígios
arquitetônicos do ciclo da
cana-de-açúcar do Brasil
colonial. Além do turismo
Prato Feito, da Salgadeira
fechada, do Portão do
Inferno, que está caindo,
dizem que até o diabo se
mandou de lá, o Véu de
Noiva, que está encalhada e
o morro de São Jerônimo.
E cadê o Centro de
Convenções? Que poderia
suprir a demanda de turismo
o ano todo, com eventos
empresariais e culturais. Ei! E
aqui tem até gente, viu
cientistas da UFMT e “Drs.”
do Ibama e Instituto Chico
Mendes! Tem gente aqui sim,
tem famílias, estudantes,
comerciantes, empresários,
gente hospitaleira,
trabalhadora, que espera,
sentada à beira do caminho
da MT-305, para poder
sobreviver numa cidade
engessada. Em 8 de abril de
1976, o presidente de botas,
Ernesto Geisel, assinou aqui,
no meio do chapadão,
decreto denominando
Chapada dos Guimarães
como área prioritária de
interesse turístico. O que
abriu caminho para a
criação do Plano Diretor e a
demarcação do Parque
Nacional. E de lá prá cá,
tudo igual no turismo, tudo
lindo no papel e nada de
prática, como se diz no
interior: “O tempo passou,
uns emagreceram, outros
criaram apenas bunda e/ou
bicho de pé”. Entidades
governamentais, sejam
diretas ou indiretas, tortas ou
inertes, não deixem o
fracasso subir à cabeça,
como dizia vovó: Ajuda
quem não atrapalha. Tô
pensando em chamar um
índio bruxo da Aldeia Velha
pra benzer a Secretaria de
Turismo, pois ou tem cabeça
de burro enterrada lá ou
alguma praga de Bororo.
Saravá. Amém, se a internet
funcionar, até semana que
vem.
Quatro casais, oito
personagens e a
pergunta que nos assalta
quando percebemos o
fim: ainda me amas?
Não sabem o que os
faria felizes, nem se
lembram do dia em que
sentiram o peso da
solidão, em que se
amaram ou se
desejaram. Hoje, não se
De J oão Mo r gado
Nunca fica tudo
dito sobre um amor
que acaba.
Ed i ç ão /
r e imp r e s s ão : 2010
reconhecem, não têm
coragem para mudar de
vida, para assumir o fim
e procurar noutro amor o
caminho de volta para o
compromisso maior: ser
feliz. Num diário de
emoções íntimas, falam
na primeira pessoa do
que sentem em relação a
si e aos outros. Concluem
que, cada um à sua
maneira, todos foram
infiéis: por pensamentos,
actos, ou omissões. Com
vidas entrelaçadas, cada
um descreve no diário a
sua viagem pelo mundo
do sexo, do desejo, do
pudor, do egoísmo, do
amor-próprio, do
envelhecimento, do
sonho, da morte... Enfim,
a matéria-prima da qual
é feita a existência de
gente vulgar. “Sobre nós
ninguém escreverá um
romance”, diz uma das
personagens. Talvez
desconhecendo que
todos os dias a vida nos
ensina o contrário.
“Só gostamos de
uma mulher quando
gostamos do seu cheiro.
Quando tudo nos leva a
bebê-la, como um chá
quente, excitante,
aromático. Se não
gostarmos do seu cheiro
não conseguimos amá-
la, nem na pele nem na
alma. Podemos ser
amigos, companheiros,
nunca amantes. Amar é
beber um cheiro. É
transportá-lo para dentro
de nós”.
“… beijando o
ventre, descobrimos que
existe um mundo
desconhecido que ecoa
por dentro. E desejamos
ardentemente perseguir o
eco. Desflorar as rosas
vermelhas e beber no
cálice o sangue das
fronteiras transpostas com
a espada. Para descobrir
no fim, que não estamos
noutro mundo, apenas
no que faltava do
nosso”.
In: Diário dos Infiéis
João Morgado -
Nasceu na Covilhã/
Portugal. Formado em
comunicação na
Universidade da Beira
Interior, tirou mestrado na
Universidad Pontifícia de
Salamanca e trabalhou
alguns anos como
jornalista – colaborou
com o diário ‘Público’ e o
semanário ‘Sol’.
Atualmente, é formador e
consultor de comunicação
& imagem em empresas e
no meio político.
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