CIRCUITOMATOGROSSO
CUIABÁ, 18 A 24 DE JULHO DE 2013
CULTURA EM CIRCUITO
PG 4
QUASE 20
CALDO CULTURAL
Por João Manteufel Jr
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João Carlos Manteufel,
mais conhecido como João
Gordo, é um dos publicitários
mais premiados de Cuiabá
FENÔMENO CHAMADO SARAH MITCH
ABCDEF....GLS
Por Menotti Griggi
M n i G i
G
Menotti Griggi é
geminiano, produtor
cultural e militante incansável da
comunidade LGBTT
Ligue: (65) 3023-5151
Falar de um artista nem sempre é fácil,
pois é uma escolha pessoal: gostar do seu
trabalho e da forma que conduz a sua
carreira. Por isso mesmo é quase pessoal –
admirar o talento de quem nos faz bem.
No caso do excepcional Junio Ribeiro, que
encarna a personagem Sarah Mitch nos
palcos de Cuiabá e do Brasil, é um pouco
diferente porque é quase unânime a
estranheza inquietante que ela nos causa
ao assistirmos seus espetáculos.
Neste mês de julho em que Sarah
completou 13 anos de carreira, tive a
felicidade de mais uma vez abrir o espaço
da Zumzum para seu mais recente
trabalho: ONLY QUEEN. O título é justo:
Sarah reina absoluta em todos os números
que apresenta. Tem uma garra e uma
maturidade no palco que não deixa a
desejar em relação a nenhum outro artista
nacional do segmento LGBT.
Tenho acompanhado Sarah desde o
seu início de carreira e lembro que quando
a vi pela primeira vez, há mais de 12
anos, percebi imediatamente que havia
algo de diferente naquele menino franzino
que já tinha um brilho incomum escondido
ainda naquela timidez típica de quem
ainda está descobrindo o mundo.
Vi Sarah passar pelo universo das
cantoras pops e se estabelecer como a
nossa Madonna, aliás, performances que
alavancaram de vez sua carreira pela
maestria com que encarna a Deusa do
Pop Mundial e a representou com
qualidade inigualável.
Sarah tem a ousadia em lançar
músicas próprias e videoclipes. Digo
ousadia porque Sarah não é cantora
profissional. É uma Drag Queen que
canta. Que não tem medo de se expor.
Escreve suas músicas com vontade de
vencer e tem uma coisa impressionante
quando está num projeto:
DETERMINAÇÃO.
Nos ensaios, vejo o quanto ela se
dedica. É detalhista. Preocupa-se com
cada item sem deixar nada passar pelo
seu excelente crivo profissional. E enquanto
alguns caem exaustos pelos cantos do
palco nas várias repetições das
coreografias, ainda ouço Sarah dizer:
“não está bom, vamos continuar, gente!”.
Estou feliz por Sarah, por Cuiabá. Pela
qualidade artística que o segmento LGBT
local possui. São artistas maravilhosos.
Talentosos. Que fazem da nossa cidade
um marco histórico na produção local e
nacional, porque nossos artistas têm muito
talento e são chamados para exibirem
esse garbo nos palcos de várias cidades
do Brasil. Fazer parte dessa história me faz
feliz. Ajudar a construir essa visão e esses
artistas é algo que compensa todo o meu
esforço ao longo dos meus 18 anos de
noite LGBT.
Parabéns Sarah Mitchigan e a todos
os artistas da Zumzum.
Sempre tive muita sorte com a minha
carreira. Tinha 19 anos, estudava
propaganda e publicidade na
Universidade Federal do Estado de Mato
Grosso, cheio de sonhos e incertezas. Ano
de 1993. Lá tive professores como Xavier,
Diélcio Moreira, Aroldo Arruda, Afrânio
Motta, entre outros. Da minha época
saíram Julio Bedin, Keiko Okamura, Pedro
Henrique Coimbra, Rai Reis, Bruno Bini,
Lissandra Passinato, Liane Coelho e muito
mais gente da melhor qualidade. Meu
primeiro carimbo na carteira profissional
consta o dia 18 de julho de 1994. Há
exatos 19 anos. E comecei de
um jeito diferente.
Meu amigo colunista de
mão cheia, Beto Dock, me
levou para um conhecer um
senhor de idade, que estava
recomeçando a sua vida como
publicitário, pós um enfarte
que quase lhe custou a vida. A
agência era numa casa
enorme na rua 24 de Outubro,
duas quadras da casa da
minha avó. Nunca esquecerei
esse dia. Naquela sala
imponente que mais parecia
um museu de arte com uma
linda visão para a piscina,
esse publicitário, de madeixas
brancas reluzentes, nem se
importou
com o
prefácio
de Dock, interrompendo a conversa
olhando no lugar mais fundo dos meus
olhos:
– Me escreva uma carta dizendo o
porquê que você quer ser publicitário e
me entregue amanhã.
Sim, carta. Em 1994, não tinha
internet. Não tinha email. Não tinha
Google. Tremi. Quase não dormi de
excitação. Reescrevi a carta pelo menos
5 vezes. Cheguei 20 minutos antes do
combinado. Parado, trêmulo, em frente a
um mito lendo que eu queria ser
publicitário meu do que ele. Porque sou
cheio de sonhos. Adoro viajar. Tenho
vontade e vou trabalhar para ser a
última bolacha do pacote. Nem
imaginava que naquele momento minha
vida ganhava um novo sentido. Nem
imaginava que por conta da publicidade
iria morar em Campo Grande, São
Paulo, Londres, Rio de Janeiro. Nem
imaginava que iria ganhar prêmios. Nem
imaginava que iria realmente fazer
alguma coisa no ramo da propaganda.
Naquele exato momento, de olhos
mareados, Mauro Cid Nunes da Cunha,
o maior marqueteiro político da história
de Mato Grosso, e dono da maior
agência que esse estado já viu, a MCA,
me sorriu dizendo que o emprego era
meu. Fui escolhido pelos deuses. Eu não
poderia ter começado melhor.
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