CIRCUITOMATOGROSSO
CUIABÁ, 4 A 10 DE JULHO DE 2013
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SAÚDE PÚBLICA
Em uma década, o Estado criou apenas 60 leitos hospitalares em Mato Grosso e ainda reduziu recursos pela metade.
Por: Sandra Carvalho. Fotos: Pedro Alves e Reprodução.
Maggi e Silval: 10 anos de descaso
A obra do Hospital
Central, paralisada há 28
anos, é apontada como a
principal prova de que a
saúde pública não foi
tratada como prioridade
pelos políticos que
comandaram o Estado no
período. Nos últimos 10
anos, a situação piorou. O
Sistema Único de Saúde
(SUS) sofreu um desmonte, o
governo criou apenas 60
novos leitos, comprou e
fechou três grandes
hospitais, praticamente
privatizou a gestão de
hospitais públicos por se
colocar como incompetente
para administrá-los, e ainda
reduziu em 50% a verba
destinada à atenção básica
nos municípios.
Símbolo do descaso
com a saúde pública, o
Hospital Central vem sendo
usado em discursos políticos.
Foram muitas as promessas
de retomada das obras. O
então governador Blairo
Maggi (PR) anunciou – com
direito a festa – que iria
Manifestantes protestam em
frente ao Hospital Central
Silval repete promessa de
2011 e diz que retomará obra
O governador Silval Barbosa voltou a prometer, esta semana, que retomará a obra
do Hospital Central, como fez em 2011 e não cumpriu. “Estamos próximos de concluir
um Parceria Público-Privada (PPP) para retomar essa obra inacabada por vários
governos e entregá-la à sociedade de Mato Grosso”, disse Silval durante lançamento do
Plano Safra 2013/2014, que prevê recursos de R$4,8 bilhões para o Estado.
GOVERNO BLAIRO MAGGI
- IGNOROU O PROJETO PARA RETOMADA DO HOSPITAL CENTRAL
- FECHOU O CERMAC
- CRIOU O CIOSP PARA TRATAMENTO ODONTOLÓGICO DE PORTADORES DE DEFICIÊNCIA
- COMPROU O HOSPITAL SÃO TOMÉ E O TRANSFORMOU EM BASE DO SAMU
- COMPROU O HOSPITAL MODELO E O TRANSFORMOU EM CENTRAL ESTADUAL DE REGULAÇÃO
- COMPROU E FECHOU O HOSPITAL SANTA MARIA BERTILA, DE GUIRATINGA
- COMEÇOU A CONSTRUÇÃO DO HOSPITAL METROPOLITANO, COM 60 LEITOS
- SUCATEOU OS HOSPITAIS REGIONAIS
- SUCATEOU OS CONSÓRCIOS
- ACUSADO DE COMPRAS SUPERFATURADAS DE MEDICAMENTOS EM 2003/2004
GOVERNO SILVAL BARBOSA
- CONTINUOU IGNORANDOO PROJETO PARA RETOMADA DO HOSPITAL CENTRAL
- CONSTRUIU O HOSPITAL METROPOLITANO, COM 60 LEITOS
- PRIVATIZOU A GESTÃO DO HOSPITAL METROPOLITANO
- PRIVATIZOU A GESTÃO DOS HOSPITAIS REGIONAIS
- PRIVATIZOU A GESTÃO DOS MEDICAMENTOS DE ALTO CUSTO
- REDUZIU EM 50% A VERBA PARA OS MUNICÍPIOS INVESTIREM EM ATENÇÃO BÁSICA
- ATRASOU O REPASSE DAS VERBAS DA SAÚDE AOS MUNICÍPIOS
- ATRASOU O REPASSE DAS VERBAS AOS CONSÓRCIOS DE SAÚDE
- PAGA PARA AS OSSs O DOBRO DA TABELA DO SUS
- ATRASOU EM 4 MESES O REPASSE PARA HOSPITAIS CONTRATADOS
Com a onda de protestos em todo o país contra a
corrupção, usuários e defensores do SUS também saíram
às ruas em Cuiabá para cobrar saúde pública de
qualidade. E tomaram como exemplo de descaso o
Hospital Central. Os manifestantes percorreram ruas e
avenidas da capital, passaram em frente à sede da
Assembleia Legislativa e, em frente à obra, sentaram-se
no chão e fizeram um minuto de silêncio.
Após escândalo, SES suspende repasses
A Secretaria de
Estado de Saúde
(SES-MT) suspendeu
os repasses ao Ipas –
empresa responsável
pela gestão da
Farmácia de Alto. O
titular da pasta,
Mauri Rodrigues (PP),
alegou ainda que os
repasses não serão
feitos enquanto não
forem apuradas as
responsabilidades
quanto às centenas
de medicamentos
vencidos encontrados
no depósito da
Farmácia.
O secretário
explicou que o caso está
sendo apurado pela
Auditoria Geral do
Estado e é passível até
uma quebra de contrato
com a empresa. “A
auditagem está sendo
feita e irá apurar as
responsabilidades de
um dano que ainda não
se sabe quem foi o
culpado”, pontuou
Rodrigues.
Ele completou
afirmando que
enquanto as
investigações não forem
concluídas, os repasses
não serão realizados ao
Instituto.
O repasse que
deixou de ser feito à
Organização Social de
Saúde (OSS) é no valor
de R$3,6 milhões, que
acarretou, inclusive, na
suspensão do
atendimento da
Farmácia na última
segunda (1), sob a
justificativa de que o
Ipas estaria sem
condições de efetuar o
pagamento dos
funcionários.
O secretário de
Saúde garantiu, no
entanto, que a falta de
repasse não justifica a
suspensão do serviço.
“O Ipas deve realizar
o atendimento
necessário,
independente dos
repasses, pois isso
faz parte do contrato
firmado”, alegou
Rodrigues.
Rodrigues ainda
assegurou que, caso
a Farmácia não
regularize 100% do
atendimento, o
problema será
acrescentado à
auditoria, cujo
relatório final está
previsto para ser
entregue em 18 de
julho.
promover uma
transformação da obra.
Porém, para ser sede
administrativa da Secretaria
de Estado de Saúde (SES).
Maggi não estava
interessado em garantir uma
grande unidade hospitalar
em Cuiabá, de alta
complexidade, para receber
a demanda do interior. Nem
hospital, nem sede nova.
Blairo não cumpriu a
promessa.
Enquanto isso, comprou
e fechou os hospitais São
Thomé e Modelo em
Cuiabá, e o Santa Maria
Bertila, em Guiratinga. Ao
invés de novos leitos, Maggi
extinguiu cerca de 300 leitos
em Mato Grosso e que
poderiam garantir assistência
hospitalar de milhares de
mato-grossenses. O então
governador, antes de
finalizar os seus oito anos de
mandato, começou a
construir o Hospital
Metropolitano, em Várzea
Grande, anunciado como a
redenção para os problemas
de saúde pública. Apontou o
novo hospital como a
solução para o fim da fila
por espera de cirurgias. “O
município de Cuiabá,
sozinho, construiu uma
unidade de saúde no bairro
Pedra 90 com 20 leitos. Isso
significa que 60 leitos nunca
iriam conseguir reduzir a fila
por cirurgias no Estado”,
observa Luiz Soares, ex-
secretário de Saúde da
Capital.
Blairo Maggi deixou o
governo com o carimbo de
governador que virou as
costas para a saúde pública.
E deixou como sucessor seu
então vice, o hoje
governador Silval Barbosa
(PMDB).
Nem bem assumiu,
Silval Barbosa entregou a
gestão da Secretaria de
Estado de Saúde ao
deputado federal Pedro
Henry (PP), denunciado nos
escândalos do mensalão e
dos sanguessugas. Mais
empresário do setor da
saúde do que médico e
deputado, Pedro Henry
privatizou a gestão dos
hospitais públicos em Mato
Grosso ao entregá-los nas
mãos de Organizações
Sociais de Saúde (OSSs). E
pagando o dobro da tabela
do SUS. Hoje a SES vive
uma crise com a OSS que
mais recursos recebe do
Estado, o Instituto
Pernambucano de Assistência
a Saúde, o Ipas. Gestor do
Hospital Metropolitano e de
outros dois hospitais no
interior, o Ipas também
administrava os
medicamentos de alto custo.
Que comprou com prazo de
validade por vencer. Virou
escândalo nacional.
VERBA PELA METADE
O Governo Silval
Barbosa ainda cortou pela
metade a verba destinada à
atenção básica de saúde nos
municípios. Os recursos são
destinados a garantir a
eficiência da prevenção nas
unidades do Programa de
Saúde da Família (PSFs). E
reduziu a verba em 50% com
total apoio da Assembleia
Legislativa de Mato Grosso.
CALOTE
Durante um ano, Silval
Barbosa atrasou o repasse
dos recursos para os
consórcios de saúde e
também para as prefeituras.
Muitas pessoas podem ter
morrido à espera de
atendimento e outras tantas
submetidas a sofrimento que
poderia ter sido evitado.
Obra paralisada há 28 anos é o retrato do descaso
dos governantes com a saúde pública em MT
Blairo queria transformar
hospital em sede da SES
Conhecido como o governador que comprou e fechou hospitais em Mato Grosso
ao invés de ampliar o número de leitos – o Estado precisa de um grande hospital com
pelo menos 300 leitos - , Blairo Maggi até teve a intensão de retomar a obra do
Hospital Central, porém para transformá-lo em sede da Secretaria de Estado de Saúde.
Governou o Estado por oito anos sem priorizar a saúde pública.