CIRCUITOMATOGROSSO
CUIABÁ, 4 A 10 DE JULHO DE 2013
OPINIÃO
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ENTRE ASPAS
EDITORIAL
CRIME CONTRA A VIDA
Presidente do Conselho Editorial:
Persio Domingos Briante
CIRCUITOMATOGROSSO
Diretora-executiva:
Flávia Salem - DRT/MT 11/07- 2005
Tiragem da edição 443 auditada
por PWC de 21.300 exemplares
Propriedade da República Comunicações Ltda.
Editor de Arte:
Glauco Martins
Revisão:
Marinaldo Custódio
Reportagem:
Mayla Miranda,
Rita Anibal e Débora Siqueira
Fotografia:
Pedro Alves
Editora:
Sandra Carvalho
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BERLINDA
Faiad advogando contra o governo?
Secretário Francisco Faiad está sendo acusado de agir contra o Estado e é alvo de investigação do Tribunal de Ética da OAB.
Por Camila Ribeiro. Foto: Pedro Alves
O atual secretário de
Estado de Administração e
ex-presidente da Ordem
dos Advogados do Brasil,
seccional de Mato Grosso
(OAB-MT), Francisco Anis
Faiad (PMDB), está sendo
acusado de promover
uma manobra contra o
Governo de Mato Grosso,
quando, ao invés de tentar
intermediar a concessão
de reajuste salarial a
servidores públicos
estaduais, estaria
incitando a categoria a
acionar o Estado na
Justiça, o que mais
adiante poderá
representar um rombo
milionário aos cofres do
governo.
A denúncia partiu do
presidente da Associação
dos Oficiais da Polícia
Militar e Bombeiro Militar
de Mato Grosso (Assof-
MT), major Wanderson
Nunes de Siqueira, que
inclusive divulgou um
vídeo em que o secretário
aparece dando
“orientações”, no mínimo,
intrigantes à categoria.
O imbróglio é por
conta de um reajuste
salarial de 6,17%
concedido aos servidores
do Estado, mas que até o
momento, não teria
contemplado os
bombeiros e policiais
militares de Mato Grosso.
O fato fez com que o
major Wanderson
procurasse Faiad, na
tentativa de conseguir o
rejuste também para sua
categoria. Faiad, por sua
vez, alegou ao sindicalista
que “este não seria o
momento de pedir um
reajuste salarial”, mas
ponderou, no entanto, que
se os profissionais
acionassem o Estado
judicialmente a “causa
estaria ganha”.
Curiosamente, no vídeo, o
secretário ainda se propôs
a advogar em prol da
categoria, em detrimento
dos interesses do governo.
Não menos intrigante
é o fato de que Francisco
Faiad e o ex-secretário de
Administração César Zílio
já foram autores de ações
contra o Estado em casos
semelhantes a esse, o que
reforça ainda mais a
acusação de que ambos
seriam responsáveis por
estar realizando uma
manobra para
judicialização de ações
contra o Estado, o que
estaria, inclusive,
favorecendo o escritório
de advocacia trabalhista
que Faiad comanda na
capital.
O major Wanderson
questiona que “o
advogado com os maiores
passivos trabalhistas a
receber do Estado, por via
de precatórios, é hoje o
responsável pelo
pagamento dos mesmos”
e ainda completa
ironizando que a situação
é “mesmo que botar o
lobo para cuidar do
galinheiro”.
OUTRO LADO
Procurado pela
reportagem do
Circuito
Mato Grosso
, o
secretário Francisco Faiad
se limitou a dizer que a
categoria está pedindo um
reajuste que já teria sido
aplicado em maio deste
ano. “A acusação é
absurda. Eles acham que
ainda têm uma diferença
a receber e estão
questionando isso”,
declarou.
O secretário alegou
ainda que a investigação
do Tribunal de Ética da
OAB foi um pedido dele
próprio. “Eu mesmo
protocolei nesta semana
um pedido para que o
tribunal analise minha
conduta e veja se cometi
algum tipo de infração
ética”.
Francisco Faiad foi denunciado pela Associação dos
Oficiais da Polícia Militar e Bombeiro Militar de MT
“Os médicos não podem ser
importados, sem passar pelo
exame. Muito menos com a
justificativa de atender somente
a população mais carente. Quer
dizer que o Brasil agora vai ser
separado em categorias? A dos
pobres e a dos ricos?”
Presidente do Conselho Regional e Medicina
(CRM), Dalva das Neves, ao criticar proposta
para importação de médicos formados no
exterior sem a revalidação do diploma, para
atender a população de baixa renda.
”Ele está protegendo os acusados, advogando em favor dessas pessoas que
lesaram o patrimônio público.”
Presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Educação de Mato Grosso (Sintep),
Orlando Francisco, ao criticar postura do relator da CPI do MT Saúde, deputado
estadual Emanuel Pinheiro (PR).
“A volta dos cobradores
“A volta dos cobradores
pode fazer com que a
tarifa suba para R$3,41.”
Presidente da Associação
Mato-grossense de
Transportes Urbanos (AMTU),
Ricardo Caixeta, alertando
sobre possível impacto da
volta dos cobradores para o
transporte coletivo da Capital.
“Em vez de cobrar que a escola
ue
prestasse contas no prazo, antes
de fazer novos pagamentos, a
prefeitura achou melhor fazer um
novo contrato.”
Vereador Toninho de Souza (PSD)
acusando o ex-prefeito Chico Galindo
(PTB) de ter fraudado contrato de R$3,6
milhões com a escola de samba
Mangueira, que ‘cantou’ Cuiabá no
carnaval carioca deste ano.
Sou a favor da reforma, mas sou contra enganar o cidadão, fazê-lo de
bobo, como o governo está tentando fazer. A consulta pública anunciada
pela presidente da República é uma farsa!”
Senador Pedro Taques (PDT-MT) questionando a proposta do governo de realizar um
plebiscito para a reforma política.
Há uma década o Sistema Único de Saúde sofre um desmonte sem
precedentes em Mato Grosso. Dos discursos inflamados nos
palanques a escândalos de improbidade administrativa,
incompetência e crime contra a integridade física do cidadão,
políticos travestidos de gestores seguem com a promessa de
melhorar os serviços. Este é o cenário que se vislumbra nos últimos
dez anos. Enquanto o plano de saúde público é sucateado,
milhares de pessoas morrem na fila do SUS. E lá se vai pelo vento a
palavra dada pelo governador Silval Barbosa de garantir “Fila
Zero” por espera de cirurgias. Ele segue os passos do seu
antecessor Blairo Maggi, que praticamente ignorou os problemas
de saúde pública no Estado. Ainda assim, deixou o Paiaguás
contabilizando a construção de um hospital com 60 leitos quando o
déficit atual é de pelo menos 300 leitos de alta complexidade.
Ambos prometeram retomar as obras do Hospital Regional,
paradas há 28 anos, e também não cumpriram. Se Blairo Maggi
fechou hospitais que poderiam estar atendendo o sofrido usuário do
SUS, Silval cortou pela metade a verba destinada à prevenção nos
postos de saúde. Irmãos quase siameses em se tratando de descaso
com a vida do povo mato-grossense, ‘curiosamente’ os dois já
usam diferentes discursos muito provavelmente pensando em novas
promessas com vistas às eleições de 2014.