CIRCUITOMATOGROSSO
CUIABÁ, 16 A 22 DE MAIO DE 2013
POLÍTICA
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Há escolas com estrutura tão precária que em alguns casos os banheiros se assemelham a barracos de favela.
Por: Diego Frederici e Mayla Miranda. Fotos: Diego Frederici e Assessoria AL
EDUCAÇÃO
Dossiê revela um lado sombrio...
Servidores da rede
estadual d educação de
todo o Mato Grosso
foram às ruas centrais
de Cuiabá nesta
quarta-feira (15) para
expor a insatisfação
com os rumos que a
área vem tomando nos
últimos anos em relação
aos investimentos – ou
à falta deles – em
infraestrutura,
manutenção, programas
de aperfeiçoamento
pedagógico e
profissional etc.
Munidos de um
estudo de mais de 270
páginas, os
profissionais da
educação de Mato
Grosso, não apenas
estaduais mas também
municipais, irão
protocolar cinco cópias
deste documento, que
mostra o abandono das
escolas públicas em em
vários órgãos, incluindo
Ministério Público
Estadual, Assembleia
Legislativa, Palácio
Paiaguás, Tribunal de
Contas do Estado e
Secretaria da
Educação.
Administrativos
confirmam descaso
A pressão dos funcionários públicos da educação
não para por aí. Segundo o presidente do Sintep-MT, os
sindicalizados realizarão uma reunião do Conselho de
Representantes nos próximos dias 8 e 9 de junho e, uma
vez lá, discutirão os novos rumos e os passos seguintes a
serem dados pela organização de trabalhadores.
“Na segunda semana de junho, entre os dias 8 e 9,
realizaremos o Conselho dos Representantes do Sintep-
MT. Se não obtivermos respostas satisfatórias desse nosso
embate, iniciaremos uma greve de todos os funcionários
da educação de Mato Grosso, não apenas no nível
estadual mas também municipal”, sintetiza ele.
EXEMPLOS DE DESCASO
UNIDADE: ESCOLA ESTADUAL 13 DE
MA I O
MUNICÍ P IO: NOVA GUAR I TA
- Danos nas instalações elétricas provocam
curtos-circuitos e pânico na comunidade
escolar.
- Vazamentos e infiltrações no prédio mantendo
a maioria dos sanitários interditados.
- A quadra poliesportiva ainda não foi
inaugurada por desacordo do projeto com a
execução.
- Refeitório coberto de goteiras e a inversão do
teto promovem um acúmulo de água que causa
alagamento.
- Rachaduras no prédio que se expandem
rapidamente por todo o prédio.
- Piscina com infiltrações na laje.
- Baixo número de profissionais (25) para
atender a demanda. São necessários 42.
UNIDADE : ESCOLA V I RGINIO NUNES
FERRAZ JUNIOR
MUNICÍ P IO: BARÃO DE MELGAÇO
- Problemas na estrutura física, condições de
trabalho inadequadas, problemas na rede
hidráulica e nos equipamentos.
- Salas de aula sem nenhum tipo de ventilação,
como ventiladores ou ar-condicionado.
- Banheiros em péssimas condições de uso.
- Crianças de 6 a 10 anos sem refeitórios para
a alimentação.
- A escola também não dispõe de uma
biblioteca.
UNIDADE : ESCOLA BROMI LDO
L AWI SCH
MUNICÍ P IO: I TANHAGÁ
- Banheiros com vasos sanitários sem
funcionamento.
- Paredes rachadas próximas a pilares de
sustentação.
- Transbordo de fossas dos banheiros e caixas
de gordura da cozinha, causando um odor
insuportável na instituição.
- Horta com estrutura caindo em cima dos
alunos, como a lona e as telas. As salas de aula
não são climatizadas.
- A maioria dos ventiladores está quebrada.
- Falta de professores qualificados e cerca de
60% são contratados.
UNIDADE : ESCOLA RURAL MIGUEL
BORGE S
MUNICÍ P IO: CANABRAVA DO NORTE
- Problemas na estrutura hidráulica, elétrica e de
equipamentos.
- Alunos enfrentam horas de ônibus para chegar
à instituição e não encontram banheiros.
- A secretaria da escola é usada como sala do
diretor, das coordenadoras, do secretário,
biblioteca e estoque de merenda.
- Salas de madeira em péssimas condições e
que ainda abrigam roedores.
- Quadra da escola que não é coberta impede
a atividade.
A Secretaria de Estado
de Educação (Seduc) vai
adquirir uma frota de
ônibus rural escolar zero
quilômetro pelo valor de
R$30.166.960,00. Em sua
edição 437, o Circuito
Mato Grosso mostrou,
com base em dados do
Portal de Aquisições da
Secretaria de Estado de
Administração (SAD), que
o Governo do Estado fez
uma licitação (050/2011)
no valor de
R$20.621.556,00 para
locação de ônibus e
micro-ônibus. Na mesma
edição, o titular da SAD,
secretário Francisco Faiad,
alegou ser mais eficaz o
sistema de locação. O
fato de a Seduc agora
optar por comprar ônibus
ao invés de locar os
veículos vem na
contramão do discurso de
Faiad. (Sandra Carvalho)
ESTADO ADQUIRE ÔNIBUS POR R$30 MILHÕES APÓS GASTAR R$20 MILHÕES COM LOCAÇÃO
Trabalhadores do setor
administrativo também
relataram o descaso com a
educação em Mato Grosso.
Entre outros problemas, os
funcionários denunciam a
falta de ferramentas de
aprendizagem, como
espaços adequados para
prática de esportes, cultura e
artes, além da falta de
climatização, laboratórios
de aprendizagem e salas de
atendimento educacional
especializado (educação
especial).
Edna Martins,
professora de uma escola
municipal em Colíder (656
km de Cuiabá), e diretora
do Sintep-MT, falou que os
problemas encontrados na
escola municipal não são
diferentes daqueles que são
observados em escolas
estaduais. “Como em toda
escola, seja na rede pública
ou estadual, encontramos
problemas de hidráulica,
elétrica, quadra
poliesportiva. No geral, as
escolas precisam de reforma
e manutenção”, disse a
educadora.
Um funcionário de uma
escola do interior que não
quis se identificar disse ao
Circuito MT que o
governador do Estado,
Silval Barbosa, prometeu a
reforma de uma escola em
Ribeirão Cascalheira, no
evento de lançamento da
pavimentação da MT-020,
que liga Canarama e
Paranatinga, dizendo que,
se a reforma não
começasse até esta quarta-
feira (15), o prefeito de
Ribeirão poderia lhe cobrar
o compromisso político
firmado. “Chegamos no dia
15 e nada. Silval Barbosa
disse que honraria a
palavra dele como político.
Agora é pressionar o
prefeito de Ribeirão
Cascalheira para ver se ele
cobrou do governador o
compromisso firmado
publicamente”, disse o
sindicalizado.
Estaduais emunicipais podem
se unir em greve geral
À frente do
movimento, o
presidente do Sindicato
dos Trabalhadores do
Ensino Público de Mato
Grosso (Sintep-MT),
Henrique Lopes do
Nascimento, falou dos
problemas enfrentados
pelos profissionais, que,
muitas vezes, veem
crianças e adolescentes
num ambiente de ensino
em condições precárias,
não só de estrutura e
material mas também
de saúde, higiene.
“Este dossiê mostra
a realidade das escolas
públicas no nosso
Estado. Revelam como
nosso trabalho,
enquanto profissionais
do ensino, é
desvalorizado, diferente
da propaganda
institucional, que vende
a ideia de que está
tudo funcionando sem
problemas. Nossas
escolas são vítimas de
sucessivos abandonos
por parte dos governos,
e com o governo atual
isso também não
mudou”, acusa
Nascimento. Da mesma
maneira, a situação no
interior não é das
melhores. Segundo o
líder sindical, cidades
como Ribeirão
Cascalheira e Pontes e
Lacerda (622 km e 442
km distantes da Capital,
respectivamente) sofrem
com a falta de estrutura
básica, como um teto
para as salas de aula
ou ainda a utilização
de contêineres de
metal, as famosas salas
de lata, no dia a dia de
trabalho e
aprendizagem.
“Em Ribeirão
Cascalheira o teto
desabou em 2011 e até
agora não consertaram.
Em Pontes e Lacerda, a
situação é um pouco
pior. Existem dez salas
de aula que, na
verdade, são
contêineres adaptados.
Cada um custou R$7
mil para ser montado,
sem contar o gasto com
o aluguel destes
espaços, que é de R$3
mil”, disse ele.
Reunidos no evento,
chamado de “Dia D”,
escolhido, a partir deste
ano, como a data que
será utilizada pela luta
de uma educação de
qualidade, a praça
também contava com
banners de fotos e
informações de várias
escolas de todo o
estado.
Presidente do Sintep-MT, Henrique Lopes do
esi
Nascimento, exibe dossiê com quase 300 páginas
Escola estadual, em Cáceres, região Oeste de MT
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