CUIABÁ, 21 A 27 DE AGOSTO DE 2014
Alfaiate da publicidade e propaganda
AGÊNCIA DONA MARIA
Fotos: Beatriz Saturnino
Beatriz Saturnino
Nada de “caretice”! O bom da vida é sair da mesmice e, de
quebra, imergir na charmosa e histórica Praça da Mandioca, no
coração do Centro Histórico de Cuiabá, quando o assunto é
criação. Convidativa, é neste lugar que Dona Maria inova o
produto ou marca de sua clientela e recicla o mercado da
publicidade, propaganda e produção de cinema, televisão e
cultural, numa agência em estilo butique.
É o modelo
coworking
enraizando em Cuiabá, para o manejo
de mais ideias num escritório conduzido pelo publicitário,
cineasta, produtor cultural e marqueteiro político João
Manteufel, o João Gordo, com experiência há 20 anos no
mercado e agora com a agência Dona Maria, oferecendo
atendimento personalizado.
A grande sacada é criar situações, ousar. Pensar as múltiplas
formas de investir num determinado produto, que tem uma
imagem ao vivo, que tem outra na internet, nas redes sociais,
profissional e na televisão, e tudo tem que passar o mesmo
objetivo. Esta ação é o que falta em Cuiabá, defende João Gordo.
Nesta butique artesanal é ele quem vai até o cliente, enxerga
as dificuldades e problemas e faz a ponte entre a produção e o
resultado. De praxe, o problema sempre tem que se transformar
em qualidade, num modo de pensar ramificado, onde distribui
melhor o investimento, o que gera muito mais resultado para a
marca, do que simplesmente apenas emplacar em televisão.
Ou seja, o trabalho é personalizado conforme a exigência do
produto do cliente e é onde entram os colaboradores, em sistema
de parceria, segundo o perfil de cada tipo de trabalho. E o
resultado é sempre garantido.
Multifacetária, artesanal, criativa e diferente, Dona Maria
está no mercado há apenas um mês e meio e já mostra que
arriscar em sair do padrão que hoje está inserido no mercado da
propaganda e publicidade é o caminho para fixar a marca ou
produto do cliente.
“Eu penso que falta revolta e ousadia na propaganda. Está
tudo muito certinho, dentro da caixa, careta. Falta pensar mais
em mídias alternativas, em multiplataformas, neste mercado
acomodado, em que a busca dos profissionais é o retorno
financeiro do que fazer um trabalho que lhe dê satisfação
pessoal. Cada trabalho, de um cartão de visita a uma propaganda
de TV, tem que ser considerado uma oportunidade de ser
mostrar o seu talento, que garante a assinatura do profissional
para ambos os lados”, sinaliza o produtor.
Por sinal, Dona Maria agrega valores de requinte e
simplicidade, tal como numa alfaiataria, consegue diferenciar a
publicidade, da produção de TV e cinema e a produção cultural.
Desta forma, João Gordo atende clientes como a artista
plástica Capucine Picicarole e também tem projeto de um longa-
metragem do irreverente e idolatrado artista plástico Clóvis
Irigaray.
Dona Maria atende também a “Padaria do Moinho”, que é a
novidade do momento. Já são dois anos trabalhando no produto,
desde o visual e a logomarca até a sinalização interna. Até mesmo
o fato de não ter uma logomarca na frente foi uma estratégia
publicitária criativa.
Da mesma forma, segue com outras marcas conceituadas no
mercado local, como a Luciula Calçados e a Associação Mato-
grossense dos Municípios (Ampa), que é atendida também por
outras duas agências. Ainda trabalha como produtora de
televisão, onde João Gordo produz e dirige.
Dona Maria está
localizada na Praça da
Mandioca, na “Casa da
Praça”. O nome da empresa
tem um porquê. É o nome da
filha Maria, que nasce em
novembro. “Minha família é
cuiabana, minha vó tem 78
anos morando na mesma casa,
na Rua 24 de Outubro, meu
tio é Jonas Barros, um artista
plástico superconceituado.
Então eu tenho uma vertente
cultural e outra cuiabana. E eu
sou gaúcho (de Monte Negro,
pertinho de Porto Alegre, no
Rio Grande do Sul), para você
ver que ninguém é perfeito.
Eu nasci lá por conta do
trabalho do meu pai, meus
pais tiveram que se mudar
para lá”, contextualiza João
Gordo, que tem o apoio da
esposa Lilian Santana na
empresa.
Sempre elogiando suas
mulheres, sua última agência,
Dona Lola, leva o nome da
avó, como Dona Maria em
homenagem à filha.
Há dois anos novamente em
Cuiabá, João conta com uma
bagagem profissional
expressiva. Desembarcou
recentemente na cidade após
sete anos de imersão no Rio de
Janeiro e outros quatro em
Londres, onde trabalhou com
propaganda.
Apaixonado pelo que faz,
esta retomada para o produtor é
um pagamento à terrinha de
tchapa e cruz, que lhe
proporcionou estudar na
terceira turma de Publicidade e
Propaganda numa universidade
pública, a Federal de Mato
Grosso (UFMT), a conquista de
ser o primeiro a trabalhar com
carteira assinada entre as
turmas de propaganda.
“Inclusive me revoltou muito
quando fui dar uma palestra na
“Semana da Criação”, na
UFMT, e eu perguntei qual era
o maior problema do curso de
Propaganda, e era que no portão
não passavam mais motos. E
agora a gente só vê propaganda
fraca e ruim”.
João Gordo critica o
sistema de hoje, em que
está difícil ter alguém que
acredite no valor da ideia,
arriscar sai muito caro.
Então o melhor é
simplificar. Mostrar o
produto e o valor da oferta.
A Casa da Praça