CIRCUITOMATOGROSSO
CUIABÁ, 21 A 27 DE AGOSTO DE 2014
CULTURA EM CIRCUITO
PG 4
Wania Monteiro de
Arruda é nutricionista funcional,
aficcionada em receitas saudáveis
e saborosas, que divulga em seu
site e no Insta @wmarruda
NUTRITIVA
Por Wania Monteiro de Arruda
Anna é doutora em
História, etnógrafa e filatelista.
TERRA BRASILIS
Por Anna Maria Ribeiro Costa
LUCAS, UM JOVEMPOETA
Esta semana,
Terra Brasilis
diferencia-se das crônicas anteriores por
oferecer e compartilhar espaço tão
precioso com o acadêmico de Ciências
Sociais, da Unemat, Polo Confresa,
Lucas Amorim Maciel, um jovem poeta
de Santa Terezinha, Mato Grosso. Lucas,
ao término da
disciplina Antropologia
Indígena, sintetizou os
conhecimentos
apreendidos durante as
aulas e poetizou os
conceitos de
alteridade, cultura,
pluralidade cultural,
etnocentrismo,
relativismo cultural.
No último dia de aula,
o aluno aplicado leu,
em verso e prosa, uma
história que tem mais
de 500 anos: a do
preconceito com o
diferente. A turma,
depois de ouvir em
completo silêncio,
aplaudiu
entusiasticamente,
com palmas
unissonantes. Eis o
poema intitulado
Alteridade sempre, Etnocentrismo nunca
.
“Inicio a minha fala/Com um apelo
amigável/Não seja tolo em dizer/Que a
cultura é imutável/Toda sociedade vive/
Em constante transformação/Seja índio,
seja não índio/ Não existe exceção/Mas o
que dizem é diferente/Que o índio não
pode mudar/Uma visão preconceituosa/
Tentando os rebaixar/O índio não pode
andar bem vestido/O índio não pode ter
carro/Tem que viver lá no mato/Usando
panela de barro/É interessante ressaltar/
O que os índios tenham sofrido/Queriam
que se integrassem a nós/Agora são
proibidos?/Antes eram selvagens/Que
precisavam ser civilizados/Hoje
conquistando seu espaço/Quer que sejam
barrados?/Muito pelo contrário/Devemos
nos orgulhar/E buscarmos a cada dia/Sua
história divulgar/Com muitas lutas e
sofrimentos/Os indígenas têm grandes
conquistas/Por isso devemos olhar para
eles/Não apenas como vítimas/Mas
incluirmos na história/Como grandes
protagonistas/E procurarmos com
pureza/Praticar a alteridade/Pois assim
encontraremos/A paz e a felicidade.”
QUE TAL? VAMOS DEAÇAÍ?!
Originário da região Norte
brasileira, o fruto da palmeira de nome
científico
Euterpe oleracea
popularizou-
se em todo o território nacional nas
formas de sucos, polpas, sorvetes e
tigelas. O açaí é venerado por quem
busca ganho de massa muscular, por ser
considerado um alimento “energético”,
mas por outro lado é temido por muitos,
devido a sua elevada densidade calórica.
Uma análise mais aprofundada das
propriedades nutricionais desta fruta
nos permite concluir que esta possui
benefícios até para quem busca perda
de gordura . O açaí é extremamente
antioxidante, propriedade que o torna
útil na prevenção de cânceres.
As polpas de açaí congeladas
comercializadas no Brasil possuem, em
média, em cada 100 g, 0,8g de
proteínas, 3,9g de lipídios, 6,2g de
carboidratos e 2,6g de fibras. Dos
lipídios, prevalece o ácido graxo
monoinsaturado oleico, o mesmo
encontrado no azeite de oliva e
associado à cardioproteção. Por ser rico
em lipídios e fibras e pobre em
carboidratos se comparado a outras
frutas, o açaí possui baixo índice de
carga glicêmica, ou seja: sua ingestão
não causa picos de glicemia e insulina
associados a aumento de gordura
corporal e do risco de doenças crônicas
não transmissíveis, por isso não
engorda como muitos pensam.
Entre os micronutrientes presentes
no açaí, destacam-se a vitamina E
(importante antioxidante) e minerais,
como manganês (também antioxidante e
importante para a saúde óssea),
magnésio (essencial à geração e
utilização de energia no corpo), cálcio
(que age na contração muscular,
transmissão do impulso nervoso e na
formação dos ossos) e cromo
(necessário para uma boa atuação do
hormônio insulina). O açaí é
extremamente rico em compostos
fenólicos que possuem atividade
antioxidante e anti-inflamatória. Entre
esses compostos, prevalecem as
antocianinas, responsáveis pela cor
escura da fruta. Devido à abundância
dessas substâncias, pesquisas
científicas têm associado o consumo de
açaí à prevenção de câncer, doenças
cardiovasculares, processos alérgicos,
doenças neurodegenerativas e para
aumentar a longevidade. Ao contrário do
que é pregado, por seu alto teor
calórico, o açaí tem demonstrado ser
uma boa opção para indivíduos obesos
ou com sobrepeso.
Em uma pesquisa, 10 adultos com
sobrepeso consumiram açaí diariamente
por um mês e tiveram reduzidos os
níveis de insulina e glicemia de jejum,
glicemia pós-prandial e LDL-colesterol,
e emagreceram. Com base em dados
científicos, podemos abrir mão de
“dogmas” que permeiam a nutrição,
como o que afirma que alimentos
calóricos são necessariamente
causadores de obesidade e doenças a
esta relacionada. O consumo de açaí
deve ser encorajado, inclusive, entre
indivíduos obesos ou com sobrepeso,
desde que inserido em uma dieta
individualizada, nutricionalmente
balanceada e orientada por nutricionista.
As tradicionais tigelas de açaí
congeladas (sem xarope de guaraná ou
leite condensado) são opções saudáveis
e prazerosas.