CIRCUITOMATOGROSSO
CUIABÁ, 27 DE FEVEREIRO A 5 DE MARÇO DE 2014
CULTURA EM CIRCUITO
PG 2
CINE PARADISO
Edmilson é arquiteto e
festeiro oficial da
Praça Popular
CARNAVALPROJETADO
João Carlos Manteufel,
mais conhecido como João Gordo,
é um dos publicitários mais
premiados de Cuiabá
CALDO CULTURAL
Por João Manteufel Jr.
TENDÊNCIAS
Por Edmilson Eid
Carnaval, a maior festa folclórica do
nosso país, em que milhões de pessoas
se esquecem de tudo para curtir quatro
dias de folia. Seja nas ruas, nas
passarelas, nos clubes, o folião se veste
com fantasias, abadás e tudo que ele
merece para ser feliz.
As fantasias de pierrô e colombina
foram as primeiras incorporadas ao
carnaval brasileiro, vindas através das
festas realizadas na Europa,
principalmente na Itália e na França.
O carnaval das grandes escolas de
samba é um dos pontos altos desta
grande festa.
O enredo, a música, a letra do
samba, as fantasias, as alegorias, a
bateria, porta-bandeira e mestre-sala,
enfim, com todos esses itens o carro
alegórico é a estrela maior do desfile. É
ele que dá o brilho às escolas de samba
devido a sua criatividade, e a cada ano o
aumento de sua dimensão impressiona
toda a plateia com sua ousadia. São
projetados por arquitetos, com linhas
futuristas, valorizadas por recursos de
iluminação.
Com minha experiência como
profissional de arquitetura, já vivenciei
este trabalho. Nos anos 80, quando
morava no interior de São Paulo, era
responsável por uma escola de samba em
que desenhei desde o enredo, projetava
todas as alas e carros alegóricos e até a
letra do samba-enredo.
Foi um momento inesquecível e de
aprendizado profissional na minha vida.
Saí atrasado nesta segunda
megachuvosa. Fui voando pela estrada
até chegar num lugar muito esquisito. A
surpresa foi automática: tão bom ver que
existem outros marcianos além da gente
mesmo. Parecendo chegados duma nave,
o politicamente correto Anfiteatro nunca
viu tanta gente moderna, antenada, cult e
principalmente interessada em arte.
Gente de outro planeta para este estado
monocultural, agrocentrista, em
constante processo de colonização. É o
Festival de Cinema de volta à cidade.
Louvável a atitude de recolocar
nosso Estado no Circuito dos Festivais
novamente. Contrariando que não existe
público para filmes não blockbusters, a
sala, de aproximadamente 250 lugares,
nesta segunda-feira chuvosa, estava
quase completamente lotada. Aposto que
no mesmo horário, em todas as salas de
qualquer CineMarket da vida, nos
shoppings da cidade, juntas, não havia
esse público.
É um absurdo que um Festival dessa
magnitude não passe num cinema. E não
foi por falta de vontade do Luiz Borges e
sua trupe. Eles tentaram, e muito. O
sistema autofágico é que não permite. O
sistema capitalista que não atura novos
pensadores, novos mercados, Mato
Grosso não pode pensar em florir cultura
em sua terra fértil. Muitos podem dizer:
“Claro, João Gordo, o evento é gratuito”.
O fato é que, meus cinéfilos de plantão,
todos que estavam assistindo “A volta
dos que já foram” teriam condições de
pagar, o mínimo que seja, para prestigiar
o cinema de nossa terra. E você
capitalista, que adora profit, lucro em
cima de lucro, ainda iria lucrar no
estacionamento, na pipoca e em tudo
mais que esse ciclo capitalista
proporciona.
Por isso eu clamo
e conclamo Luiz
Borges, Bruno Bini,
Mario Zugair, João
Carlos Bertoli, Luiz
Marchetti, Keiko
Okamura, Amaury
Tangará, Barbara
Fontes, Marcelo
Okamura e outros
amigos pessoais que
amam o audiovisual:
Vamos fazer um
coletivo para arrendar
o Cine Bandeirantes e
transformá-lo no nosso
Cinema Paradiso.
Avante!