CIRCUITOMATOGROSSO
POLÊMICA
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CUIABÁ, 27 DE FEVEREIROA 5 DEMARÇODE 2014
IMIGRANTES
A verdadeira ‘estrada do inferno’
Caminhões estão gastando de 5 a 7 horas para percorrer trecho de 28 km da rodovia entre Cuiabá e Várzea Grande
Rafaela Souza
Péssima
trafegabilidade, excesso
de tráfego, asfalto
totalmente destruído,
caminhões invadindo
pista contrária, falta de
acostamento e pedestres
correndo risco de morte
são só alguns dos
problemas enfrentados
pelas pessoas que
precisam transitar pela
Rodovia dos Imigrantes
(MT-407), entre o
Trevo do Lagarto, em
Várzea Grande, e o
Distrito Industrial de
Cuiabá, única rota de
escoamento da safra
para outros Estados e
países. Observando que
Mato Grosso é campeão
nacional na produção de
grãos.
Havia previsão de
investimento em R$ 165
milhões, que iriam ser
destinados à duplicação
e melhoria do asfalto,
desde quando a rodovia
foi federalizada em maio
de 2013. No entanto, a
única promessa feita
esta semana pelo
Departamento Nacional
Ao longo dos 28 km da Rodovia dos Imigrantes, que foi
federalizada no ano passado, motoristas têm de
enfrentar verdadeiras crateras que causam prejuízos.
Por causa disso, a estrada é considerada o ‘Caminho
do Inferno’ por muitos caminhoneiros
Em protesto contra o caos na Rodovia dos Imigrantes,
os caminhoneiros invadiram as ruas de Várzea
Grande causando transtorno no município. Para
controlar a situação foi necessária a intervenção dos
agentes de trânsito de Cuiabá e da Polícia Militar
Comerciantes e
moradores que são
obrigados a passar pela
estrada dizem que são
várias as histórias de
motoqueiros e pedestres
que são atropelados por
causa das péssimas
condições do local. Mas
acreditam que essa rotina
não terá um fim tão
próximo, pois são várias
as promessas sem
nenhuma solução.
De acordo com o
comerciante e morador
Amaro Firmino, que tem
sua firma localizada à
beira do MT-407, todos
os dias carros pequenos e
motoqueiros se arriscam
na beira da estrada para
desviar do trânsito e, com
isso, ele já presenciou
muitos acidentes da porta
da própria empresa.
Já o morador Lino
Martins, 64 anos, do
bairro São Matheus, que
fica à beira da rodovia, diz
que nos 14 anos vivendo
ali já viu morrer muitos
vizinhos. “Sempre tem um
velório no bairro, seja de
criança ou de adulto que
tentou atravessar a
rodovia. E o pior é que
não sabemos quando
teremos melhoria, nós só
recebemos promessas,
principalmente no período
de eleição, que por sinal
está próximo. Estou até na
espera do político que vai
vir aqui dizer que vai
trazer uma solução e
depois se esquecer do que
prometeu”, diz Martins.
Acidente faz parte da
rotina da Imigrantes
Borracheiro enche um
caminhão por semana
E quem não para de
trabalhar por falta de
atenção do Governo é o
borracheiro Antônio
Moreno, 50 anos. Há 22
anos à beira da rodovia,
Antônio diz que nunca
houve mudança e que
por causa dos enormes
buracos ele enche toda
semana um caminhão
com pneus estourados.
“Faz tempo que
ouço sobre a duplicação
da rodovia, mas a única
coisa que eu vejo é
motorista com o
caminhão quebrado e,
para piorar, sem ter
onde encostar, pois só
tem mato na beira da
estrada. A situação aqui
é tão complicada que eu
nem preciso falar como
está, é só as pessoas
olharem que já vão
entender”, completou o
borracheiro que tinha
uma fila de carros com
o pneu estragado à
espera do conserto
quando recebeu a equipe
do
Circuito Mato
Grosso
.
Comerciante lembra-se dos diversos acidentes que
causaram a morte de moradores no São Mateus
O monte de pneus na borracharia
foi feito em apenas dois dias
Promessa de reforma é considerada conto de fada
Questionar os
motor i s t as sobre
qual o principal
problema na Rodovia
dos Imigrant es
parece ironia, pois
para a ma ior i a não
há nada de pos i t ivo
pa r a f a l a r sobr e um
t r echo que t em
buracos onde caber i a
um ve í culo pequeno.
E acredi t ar em
r e forma do l oca l é
outra questão difícil
de ‘engolir’.
En t r e os
caminhoneiros que
trafegam pela rodovia
está Tiago Putziak,
30 anos , que pon t uou
vár i as ques tões que
l evam o t r echo a se r
um dos p i or es do
país: “A falta de
respe i to é o pr inc ipa l
problema dessa
rodovi a . Sempre que
pas so por aqu i é
muito complicado e
es t ressant e , poi s
t an t o os cami nhões
como os ca r ros
pequenos invadem a
pi s t a cont rár i a .
Al ém di sso, t em a
fa l t a de consc i ênc i a
das pes soas que não
respeitam o limite de
ca rga e no f i na l a
po l í c i a , o Dn i t e o
governo fazem
v i s t as gros sas” .
A consequência,
a i nda de acordo com
Pu t z i ak , é que t odos
estariam tendo
pr e j u í zos , menos os
mecâni cos e
bor rache i ros que
sempre t êm servi ço .
“Já pe rd i as con t as de
quan t as vezes o meu
caminhão quebrou por
causa da es t r ada sem
es t rutura” .
Na opinião do
caminhoneiro, além de
a r ruma r a es t r ada é
necessár io t er ba l ança
e fiscalização nas
estradas para impedir
que a fa l t a de respe i to
se multiplique.
O caminhoneiro Tiago Putziak reclama da falta de respeito
dos motoristas e do excesso de buracos na rodovia
de Infraestrutura de
Transportes (Dnit) é
uma operação tapa-
buracos.
O presidente do
Sindicato dos
Transportadores
Autônomos de Mato
Grosso (Sindicam),
Roberto Pessoa, tem
uma definição extrema
sobre o trecho: “A
Rodovia dos Imigrantes
é a estrada do inferno,
quando os motoristas
chegam nela têm de
enfrentar a total falta de
estrutura e, com isso,
chegam a passar mais
de cinco horas para
atravessar 28 km”.
A única solução para
mudar a realidade atual,
na análise de Roberto
Pessoa, é a construção de
uma nova pista,
duplicada, com
acostamento e todo
suporte necessário para
que os 25 mil caminhões
que passam por dia não
enfrentem a enorme fila
que se forma diariamente.
Entre os principais
destinos dos
caminhoneiros que
passam pelo local estão
os Estados do Pará,
Rondônia, Acre e Mato
Grosso do Sul que se liga
às regiões Sul e Sudeste.
Além disso, o Trevo do
Lagarto serve como rota
para entrada e saída de
produtos da Bolívia.
O OUTRO LADO
Procurado pelo
Circuito Mato Grosso
a
respeito das
condições da
Rodovia dos
Imigrantes, o Dnit
não retornou à
ligação. A única
informação é que a
diretoria regional
recebeu representantes
do Sindicam, a quem
prometeu reparos na
pista.
Com asfalto totalmente destruído, motoristas e motoqueiros invadem margens da Rodovia dos Imigrantes
Fotos: Mary Juruna