CIRCUITOMATOGROSSO
PANORAMA
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CUIABÁ, 27 DE FEVEREIRO A 5 DE MARÇO DE 2014
ECONOMIA
Fruticultura é tímida em MT
Professor e pesquisador da UFMT defende um centro de distribuição que explore os Estados limítrofes a MT
Diego Frederici
Líder brasileiro na
produção de grãos, Mato
Grosso poderia aproveitar
seu potencial agrícola não
apenas no
desenvolvimento de
culturas frutíferas mas,
sobretudo, ter uma
distribuição que atenda às
unidades federativas que
fazem divisa com nosso
Estado. A opinião é do
doutor em Fruticultura e
professor da Universidade
Federal de Mato Grosso
(UFMT) João Pedro
Valente, em entrevista ao
Circuito
na última
semana.
A produção mundial
de frutas caracteriza-se
pela diversidade de
espécies e compõe-se
basicamente de produtos
cultivados e consumidos
no Hemisfério Norte,
segundo estudo do
Departamento de
Economia Rural (Deral). A
parte sul do planeta tem
potencial para produzir
frutas tropicais e
subtropicais, porém,
segundo o relatório,
apenas a banana possui
valor no mercado
internacional.
Nessa linha, para o
pesquisador da UFMT,
Mato Grosso deveria
utilizar os entraves
logísticos a seu favor e
atender o mercado interno
investindo num centro de
distribuição que explore
mercados da região Norte
BANANEIRA
Empaer reativa produção
de mudas
in vitro
As mudas produzidas dessa forma são livres de doenças e pragas
como a Sigatoka Negra e o Mal do Panamá
Diego Frederici
O Laboratório de
Cultura de Tecidos da
Empresa Mato-grossense
de Pesquisa, Assistência e
Extensão Rural (Empaer)
produz, desde junho de
2013 quando foi reativado,
mudas
in vitro
de bananeira
da variedade farta velhaco,
também conhecida como
banana da terra. As plantas
resultantes são livres de
pragas e resistentes à
Sigatoka Negra e ao Mal do
Panamá, e produzem até
40% a mais do que os tipos
convencionais.
O doutor em
Agronomia e coordenador
do laboratório de Cultura de
Tecidos, Gustavo Alves
Pereira, explica que o
trabalho é inédito emMato
Grosso e pretende
apresentar resultados para o
produtor rural no final de
2015. Ele destaca os
benefícios do método de
propagação e produção de
mudas
in vitro
.
“O processo vem
sendo desenvolvido e
aperfeiçoado para elevar a
taxa de multiplicação em
curto espaço de tempo e
melhorar a qualidade das
mudas”, diz.
No Laboratório de
Cultura de Tecidos as
mudas recebem 16 horas de
iluminação artificial – nas 8
horas restantes elas
permanecem no escuro.
Segundo Alves, após a
multiplicação e o
desenvolvimento da planta
no laboratório, o vegetal
segue para a casa de
vegetação e em seguida
para o plantio no campo.
Para conferir o
comportamento da espécie
serão montados
experimentos no Centro
Regional de Pesquisa e
Difusão de Tecnologia da
Empaer, no município de
Cáceres.
“Pretendemos
implantar uma unidade com
as mudas de bananeira e
acompanhar seu
crescimento, apresentando
a produtores rurais, alunos
e pessoas interessadas no
cultivo da cultura”, destaca
Gustavo.
O projeto de pesquisa
foi aprovado pelo Conselho
Nacional de
Desenvolvimento
Científico e Tecnológico
(CNPq) e Fundação de
Amparo à Pesquisa de
Mato Grosso (Fapemat)
com a finalidade de
oferecer mudas de
bananeira de qualidade.
Gustavo esclarece que
80% dos bananais do Vale
do Rio Cuiabá foram
dizimados devido ao plantio
de mudas propagadas pelo
método tradicional
(rizoma) que transmitem
doenças e pragas para
novas áreas. Com a
micropropagação, as plantas
serão mais resistentes e
produzirão mais.
PISCICULTURA
R$ 9 milhões para potencializar
produção no Pantanal
Diego Frederici
O Ministério da Integração Nacional (MI) irá investir R$ 8,9 milhões na
estruturação da cadeia produtiva do pescado em Mato Grosso. Os recursos serão
utilizados na construção de tanques destinados à criação de peixes no Complexo
Nascentes do Pantanal, no sudoeste do Estado. A ação faz parte do projeto Rotas de
Integração Nacional, que propõe o desenvolvimento regional e a inclusão
socioeconômica da piscicultura nos mercados nacional e internacional.
O recurso será distribuído em etapas, entre elas a de escavação de 3 mil tanques,
que devem beneficiar 1.800 aquicultores. Também serão realizados cursos de
capacitação para 1.730 produtores, além do treinamento de 40 técnicos.
Segundo a secretária de Desenvolvimento Regional do MI, Adriana Alves, a região
do Pantanal tem grande potencial produtivo de peixe, o que justifica o investimento.
“Visamos impulsionar o mercado potencializando a cultura local como principal
ferramenta. A ideia é diversificar as alternativas de produção e usar as áreas
improdutivas dos municípios, para gerar emprego e renda para a população”, conta a
secretária.
A estimativa do projeto é gerar mais de 185 mil empregos diretos e indiretos. A
ação deve contemplar 14 municípios, entre eles Araputanga, Cáceres, Curvelândia,
Figueirópolis D’Oeste, Glória D’Oeste, Indiavaí, Jauru, Lambari D’Oeste, Porto
Esperidião, Mirassol D’Oeste, Rio Branco, Reserva do Cabaçal, Salto do Céu e São
José dos Quatro Marcos. Mais de 600 famílias serão beneficiadas.
Entre as espécies de peixes cultivadas na região para comercialização, estão
pacu, tambacu, tambaqui, pintado ou surubim, tambatinga, piavuçu e piraputanga.
ROTA DO PEIXE
Parte do Projeto Rotas de Integração Nacional, a Rota do Peixe foi instituída para
fortalecer as cadeias produtivas da piscicultura no Brasil e promover o desenvolvimento
das regiões atuantes. Implementada em 2012, a Rota recebeu mais de R$ 34 milhões,
beneficiando 13,5 mil produtores diretos até o final de 2013.
Investimento deve gerar 185 mil empregos diretos e indiretos
no sudoeste de Mato Grosso
Fotos: Mary Juruna
e no próprio Centro-Oeste.
Dessa maneira, segundo
Valente, haveria condições
de desenvolver uma cadeia
produtiva que aproveitasse
áreas que não são
adequadas para pecuária
extensiva.
“As frutas estão
esparramadas pelo Brasil e
são comercializadas nos
centros de distribuição. Se
quisermos que o mercado
de Mato Grosso seja
ampliado, temos que olhar
para cima, para Rondônia,
Acre e assim por diante”,
diz.
Dados de 2010 do
Deral apontam que o Brasil
é o terceiro maior
produtor de frutas do
mundo, atrás de Índia e
China, que ocupam a
segunda e a primeira
posição respectivamente.
Ao todo, foram produzidas
naquele ano 41,2 milhões
de toneladas no país,
utilizando uma área de
mais de 2,54 milhões de
hectares.
O docente, entretanto,
lamenta que não existam
estatísticas da produção e
da comercialização no
Estado. Para discutir
soluções para esse e
outros gargalos, Mato
Grosso sediará o XXIII
Congresso Brasileiro da
Fruticultura, que será
realizado entre os dias 24
e 29 de agosto de 2014,
no Centro de Eventos do
Pantanal.
O especialista em
fruticultura, que também
preside o congresso,
afirma que o evento será
um importante catalisador
de ideias para o
desenvolvimento da área
no Estado, tendo em vista
que contará com
produtores, pesquisadores,
especialistas, técnicos e
estudantes de graduação
deste campo do
conhecimento.
“Durante o congresso
serão realizadas mesas-
redondas e conferências
com pesquisadores
nacionais e internacionais,
minicursos, palestras
satélites, visitas técnicas e
apresentações de trabalhos
científicos”.
Mais informações
podem ser encontradas no
endereço
Apesar da liderança na produção de grãos, fruticultura tem entraves para desenvolvimento
Para o doutor em
Fruticultura e professor
da UFMT João Pedro
Valente, centro de
distribuição de frutas em
Mato Grosso beneficiaria
também outros estados
Técnica da micropropagação, alémde deixar mudas mais
resistentes, aumenta produtividade em até 40%nas bananeiras