CIRCUITOMATOGROSSO
CUIABÁ, 27 DE FEVEREIRO A 5 DE MARÇO DE 2014
CULTURA EM CIRCUITO
PG 5
Rosemar Coenga é
doutor em Teoria Literária e
apaixonado pela literatura de
Monteiro Lobato
ALA JOVEM
Por Rosemar Coenga
COMO FAZER UMACRIANÇAPEQUENAGOSTAR DE LER?
Caio Porto Moussalem é
cinéfilo profissional... e sociólogo
nas horas vagas.
ARTE NÚMERO 7
Por Caio Porto Moussalem
ELA
Imagine uma janela aberta e a
imensidão da paisagem. A leitura
é mais ou menos isso: um mundo
de informação e fantasia que está
além do alcance e que ela
aproxima. A leitura permite
apresentar à criança um mundo
que não conhece, nem ainda viu,
mundo que ela vai reconhecer e
até se identificar. Funciona como
espelho, permitindo conhecer as
próprias emoções e também as
dos outros.
Tão importante é a leitura que
ela está associada ao prazer, algo
que deve ser transmitido pelos
pais diariamente. Durante a
atividade, o objetivo é
desenvolver o prazer de ler na
criança – e não demonstrar
preocupação com o que tem de
ser feito para ela ler melhor e
mais rápido. Entre dois e cinco
anos, essa criança se apresenta
mais ou menos familiarizada com
o universo dos livros, o que deve
ser aproveitado pelos pais de
modo a promover suas
capacidades de leitura. Outras
dicas da relação entre livros e
crianças de dois a cinco anos, são
destacadas a seguir:
As crianças, nessa idade,
ainda não sabem ler sozinhas.
Fazem a chamada ‘pseudoleitura’,
ou seja, elas sabem do que trata a
história, reconhecem o livro pelas
ilustrações e até recontam em
parte o conteúdo, mas é só. Ou
seja: elas precisam da ajuda de um
adulto para orientar a leitura.
Por ter a atenção curta, essas
crianças gostam que o mesmo
livro seja lido várias vezes, pois a
cada leitura elas fazem
descobertas sobre o enredo e vão
unindo informações de modo a
compreender melhor a história.
Crianças não se tornam
leitoras apenas quando os pais
leem para elas. É importante o
convívio com adultos que gostam
de ler – a rotina de uma casa onde
circulam diariamente jornais,
revistas e livros. Não adianta
apenas falar.
E por fim, procure sempre
ajuda, nas livrarias, para chegar ao
livro ideal para o atual momento
do seu filho. Faça da ida à livraria
um ritual a ser desfrutado na
companhia dele, um passeio tão
divertido quanto ir a um parque.
Ela
, do diretor Spike Jonze (
Quero
Ser John Malkovich
de 1999), conta a
história de Theodore (Joaquin Phoenix),
um solitário escritor que se apaixona
por um Sistema Operacional.
À primeira vista a premissa pode
parecer boba e típica da ‘Sessão da
Tarde’, mas a maneira profunda com
que ela é trabalhada faz de
Ela
um dos
filmes mais complexos e bem
elaborados do ano.
A história se desenvolve em um
futuro próximo. A data exata nunca é
revelada... e nem deveria, pois o foco
não é esse. Pouco importaria se fosse o
ano de 2050 ou 2292, porque o centro
de tudo, o que interessa mesmo são as
emoções humanas, muito mais
subjetivas e etéreas.
O roteiro impecável, aliado à
atuação arrasadora de Joaquin Phoenix,
faz nosso cérebro fervilhar com
questionamentos sobre como
convencemos a nós mesmos da
legitimidade de nossos sentimentos, os
quais, mesmo sendo por um Sistema
Operacional, não deixam de ser
absolutamente reais.
Porém, vale ressaltar que
Ela
não é
para todos os públicos. A dinâmica, a
história, a profundidade e o compasso
do filme podem ser incômodos para
muita gente. Mas sem dúvida existirão
aqueles que, como eu, se deliciarão com
a ‘montanha-russa’ de emoções; com a
maneira com que cada cena é
desenvolvida de forma tão intensa; com
a dedicação das atuações de Joaquin
Phoenix, Amy Adams e Scarlett
Johansson; com a maneira com que esse
filme nos faz questionar de forma tão
visceral o que nos faz humanos.
Ela
não é só pra se assistir... é um
filme para se sentir.