CIRCUITOMATOGROSSO
PANORAMA
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CUIABÁ, 7 A 13 DE NOVEMBRO DE 2013
BOVINOCULTURA
Carne subiu 296%desde 2005 emMT
Consumidor paga mais do que o dobro pela carne bovina quando comparado com o valor que os frigoríficos obtêm dos produtores.
Por: Diego Frederici. Fotos: Mary Juruna
Mato Grosso é a
unidade da Federação
mais importante no
comércio da bovinocultura
de corte, respondendo
por 13,6% da produção
nacional em 2012,
segundo o IBGE. O preço
da carne pago pelo
consumidor mato-
grossense, no entanto,
parece não refletir essa
abundância de oferta,
tendo em vista que, desde
2005, o produto subiu
mais de 165,5% no
varejo. O dado é do
Instituto Mato-Grossense
de Economia
Agropecuária (Imea), e
representa 296% a mais
do que a inflação, que
teve alta de 41,75% no
mesmo período, de
acordo com o Banco
Central.
Para o
superintendente da
Associação de Criadores
Mesmo com a alta
no preço, as projeções
para a venda da carne
em alguns
estabelecimentos
comerciais de Cuiabá
são boas. Segundo o
gerente da Casa de
Carne Mattozo, Diego
Mattozo, a expectativa
para a
comercialização, em
relação a 2012, é de
aumento de 20%. O
jovem diz ainda que os
frigoríficos oferecem seus
produtos por preços mais
ou menos similares, e fala
que diversos fatores,
como frete e salário dos
trabalhadores, influem no
custo final.
“Temos expectativa
de vender 20% a mais de
carne este ano do que em
2012. Em relação aos
frigoríficos, percebo
que as unidades têm
uma certa igualdade
de preços. A carne é
cara por diversos
fatores, incluindo as
exportações, o valor
do frete e de
combustível para
transportá-las, o
salários dos
trabalhadores, entre
outros”, opina.
Apesar dos preços, comércio
tem boas perspectivas
Sindicato dos Varejistas
culpa tributação
Para o presidente
do Sindicato do
Comércio Varejista
de Gêneros
Alimentícios
(Sincovaga-MT),
João Flávio Barbosa
Sales, a alta do
preço se deve à
tributação e aponta
que a falta de
políticas públicas no
Estado, sobretudo em
benefício do
pequeno produtor,
encarece o custo ao
consumidor final.
“Grande parte
dos frigoríficos têm
subsídios
governamentais,
coisa que o varejo
não tem. Essas
empresas é que são
as donas dos preços.
O abastecimento de
Cuiabá e das
cidades aqui da
região é controlado
por eles. Além disso,
a tributação sobre
valor agregado é
alta”, diz.
Para o
representante do
comércio varejista
mato-grossense,
mesmo com a alta ao
longo dos anos, a
carne no Estado é
“mais barata” do que
em outras regiões do
país. Segundo ele, a
produção dos
bovinos tem
orientação voltada
ao mercado externo,
sobrando poucas
opções para os
consumidores
domésticos.
“A carne daqui é
muito exportada e os
produtos que
permanecem para
abastecer o mercado
interno não têm a
mesma qualidade.
Faltam políticas públicas
que atendam os
pequenos produtores e
os agricultores locais,
que sofrem com as altas
exigências para
conseguir vender para
seus clientes”, pondera
ele.
de Mato Grosso
(Acrimat), Luciano
Vacari, a alta registrada
não tem “nenhuma
justificativa técnica”.
Vacari aponta que a
evolução do preço da
carne teve alta
relativamente similar
para produtores e
frigoríficos, subindo
78,56% e 85,27%
respectivamente, mas
questiona o motivo de o
alimento chegar ao
consumidor com uma
alta de 165,5%.
“Estamos
acompanhando as
margens de operação
do produtor, da indústria
e do varejo. O que se
percebe é que a arroba
do boi e a margem dos
frigoríficos tiveram
valorização mais ou
menos próximas,
diferente do varejo, que
registrou alta bem mais
acentuada. Qual a
justificativa?”, pergunta
ele.
E essa alta já foi
mais acentuada em
2013. Em março, a
evolução do custo da
carne no varejo foi de
197,65% em relação ao
ano-base de 2005 (ver
figura 1). Nem mesmo a
subutilização da
capacidade industrial
instalada no Estado –
que este ano registra
média de apenas 46,5%
do total – ou o aumento
do abate das fêmeas,
que até aqui atingiu
48,8% dos animais que
vão para os frigoríficos,
explica esse incremento,
tendo em vista que essa
é uma tendência
verificada desde 2010.
O superintendente
da associação dos
criadores faz duras
críticas ao varejo,
afirmando que o
segmento vem
praticando uma política
“irresponsável”. Para
ele, as margens de
operação do comércio
que chegaram ao
consumidor final, ao
longo dos anos, estão
muito acima do justo e
os empresários do ramo
estão obtendo vantagens
nas “costas” dos
produtores e dos
frigoríficos de Mato
Grosso.
“Apesar de o
confinamento ser 12%
menor este ano e das
exportações baterem
recordes, não há razão
para o consumidor sair
prejudicado, pois o
varejo tem margem para
praticar preços mais
justos”, afirma ele.
EVOLUÇÃO DO PREÇO NO VAREJO, NO ATACADO
E NA ARROBA DO BOI GORDO - BASE 2005
Fonte: IMEA
Con s umi do r paga bem ma i s ca r o pe l a ca r ne , numa
t endênc i a que j á v em oco r r endo de s de 2010
Pa r a o s upe r i n t enden t e da Ac r ima t ,
Lu c i ano Va c a r i , a l t a s en t i da no v a r e j o
não t em n e nhuma j u s t i f i c a t i v a t é c n i c a
J oão F l á v i o Ba r bo s a Sa l e s , do S i n cov aga , d i z que
a l t a t r i bu t ação e s ub s í d i o s ao s f r i go r í f i co s
e x p l i cam o p r e ço no me r cado con s umi do r
O ge r en t e come r c i a l D i ego Ma t t o z o t em boa s pe r s pec t i va s de v enda s
pa r a 2013 , p r e v endo c r e s c imen t o de 20% em r e l ação ao ano pa s s ado