EDIÇÃO IMPRESSA - 465 - page 16

CIRCUITOMATOGROSSO
CUIABÁ, 7 A 13 DE NOVEMBRO DE 2013
CULTURA EM CIRCUITO
PG 4
CHAPEUZINHO VERMELHO
VATICANO/CASAMENTO/ADOÇÃO
MELHOR REMÉDIO
Por José Augusto F
o é A s ilho ilhl
José Augusto é diretor de
teatro e produtor de programas de
variedades
ABCDEF....GLS
Por Menotti Griggi
o
ti G igg
Menotti Griggi é
geminiano, produtor
cultural e militante incansável da
comunidade LGBTT
O Vaticano está pedindo que bispos
e párocos do mundo todo expressem as
opiniões locais sobre casamento entre
pessoas do mesmo sexo, divórcio e
controle da natalidade, numa pesquisa
preparatória para um sínodo em 2014
que discutirá a relação entre os
ensinamentos católicos e a família.
Esse tipo de levantamento é comum
antes dos sínodos (reunião geral de
bispos), mas esse questionário em
especial demonstra uma maior
sensibilidade com questões outrora
consideradas tabu para a Igreja, como
a maneira pela qual a instituição pode
incluir crianças adotadas por casais do
mesmo sexo.
O questionário foi enviado aos
bispos em 18 de outubro,
acompanhado de uma carta do
arcebispo Lorenzo Baldisseri, secretário-
geral do sínodo. A carta e o
questionário foram divulgados na
quinta-feira no site da publicação
National Catholic Reporter, e tiveram seu
teor confirmado na sexta-feira pela
Santa Sé.
“Preocupações que eram inauditas
até alguns anos atrás surgiram hoje
como resultado de diversas situações,
da prática disseminada da coabitação
(...) às uniões entre pessoas do mesmo
sexo que, não raramente, são
autorizadas a adotar crianças”, diz um
prólogo da pesquisa.
A pesquisa não necessariamente
prenuncia uma mudança na doutrina da
Igreja Católica a respeito do casamento
de pessoas do mesmo sexo ou do
controle da natalidade, mas ela é mais
um sinal de que o papa Francisco quer
se aproximar dos católicos comuns em
questões relacionadas à família
contemporânea.
Em entrevista publicada em
setembro, o pontífice disse que a Igreja
deveria deixar de lado sua obsessão
contra o aborto, a contracepção e a
homossexualidade, para se tornar mais
misericordiosa, sob risco de ver desabar
todo o seu edifício moral, “como um
castelo de cartas”.
As perguntas demonstram uma
preocupação em preparar de forma
mais adequada os jovens para o
casamento, sobre a eficácia dos
métodos naturais de controle da
natalidade e sobre como apoiar a
“jornada de fé” de pessoas divorciadas
que voltam a se casar e são assim
excluídas dos sacramentos.
No entanto, há menos de duas
semanas o Vaticano confirmou que
católicos que voltam a se casar após o
divórcio não podem comungar.
A pesquisa pergunta qual “atenção
pastoral” se deve dar aos que optam
por viver em uniões homoafetivas, e, no
caso desses casais que adotam filhos,
“o que pode ser feito pastoralmente à
luz da transmissão da fé”.
Na Inglaterra, bispos colocaram a
pesquisa na internet, para que todos,
inclusive leigos, possam responder.
Os resultados da pesquisa serão
incluídos em um documento de trabalho
do sínodo extraordinário de outubro de
2014.
Quem não conhece a história de
Chapeuzinho Vermelho????????
Feche os olhos e comece a se
lembrar.
A pedido da mãe, uma menina
deve atravessar um matinho sinistro
pra levar comida até a casa da vó
doente. No caminho, Chapeuzinho é
abordada por um lobo, que lhe
indica um desvio longo enquanto
pega um atalho até a casa da
velhinha e a devora sem dó nem
piedade. Chegando lá, Chapeuzinho
trava um diálogo recheado de
duplos sentidos e também é comida.
Eis que um caçador salva o dia,
tirando avó e neta da barriga do
lobo.
Na versão compilada por
Perrault em 1697, a menina e a
velhinha morriam. Foram os Grimm,
que, 160 anos depois, tiraram o
caçador do chapéu. O final varia,
mas mantém-se o sugestivo diálogo
que começa com “pra que esses
olhos tão grandes?” e termina com
“pra te comer melhor!”. A melhor
parte.
Existe uma versão anterior à
tradicional, que inclui canibalismo (a
menina bebe o sangue e come a
carne da avó), strip-tease e até
sugestão de golden shower. Sim, o
lobo pede que a menina urine sobre
ele. O lobo, além de pedófilo, é
fetichista. Uma questão recorrente é:
por que Chapeuzinho dá trela ao
lobo? “Ela é uma criança com a
ingenuidade de quem não sabe sobre
o sexo. Ela pode não saber que jogo
está sendo jogado, mas é inegável
seu interesse em participar”.
Esse caminho interpretativo leva
ao campo minado da sexualidade
infantil. Segundo Freud, nossas
primeiras experiências sexuais são
encobertas por uma espécie de
amnésia que vai até os 6 ou 8 anos. A
história teria sobrevivido por usar
símbolos que nos fazem pensar nessa
questão. Ou seja: o conto não fala
apenas sobre o perigo do
desconhecido, mas sobre a perda da
inocência.
No sexo, há adultos que agem
como uma menina diante de um lobo.
“Quando a vida lhes impõe um papel
sexual, vão oferecer o que têm: sua
ingenuidade”. Eu acho que na
verdade Chapeuzinho era uma safada
que deu o truque da galinha morta
pra seduzir o Lobo Mau e entregá–lo
de bandeja pro caçador, por quem na
verdade ela estava interessada. E ae,
você tá mais pra Lobo Mau ou pra
Chapeuzinho Vermelho????
E pra finalizar tem aquela versão
que Chapeuzinho chega pro Lobo e
começa o bombardeio de perguntas:
pra que esses olhos tão grandes???,
pra que esse nariz tão grande???, pra
que esses olhos tão grandes???? E o
lobo a fita nos olhos e diz: “Ai, para
com essa palhaçada que hoje eu não
tô boa. Menina chata, mil anos
fazendo o mesmo personagem, não
tem criatividade nem pra mudar o
texto????. Eu hein!
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