EDIÇÃO IMPRESSA - 457 - page 11

CIRCUITOMATOGROSSO
PANORAMA
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G
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CUIABÁ, 12 A 18 DE SETEMBRO DE 2013
ALGODÃO
A força do algodão e a necessidade de política agrícola para o setor foram destacadas durante congresso em Brasília.
Por: Sandra Carvalho. Fotos: Divulgação
Produtores cobram política agrícola
O 9º Congresso
Brasileiro do Algodão (9º
CBA), que aconteceu
semana passada em
Brasília, expôs ao centro
político nacional a falta de
uma política agrícola
consistente para o setor e a
força e a importância da
cultura para o país. O
congresso foi promovido
pela Associação Brasileira
dos Produtores de Algodão
(Abrapa) e realizado pela
Associação Mato-grossense
dos Produtores de Algodão
(Ampa). Esta edição teve
como o tema “Algodão:
Gestão e Otimização de
Resultados”.
“Não há reajuste na
tabela de preço mínimo há
mais de 10 anos. Este ano
não tivemos nenhum novo
registro de moléculas para
fazer frente às pragas da
lavoura e estamos a 30
dias de começar o plantio
da safra 2014. E temos
uma infraestrutura logística
precária”, pontuou Milton
Setor já amargou prejuízo de R$
10,7 bilhões por causa de lagarta
Produtores aguardam decreto
presidencial para importação
GRÃOS
Perdas em pré e pós-colheita
chegam a 4% da safra
Assunto foi tema de simpósio realizado no município de Sinop,
Norte de Mato Grosso
Na lavoura, a cada
hectare plantado perdem-se
em média duas sacas,
considerando uma
produção de 50 sc/ha.
Essas perdas correspondem
a diferentes etapas, até que
o grão chegue a seu destino
final, incluindo o processo
de colheita e pré-colheita,
transporte longo e curto e
armazenagem.
Durante o processo de
colheita, o ônus é, em
média, de 2% (1 sc/ha) e
varia conforme o perfil e a
regulagem dos maquinários,
as características da cultivar,
a sistematização do talhão e
a capacidade operacional.
Os dados são relativos à
safra 2012/2013 e resultam
de duas pesquisas
realizadas pela Associação
dos Produtores de Soja e
Milho de Mato Grosso
(Aprosoja) e parceiras nas
regiões de Rondonópolis e
Sinop.
Segundo Zulema
Figueiredo, pesquisadora da
Universidade do Estado de
Mato Grosso (Unemat), em
sete das 11 propriedades
constataram-se perdas totais
abaixo de 60 kg por
hectare, enquanto nas outras
quatro as perdas ficaram
entre 77 e 97 kg, resultando
na média de 59,48 kg, ou
seja, 1 sc/ha. Esses números
são muito próximos aos
encontrados pelo
pesquisador Rodrigo
Zandonadi, da Universidade
Federal de Mato Grosso
(UFMT), que observou perda
média de 66 kg por hectare
nas 12 propriedades
acompanhadas.
Já a etapa de pré-
colheita resulta numa perda
de 1%, segundo estimativas
da Aprosoja. Essa perda
varia de acordo com o
clima, variedades, abertura
de vagens, pragas e tempo
de colheita. “Muitas vezes as
variações do tempo
atrapalham a colheita, o
produtor acha que vai colher
um número x, mas precisa
atrasar alguns dias por conta
da chuva, por exemplo, e
acaba colhendo menos”,
explica o gerente de
planejamento da Aprosoja,
Cid Sanches. Durante a
armazenagem são mais
0,25% de perdas ao mês,
segundo dados dos
Armazéns Gerais da Conab
e cooperativas, causadas
tanto pela falta de armazéns
quanto pelas condições
estruturais daqueles
disponíveis, e ainda pela
possível ação de micro-
organismos e do clima. No
transporte curto,
deslocamento das
propriedades até armazéns e
receptoras próximas, soma-
se 0,50% de perda, e no
transporte longo, até os
portos, por exemplo, fica em
mais 0,25%, conforme
dados das empresas
exportadoras e cooperativas.
As perdas durante as etapas
de transporte são efeitos dos
seriíssimos problemas de
logística que atingem todo o
território nacional.
PADRONIZAÇÃO
Mas, para o produtor
rural, a perda final é muito
maior, podendo chegar a
10% de tudo que é
plantado. Isso porque é o
agricultor quem arca com
os custos da padronização
dos grãos, que
correspondem a 6%, ou
seja, 3 sc/ha.
Uma da s pe r da s acon t ece no t r an s po r t e dos g r ãos po r con t a dos
p r ob l ema s de l og í s t i ca que a t i ngem t odo o t e r r i t ó r i o nac i ona l
Produtores de algodão
já amargaram, em 2013,
prejuízo na ordem de R$
10,7 bilhões por causa da
lagarta
Helicoverpa
spp,
praga cujo ataque se
intensificou no início deste
ano nas lavouras dos
principais polos da cultura
no país. “Não podemos
importar defensivos
adequados por falta de
estrutura dos órgãos do
governo federal
responsáveis pelos registros
dos produtos”, reclamou
Milton Garbugio. Segundo
ele, a Anvisa [Agência
Nacional de Vigilância
Sanitária] proibiu a
utilização de produtos
contra a praga que já vêm
sendo usados há muitos
anos por outros
grandes
players
do
mercado do algodão em
pluma, como os Estados
Unidos e a Austrália.
Garbugio também
explicou que a lagarta já
está presente em todas as
regiões produtoras do país,
como Bahia, Goiás, Minas
Gerais, Mato Grosso do Sul
e Mato Grosso.
O quadro é mais
grave no Oeste baiano,
onde as perdas são
estimadas em R$ 1,5
bilhão. Essa edição do
Congresso do Algodão
abordou a questão
d a
Helicoverpa
spp
dentro do tema geral
“Algodão, Gestão e
Otimização de Resultados”,
que será dividido em duas
etapas. “Adotamos estrutura
diferenciada das outras
edições, com dois dias
dedicados ao Módulo
Negócios e dois ao Módulo
Científico, para dar mais
dinâmica aos debates e
garantir maior participação
dos congressistas”, disse
Garbugio.
Mi l t on Ga r bug i o , p r e s i den t e do 9º CBA , r e c l amou
da f a l t a de e s t r u t u r a da An v i s a pa r a ga r an t i r
impo r t a ç ão de de f en s i v o s
O presidente da
Associação Brasileira
dos Produtores de
Algodão (Abrapa),
Gilson Pinesso, afirmou
que a solução ao
impasse em torno
d a
Helicoverpa
spp
será a edição pela
presidenta Dilma
Rousseff de um decreto
presidencial.
Essa medida
poderá autorizar a
importação dos
defensivos testados no
exterior com bons
resultados no combate à
Helicoverpa
spp. De
acordo com o dirigente
da entidade, o Mapa
ficou sensível ao
problema e editou uma
ordem para permitir a
importação dos
defensivos
comprovadamente
eficientes para o controle
da praga. No entanto, a
iniciativa ainda não foi
endossada pela Anvisa.
A edição de um
decreto presidencial para
solucionar o problema foi
anunciada durante
audiência com a Frente
Parlamentar da
Agropecuária e a
ministra-chefe da Casa
Civil, Gleisi Hoffmann,
que pediu prazo para
analisar a proposta e
autorizar a utilização de
defensivos agrícolas
importados no combate
emergencial de pragas
e doenças.
A FA Frente P
r
arlamentar da Agropecuária foi recebida
pela ministra-chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann
pela ministra-chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann
Garbugio, presidente do 9º
CBA e da Associação Mato-
grossense dos Produtores de
Algodão (Ampa),
realizadora do congresso.
O presidente da
Associação Brasileira do
Algodão (Abrapa), Gilson
Pinesso, citou também o
excesso de processos para
análise nos órgãos de
governo. “São cerca de
1.700 processos à espera
de análise na Anvisa
(Agência Nacional de
Vigilância Sanitária), Mapa
(Ministério da Agricultura,
Pecuária e Abastecimento) e
no Meio Ambiente
(Ministério do Meio
Ambiente). “Se
continuarmos nesse ritmo,
só daqui a 100 anos
conseguirão aprovar novos
registros”, comentou.
Presente ao evento, o
secretário de Política
Agrícola do Mapa, Neri
Geller, disse que o governo
vem ampliando
sistematicamente
investimentos no setor rural.
E citou o aumento no
volume de recursos
empregados no Plano Safra
2013 (R$ 136 bilhões) ante
R$ 115 bilhões no ano
anterior.
No entanto, admitiu a
falta de acordo com a
equipe econômica para a
recomposição do preço
mínimo do algodão.
“Apesar de termos a
consciência da necessidade
de reajustar o preço mínimo
do algodão, não
conseguimos acordo com a
equipe econômica”,
reconheceu.
Em um cenário político
desfavorável para a
cotonicultura, Garbugio
destacou durante a abertura
a importância da
organização e da união do
setor para enfrentar os
obstáculos. ”A proposta do
congresso é que todos
saiam daqui mais
conscientes e preparados
para enfrentar os desafios
em seus negócios.
Queremos consolidar,
ampliar e compartilhar os
resultados positivos com
toda a sociedade”,
ponderou. Segundo
Garbugio, a eficiência e a
capacidade de
planejamento dos
empreendedores rurais
consolidaram o Brasil no
mercado internacional. O
país ocupa a 3ª posição no
ranking mundial de
exportação da fibra. E
destacou: “O agronegócio
é o segundo que mais gera
postos de trabalho no Brasil,
só perde para a construção
civil”.
Líderes políticos mato-
grossenses participaram do
evento, como os senadores
Blairo Maggi (PR) e Pedro
Taques (PDT) e o
governador Silval Barbosa
(PMDB).
O 9º Cong r e s so B r as i l e i r o do A l godão t eve como t ema
“A l godão : Ge s t ão e Ot imi z a ç ão de Re s u l t ado s ”
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