EDIÇÃO IMPRESSA - 457 - page 18

CIRCUITOMATOGROSSO
CUIABÁ, 12 A 18 DE SETEMBRO DE 2013
CULTURA EM CIRCUITO
PG 6
Info: (65) 3365-4789
CADEIRA DE BALANÇO
PPor Carlinhos Alves Corrêa or
Carlinhos é jornalista
e colunista social
Rosemar Coenga é
doutor em Teoria Literária e
apaixonado pela literatura de
Monteiro Lobato
ALA JOVEM
PPor Rosemar Coenga
o
ABRINDO CAMINHOS
FATOS ACONTECIDOS
Em 24 de julho de 1965 aconteceu no
Maracanãzinho o Concurso do Miss Brasil,
sendo a vencedora Maria Raquel, que
representou o país no Miss Universo em
Miami. Enquanto isso, a beleza da mato-
grossense Marilena de Oliveira Lima, ao
entrar na passarela do Maracanãzinho, era
aplaudida de pé pela multidão que gritava:
“Esta é a nossa Miss Brasil!”. Sem visão total
dos padrões de beleza, infelizmente os
senhores jurados daquela época não
tiveram a visão nos requisitos de analisar a
beleza da nossa Miss Mato Grosso, o que
foi uma pena. No tempo de Stendhal, a
forma mais espetacular de entrar na
sociedade era através de um duelo. Hoje
em dia a maneira mais prática de alcançar
a fama é despertar controvérsia, ou seja, na
definição um tanto cínica de um escritor:
“Fale mal, mas fale de mim”. Com
Marilena, porém, a controvérsia é a favor.
Todos falavam bem dela, ela foi a Miss que
não ganhou a coroa mas merecia ganhar. E
foi a Miss Brasil adotiva do povo. E, assim,
Mato Grosso sempre fazendo papel bonito
no certame da beleza, sempre deixando a
marca de “rara beleza”.
A INELEGÍVEL
A desclassificação da nossa
representante em 1965, quando as rádios
da época transmitiam ao vivo o Concurso
de Miss Brasil, principalmente a Rádio Voz
D’Oeste, foi uma coisa que deixou todo o
Estado de Mato Grosso decepcionado. A
bela Marilena de Oliveira Lima no Miss
Brasil mexeu então até com o presidente da
República da época Humberto de
Alencar Castelo Branco, como também
com o governador de Mato Grosso, Dr.
Fernando Corrêa da Costa. Todos
lamentaram. Assim, ao menos julgou o
povo, que lamentou o fato de ela ter sido
prejudicada por uma inexistente lei da
elegibilidade. A Miss Mato Grosso tinha uma
pele morena belíssima e toda ela era um
encanto. Ela aceitou elegantemente a
desclassificação. Afinal, vivemos numa
democracia, como falava Fernando Sabino:
“Democracia é oportunizar a todos o mesmo
ponto de partida. Quanto ao ponto de
chegada, depende de cada um”. Foi
procurada naquela época uma fórmula
mais prática de fazer valer a vontade do
povo. E assim, em Maiorca, poderia tornar-
se Miss ONU. A diplomacia decidiu fazer a
felicidade de Miss Mato Grosso, Marilena de
Oliveira Lima: no Ministério das Relações
Exteriores
lhe deram o título de Miss
Itamaraty. Até nos dias de hoje, no Miss
Brasil lamenta-se o fato de a Miss Mato
Grosso 1965, Marilena de Oliveira Lima, ter
ficado “inelegível”. Mas, independente de
sua vontade, continua sendo sempre
lembrada.
MANGUEIRAS URBANAS
Como diz a música “Folhas secas”,
interpretada por Elis Regina, quando piso em
folhas caídas de uma mangueira, isso me
faz lembrar dessa fruta, saborosa presença
quase obrigatória em diversos paladares,
principalmente em boa parte da culinária.
Aos poucos, aquelas mangueiras
espalhadas nos quintais cuiabanos, com o
perfume de suas flores e o bailado das suas
folhas, vão desaparecendo, dando espaço
para os imensos arranha-céus. Aplaudimos
algumas famílias por preservarem as nossas
mangueiras em seus quintais, tais como: D.
Bembém, Paulo Campos, Alaidinha Prado,
Otinio Costa e Silva, Edmundo Tenuta, Maria
de Arruda Muller, D. Helena Muller de Abreu
Lima, Maria Monteiro. Já na Travessa São
Joaquim, no bairro do Porto, e no lembrado
quintal do historiador Rubens de Mendonça
só restaram mangueiras de manga Bourbon,
frutas com aquela doçura inigualável. Há
muita gente preocupada com o crescimento
estrondoso da querida Cuiabá,
principalmente no que se diz respeito ao
Patrimônio Histórico. Quase todos os
casarios estão indo ao chão. Não bastasse
isso, passamos a perceber que as nossas
mangueiras também estão em extinção e a
maioria das mangas é enxertada, sem
aquele sabor de frutas dos quintais, com
aquela cor e aquele cheiro inigualável.
Olhando de cima dos edifícios, o número de
mangueiras espalhadas nos quintais
cuiabanos diminuiu bem. Será que não
amam o verde?
Frente à capa, nossa imaginação logo
se põe a funcionar — mãos dadas, menino
e menina tão só João e Maria vão abrir o
próprio caminho: para onde? Partindo do
Rio de Janeiro a um ponto qualquer do
mapa, eles têm o mundo a seus pés... E, na
moldura da ilustração, pena, arco, óculos,
ampulheta, árvore, um violão, um avião de
rabiola, um barco antigo, a famosa torre
francesa, um monstro marinho escamoso e
alado.
A princípio, a lugar nenhum, pois este é
apenas um despiste da ilustradora a
respeito de que é possível encontrar dentro
do livro. Mas é a viagem que nos oferece
Ana na obra
Abrindo caminhos
(2007),
publicada pela Editora Ática. Com o livro
nas mãos, nem é preciso sair do lugar para
conhecer o que havia no meio do caminho
de Dante, Carlos e Tom: uma floresta, uma
pedra, um rio... Ou no caminho de Cris,
Marco e Alberto: oceano, deserto, muita
lonjura. E o que há nos possíveis caminhos
de cada leitor, o texto diz:
No meio do meu
caminho. Tem coisa de que não gosto.
Cerca, muro, grade tem. No meio do seu,
aposto. Tem muita pedra também.
E assim, intertextualizando caminhos, o
poema de Ana Maria vai abrindo começos
de leitura dos clássicos da literatura
universal, à poesia brasileira e à nossa
canção popular, mais referências históricas
da grande aventura que é a marcha da
civilização humana. Todo o livro é uma
promessa de vida – porque a autora,
afinada com o diálogo entre gerações (de
pessoas e de textos), vai juntando frases e
versos que pinçou aqui e ali para compor
sua própria canção.
Grandes e belas, as ilustrações de
Elisabeth Teixeira vão abrindo caminhos
para o variado cenário da leitura, dando
ao olhar as pistas que o texto nos quer fazer
descobrir.
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