CUIABÁ, 4 A 10 DE ABRIL DE 2013
CULTURA
Por Luiz Marchetti
Fotos: Luiz Marchetti
Luiz Marchetti é
cineasta cuiabano,
mestre em design em arte
midia, atuante na cultura de
Mato Grosso e é careca.
UMA PORÇÃO DE CUIABÁ
Entre cores raças ruas e praças
sob um sol contundente
e um falar tão diverso
a cidade se move.
Lenta e apressadamente
altera seus retratos
edita seus postais
com bons e maus tratos.
Ecos do Pantanal
desenhos de Chapada
passado e pessoas
convergem para ela.
Já a vi em tantas telas
e pensei fazê-la em versos.
Cuidei que fossem leves
de um concreto digerível
e ao sabor de suas noites:
Cuiabá... um poema tropical.
(Marta Cocco, “Meios”, 2001)
294 ANOS: CIDADE EM TRANSE
Se no futuro será melhor, torcemos/ pagamos por isso, porém hoje, neste presente de aniversário,
sabemos que já tivemos uma capital melhor. Assim, nesse transe, caminhei para o bairro histórico
com um outro poema de Marta Cocco na cabeça:
07.
chegamos ao centro
porque assim o chamam
e os semáforos acendem meninos sob o efeito de
esmolas
e outras drogas similares
de grave repercussão
nos custos da saúde pública
preciso, por acaso, agradecer
por ver o que vejo
e sentir o que sinto?
Deveria endereçar alguma prece a quem tenha decidido
as coisas como estão?
Nada fácil acatar certos constituintes
Que nos organizam humanos.
Não havendo talento para o disfarce
Edemas e toda a sorte de pus
Íntimas alergias
Enxaquecas
Melancolias
Dentro e fora do corpo
à espera de catarse.
Do contrário pode-se ficar abaixo
do bem e do mal
obedecendo a ser indiferente
o que é o mesmo que ser igual.
(Marta Cocco, “Sábado ou Cantos
para um dia só”, 2011)
Nas horas em que rodo a cidade, que
fotografo cantos onde passei minha infância,
onde Cuiabá passou por mim, por famílias e
muitas memórias, não vejo sequer um
policial, unzinho, nem um guarda passar
longe. Passeiam drogados, agora chamados
de noiados, correm vultos longe querendo
não ficar por aqui. Não fique aqui. Me
chocaria encontrar uma sensação de
segurança, mas nem pelo Centro Histórico,
nem pelas obras paradas no domingo quente
nas redondezas da aniversariante vejo
alguém cuidando de nosso ir e vir pela
capital.
Olho melhor: toda melhoria na
paisagem vem da iniciativa privada. Se eu
gosto de algo, eu percebo um conceito e
uma finança privada. Tudo o que vem do
que pagamos talvez venha a melhorar, mas
no momento é
working in progress
, está em
transformação ou abandono de
transformação. Como a iminência de um
progresso tardio ou de ruína familiar. Afaste-
se de maus pensamentos / Virá, penso
positivamente, o progresso virá. Alguém um
dia vai conectar a cidade com todo o
orçamento criativo, vão chamar a classe
artística pela imprensa, da SECOPA sairão
avisos, sinais na mídia estadual, vão recrutar
os artistas para o projeto da COPA 2014,
vão abrir projetos para inscrições. Sim, isso
vai acontecer visando ao interesse público.
Pense nisso, concentre-se, não hesite.
Cuidado com a câmera fotográfica aqui no
centro da cidade, não há um vulto de
segurança. Onde estão os policiais quando
você precisa de um?
Mauro e Virginia dançam Calypso?
Em qualquer nivelzinho básico de
mercado sabemos que é fundamental
exportar mais do que importar para
crescermos. Na nossa indústria criativa não
seria diferente. Porém, em pleno aniversário
de 294 anos de Cuiabá, importam de outros
estados mais subcultura com sertanejoides
universitários, ao invés de investir na pesquisa
e na diversidade de nossos criadores. A
grande festa de aniversário da cidade gera
grande descontentamento em uma
população que não quer o fim da
SECRETARIA DE CULTURA DA PREFEITURA,
mas ao mesmo tempo não suporta a falta de
conhecimento, de capacidade de diálogo e
gestão num momento crucial de nossa
indústria criativa.
Na capital onde nasceu o Grito Rock que
conquistou o mundo, na capital onde
ressurgiram o CURURU e o SIRIRI para
fomentar raízes de milhares de famílias, numa
cidade lotada de ateliês de artistas, músicos e
profissionais sérios, a prefeitura traz a Banda
CALYPSO, breguice viva do lixo musical
nacional para ser nosso presente de grande
público. E cantando em playback. Nota zero
para a Secretaria de Cultura de Cuiabá, e se
lotar, pior ainda, porque isso significa que a
máquina cultural da prefeitura sustentou ainda
mais o mercado cultural vicioso, negativo e
doente da cultura do lixo. Colaborou com o
naufrágio. Volume de lixo é apodrecimento.
Tenham vergonha deste evento desprezível.
E eles não sabem o que fazem? Na
campanha política de Mauro Mendes fui
chamado para trabalhar na Curadoria da
Publicidade Política e promover adesivos com
a nossa classe artística, busquei a nata,
ansiosa por conhecer MAURO E VIRGÍNIA, fiz
um trabalho olho no olho com os artistas,
pedindo credibilidade aos artistas diante do
papel em branco que viria num futuro mais
promissor pela frente. Não sabíamos o que
vinha/o que vem pela frente. Pedia
credibilidade. E acredite, os artistas,
capricharam.
As pinturas e depois os adesivos ficaram
ótimos, entreguei na agência e os decalques
estampando Mauro Mendes 40 saíram pela
capital pedindo votos e torcendo por tempos
melhores no meio daquele pesadelo que
vivíamos de WILSON SANTOS E GALINDO.
Se “a esperança vigiava os corações” na
entrada de outra gestão, se torcíamos por
ações mais conscientes do mercado na
INDÚSTRIA CRIATIVA CUIABANA, temos aqui
neste aniversário da capital um exemplo
decepcionante. É frustrante acreditar que o
CASAL NÚMERO UM da capital
aniversariante, realmente admire essa
programação e deseje o fomento dessa
cultura para a nossa cidade, é inconcebível
que este casal exemplo, com sua Secretaria
de Cultura, chegou a vitrinar, pagar e
promover esse
approach
em nossa
população. BASTA DE UNIVERSITÁRIO, basta
de monocultura idiota importada dos lixos e
da industria criativa de outro Estado. Meu
Prefeito Mauro, Invista na industria criativa,
nos artistas e na educação cultural destas
pessoas que te elegeram.
Virando as costas para o que fazem, e
pagam com nosso imposto, passo diante do
cemitério da Piedade e vejo a água
escorrendo pelas calçadas. A CAB segue
piorando a aniversariante. As contas
aumentam, a água falta, a população em
peso reclama e o mais intrigante é que os
fiscais fazem a retaliação na população,
talvez porque eles devam também odiar a
CAB. No final desta tortura a culpa é do
cliente e da velha desculpa dos vazamentos
privados.
A FESTA QUE VOCE DEVE IR.
Nesta
segunda feira, dia 08 de abril as 19h, a
Classe Artística, na PRAÇA DA MANDIOCA
improvisa um SARAU FREE Edição de
ANIVERSARIO DE CUIABA, com artistas locais
e nacionais. Um ato cultural irreverente e que
poderia com mais orçamentos ser um ótimo
show de grande porte. Porem o Sarau que ha
anos funciona nunca foi convidado pela
Secretaria da Cultura de nossa Prefeitura para
receber nossos investimento. Afinal os grupos
de sertanejo de Goiânia e a Calypso enchem
mais os olhos da prefeitura.
Vá prestigiar mas se na hora da festa,
você como eu sentir o potencial de nossos
artistas sem apoio de nosso lideres, não
desanime, lembre-se que o espetáculo
VOADEIRA NO CIRCO É PIPOCA
ESTOURANDO saiu de Cuiabá e neste
mesmo final de semana brilha no FESTIVAL
DE TEATRO DE CURITIBA, lembre-se da
vibrante exposição de ALESSANDRA
MASTROGIOVANNI que segue na Casa do
Parque, uma das mais bonitas individuais
apresentadas no Brasil. E quando a dúvida
voltar, inspire-se nos artistas locais, visite o
ateliê de OLÍMPIO BEZERRA com suas novas
obras no CPA.
A partir de móveis, pedaços de
cadeiras, mesas e televisores, OLÍMPIO
transforma o seu lixo em imagens de cor e
transcendência. Ele tem fé na arte
transformadora como uma ferramenta que
cura, que supera a inoperância e a falta de
diálogo, flutua pela CAB, acima dos nós da
CEMAT e nem presta atenção no lixo de
CALYPSO para cantar CUIABÁ. Olímpio
prepara obras para sua mais nova
exposição. Aprendamos com ele.
Comemorando outras transformações
enquanto o tempo não mostra ainda tão
bons resultados.
“Voadeira no Circo é Pipoca Estourando”. Esta é a
estória que o Grupo Teatro de Brinquedo, formado por
jovens atores cuiabanos, que traz à Praça Rui Barbosa,
centro de Curitiba, nos dias 5, 6 e 7 de abril,
cumprindo a programação do Fringe de Curitiba.
(65) 8115 5337
Por ações como esta, parabéns Cuiabá!
O a t e l i ê de OL ÍMP IO BEZERRA , com peças de a r t e
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