CIRCUITOMATOGROSSO
CUIABÁ, 4 A 10 DE ABRIL DE 2013
OPINIÃO
P
G
2
Presidente do Conselho Editorial:
Persio Domingos Briante
Av. Miguel Sutil, 4001 C - Pico do Amor - Cuiabá - MT - CEP 78010-500 -
Fone/Fax:
(65) 3023-5151
E-mail:
CIRCUITOMATOGROSSO
Diretora-executiva:
Flávia Salem - DRT/MT 11/07- 2005
Tiragem da edição 428 auditada
por PWC de 23.232 exemplares
Propriedade da República Comunicações Ltda.
Editor de Arte:
Glauco Martins
Revisão:
Marinaldo Custódio
Reportagem:
Camila Ribeiro, Mayla Miranda,
Rita Anibal e Débora Siqueira
Fotografia:
Pedro Alves
ENTRE ASPAS
EDITORIAL
Sob pressão
Editora:
Sandra Carvalho
SERVIDORES
Estrutura sucateada, servidores à mingua
Governo inverte valores ao dar incentivos fiscais infrutíferos e negligenciar com os servidores públicos.
Por: Mayla Miranda. Fotos: Diego Frederici
Pressionado pelo Fórum
Sindical, o atual secretário de
Administração do Estado,
Francisco Faiad, continua se
esquivando das principais
reivindicações dos servidores,
para quem o governo vem
realizando um sucateamento
planejado da carreira,
beneficiando os empresários
com grandes incentivos
fiscais e retendo as verbas
obrigatórias das
organizações sindicais. Ainda
segundo eles, além de
cercear os direitos dos
sindicalistas, o Governo do
Estado ainda estaria
tentando colocar o servidor
público contra a sociedade,
principalmente quando
praticaria “propaganda
enganosa” de melhorias
salariais aos trabalhadores.
“Não é possível aceitar
que o governo disponibilize
tanto dinheiro para grandes
empresas e deixe os seus
servidores desamparados.
Nós até protocolamos um
pedido na Assembleia
Legislativa do Estado
pedindo que esses incentivos
não sejam mais concedidos.
Enquanto o Estado renuncia
a impostos, também retém a
verba sindical, que é
descontada diretamente do
servidor. Esta verba é
privada dos sindicatos e não
deveria ser retida para fazer
caixa nos cofres públicos”,
relatou Gilmar Bruneto,
presidente do Sindicato dos
Trabalhadores da Assistência
Técnica, Extensão Rural e
Pesquisa Pública de Mato
Grosso (Sinterp-MT), durante
mais uma reunião do Fórum
Sindical na Secretaria de
Estado de Administração.
Apoiando a fala de
Gilmar, a representante do
Sindicato dos Servidores do
Detran, Veneranda Acosta,
solicitou ainda que os
repasses sindicais não
passem pela conta única do
Estado. “Já que o governo
recebe o dinheiro
diretamente da fonte, os
recursos deveriam ser
repassados imediatamente
aos sindicatos, sem fazer
parte de nenhum orçamento
fora do previsto”,
complementa.
Indiferente à postura
contundente dos sindicalistas,
o secretário garantiu que os
repasses estão em dia e que
esses recursos não envolvem
a Conta Única. “Somente os
repasses disponibilizados
pelos servidores aposentados
ainda registram atraso”.
Outro ponto bastante
polêmico destacado pelos
sindicalistas é a falta de
transparência no governo e
a possível prática de
“propaganda enganosa”.
“Eu não entendo de onde
o governo tirou que os
professores receberam um
aumento salarial de 86%.
Assim, esta propaganda é
totalmente enganosa e
acaba colocando a
sociedade contra nós. Na
verdade, ainda não
tivemos o aumento real
necessário. Este valor que
foi repassado aos
servidores não cobre as
perdas salariais”, afirmou
Orlando Francisco,
representante do Sindicato
dos Profissionais da
Educação de Mato Grosso
(Sintep-MT).
Em resposta ao
sindicalista, Faiad,
visivelmente irritado, limitou-
se a discordar e mudar de
assunto rapidamente. Em sua
defesa, o secretário preferiu
passar para a pauta do MT
Saúde, lembrando que após
o início da sua gestão o
plano reiniciou os
atendimentos.
“O MT Saúde já voltou
a atender os servidores.
Desta forma, estamos
fazendo bons progressos,
estamos caminhando para
transformá-lo em um plano
de saúde viável”, declarou o
secretário, lembrando ainda
que o plano não consegue
sobreviver sem os subsídios
do governo.
“O fato é que quanto melhor
trabalham os órgãos de
controle, mais incomodam os
maus gestores.”
Luiz Henrique Lima, auditor
substituto de conselheiro do TCE-
MT, confirmando que quando se
multiplicam as críticas aos Tribunais
de Contas é porque o controle
externo está incomodando, ou seja,
funcionando e cumprindo o seu
papel.
“Eu só tenho 85% de
incentivos fiscais.
Pago 15%!”
Jandir Milan, presidente da
Fiemt, empresário e um dos
maiores fornecedores do Estado,
colocando-se como “coitadinho”
por não ter 100% de regalias no
ICMS.
“Agora que a situação do MT
Saúde está vindo à tona e todos
estão empenhados em resolver o
problema, não é hora de acabar
com a CPI.”
Gilmar Brunetto, presidente do Sinterp,
criticando a postura do presidente da
Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI)
do MT Saúde, deputado Walter Rabelo
(PSB), que propôs o fim dos trabalhos.
“Já foi comprovado que houve
desvio, e que não houve
auditoria, portanto não há
mais trabalho para a
comi s são. ”
Deputado estadual Walter Rabelo
(PSB), presidente da CPI do MT
Saúde, dando-se por satisfeito e
pedindo o encerramento dos
trabalhos da comissão.
“Disputo com ele bonitinho,
sem conversa fiada... E ainda
dou nele de dois por um.”
Senador Jayme Campos (DEM),
candidatíssimo à reeleição em
2014, chamando Silval Barbosa
(PMDB) para a disputa e
desdenhando que não teria
candidatos do seu nível.
O jornal
Circuito Mato Grosso
vem mostrando as mazelas do
Governo Silval Barbosa, especialmente nas áreas da saúde,
educação e aspectos sociais, como as oportunidades de
emprego e geração de renda. No primeiro momento é possível
pensar que o governador seria o único responsável por todos os
problemas que o Estado enfrenta. A reflexão importante num
momento como este é em relação a outros personagens da
gestão pública. Na Assembleia Legislativa, por exemplo, 24
deputados são muito bem pagos, trabalham em ambiente
extremamente confortável, beirando o luxo, consomem R$12
milhões por ano de combustível para atender as suas bases
eleitorais e inclusive garantir sua reeleição, e dispõem de um
orçamento de R$200 milhões para consumir ao longo de um
ano. Bem maior que o orçamento de 10 secretarias de Estado,
do Ministério Público e da Defensoria Pública. Mantêm o
controle de várias pastas, pressionam o Executivo a tomar
decisões que atendam os seus interesses ou priorize setores que
financiam suas campanhas. A sociedade organizada precisa
reagir e cobrar dos parlamentares que exerçam suas funções,
que legislem em defesa da sociedade, que parem de olhar para
o próprio umbigo em detrimento de milhares de mato-grossenses
que sofrem sem saúde, educação, segurança...