CIRCUITOMATOGROSSO
CUIABÁ, 4 A 10 DE ABRIL DE 2013
CULTURA EM CIRCUITO
PG 7
FUTEBOL
No aniversário de Cuiabá, destaque para o mais tradicional time de futebol da capital.
Fonte: Mixto Esporte Clube. Fotos: Reprodução
Fred Fagundes é
blogueiro, volante de contenção e
tá aqui de volta. 4verbos.com.br |
PAPO DE HOMEM
Por Fred Fagundes
Mixto, símbolo esportivo da ‘cuiabania’
Em plena Cuiabá da
década de 30, no século
XX, no Centro Geodésico
da América Latina, nascia
o clube que tempos
depois se tornaria o Mais
Querido de Mato Grosso,
símbolo esportivo e
cultural da “cuiabania”.
A história do Mixto
Esporte Clube se confunde
com a história de Cuiabá
no século passado, sendo
parte das tradicionais
marchas carnavalescas e
festas populares. O Mixto
se tornou o orgulho dos
cuiabanos, levando o
nome da cidade por
vários cantos do Brasil,
até os dias de hoje,
fortificando-se como o
clube das massas, do
sotaque, da culinária, das
crenças e do modo de
vida do cuiabano.
Dia 20 de maio de
1934, na Rua Sete de
Setembro, centro de
Cuiabá, quase em frente
à Igreja Senhor dos
Passos, mais
especificamente na antiga
Livraria Pepe (um casarão
construído em estilo
colonial e tombado pelo
Patrimônio Histórico e
HINO DO MIXTO
(Original)
Autora: Zulmira
Canavarros
(Com assistência de
Ulisses Cuiabano)
O Mixto Sport Club
Agora se apresenta.
E pelo branco e
negro,
As cores que ostenta
No seu pavilhão.
Seremos sempre
unidos
E sempre destemidos.
Havemos de lutar
E também trabalhar
De todo coração.
Hurra!... Hurra!...
O Mixto Sport Club
Será o lema
Desta nossa
sociedade.
A união e também a
lealdade.
Debaixo do nosso céu
de anil,
Tremula altaneira
Nossa gentil
bandeira.
E pelo sport, em
nossa Cuyabá,
Teremos por fanal,
Luctar, luctar, luctar
Por nosso ideal.
As cores do Mixto não podiam ser outras se não o preto e
o b r anco . Duas co r e s opos t as , mas ao me smo t empo e s s enc i a i s .
B r anco e p r e t o , homens e mu l he r e s , as s im nas cem as co r e s do
A l v i neg r o Ma i s Que r i do do Cen t r o -Oe s t e .
Segundo a grafia atual da língua portuguesa, o
vocábulo “misto” deve ser escrito com “S”, no entanto, o
uso da letra “X” no lugar do “S” se deve ao fato de que
na época da criação do clube a palavra era grafada
dessa forma. Os tempos mudaram, houve reformas
ortográficas na língua portuguesa alterando a grafia de
diversas palavras, inclusive desta, mas preservou-se a
grafia original do nome do time, alterando com o tempo
o restante do nome: de ‘Sport Club’, pra ‘Esporte Clube’.
Mixto com “X”
Artístico Nacional), é
fundado o Mixto Sport
Club (assim era a grafia
original do nome do
clube).
Reunidos no casarão
de estilo colonial, Ranulfo
Paes de Barros, Maria
Malhado, Gastão de
Matos, Naly Hugueney de
Siqueira, Avelino
Hugueney de
Siqueira (Maninho)
e Zulmira Dandrade
Canavarros decidiram
fundar um clube esportivo,
mas estavam
determinados na
construção de um clube
diferente: um clube que
reunisse homens e
mulheres para o
entretenimento cultural e
esportivo, algo incomum
para a época, na qual os
clubes esportivos eram
majoritariamente para
homens.
Dois outros clubes
influenciaram na criação
do Mixto E.C.: o Clube
Esportivo Feminino
(dedicado a discussões e
saraus sobre a literatura
mato-grossense, brasileira
e europeia) e o Clube
Esporte Pelote (liderado
por Nali Hugueney e
também por Zulmira
Canavarros).
O Pelote era um time
de vôlei feminino que
funcionava numa quadra
de esportes no bairro da
Boa Morte, próximo à
antiga sede do Mixto,
entre as ruas Cândido
Mariano e Campo
Grande. Ao final dos
jogos de vôlei, eram
realizados no mesmo local
bailes tradicionais, que
continuaram como
tradição na vida do clube
alvinegro.
Já o Clube Esportivo
Feminino foi fundado em
1928 pela professora
Zulmira Canavarros que,
liderando um grupo de
moças cuiabanas, criou
um clube para recreação,
esporte e cultura. Após a
fundação do Mixto,
ambos se separaram em
suas trajetórias, se
tornando o Mixto um
clube centrado no lazer
esportivo e o Clube
Feminino no lazer cultural.
O Clube Feminino tem sua
sede na Rua Barão de
Melgaço, esquina com a
Rua Campo Grande,
próximo à antiga sede do
Mixto, num casarão
tombado pelo Patrimônio
Histórico de MT.
Nas origens do Mixto,
uma mescla de culturas,
tradicões regionais e
esportes praticados por
homens e mulheres. Assim
começa o legado do Mais
Querido.
Decididos pela
criação do novo clube,
Zulmira, Ranulfo de Barros
e companhia debruçaram-
se a escolher um nome e
as cores para o clube.
Várias opções de nomes
surgiram, mas o consenso
era o nome MIXTO. Essa
palavra tem o significado
de mistura de coisas
diferentes ou opostas. O
nome representava
perfeitamente a ideologia
do novo clube, um clube
formado sem
preconceitos, por mulheres
e homens.
SEDE
O patrimônio
Mixtense era a prioridade
dos fundadores e de seus
primeiros associados, que
crescia rapidamente. Logo
os associados do Mixto
Sport Club levantaram os
recursos e o investiram na
construção de uma sede
física e de espaços
recreativos e esportivos,
hoje tombada como
patrimônio cultural.
O casal de
adolescentes,
tal como
idade pede,
flutuava pela
rua. O retrato
poético desta
cena me
obrigou a
diminuir o
ritmo da
corrida e
prestigiar o
cenário por
mais alguns
segundos.
Ele, no lado
esquerdo da
minha visão,
fazia graça
com a única
intenção de
arrancar dela
um sorriso. Ela, para o bem, correspondia
timidamente.
Eis que, entre risadas, surge a
oportunidade de um abraço. Ele desfruta
o comentário certeiro e movimenta o braço
direito a centímetros da nuca da menina
alcançando o ombro, obviamente vigiando
uma resposta tão previsível como a mais
retórica das perguntas: o passear da
palma da mão esquerda dela pela sua
cintura até a lateral da barriga.
Mas não.
Ela, num reflexo espetacular de
esquiva, somente interrompe a
aproximação do corpo empurrando parte
do antebraço contra o guri. Não bastava
apenas evitar a retribuição do abraço, era
preciso demonstrar que aquilo era
considerado um aborrecimento.
Nesse momento eu já caminhava.
Necessário para perceber que, por mais
sutil e inofensivo que tenha sido o
movimento, era óbvio o direcionamento do
cotovelo no rim dele. Que deve ter doído.
Assim como doeu o meu e de todos os
homens que já usaram um uniforme do
colégio e se ofereceram pra carregar uma
moch i l a.
Veio-me a lembrança dos quadrinhos
do Snoopy. O próprio autor, Charles M.
Schulz, deixou claro nos diálogos de
Charlie Brown: a adolescência é uma das
fases mais difíceis. Primeiro porque todo
mundo, depois que cresce, diz que é fácil;
segundo devido à enorme crueldade
natural da falta de responsabilidade antes
dos 16 anos. “Esse sofrimento faz parte do
processo de transição pra vida adulta”,
alguns dizem. Bobagem. Esse argumento é
apenas o reflexo de uma sociedade que
considera a dor a mais fiel forma de
valorização da vida real.
Até pensei em questioná-los sobre o
Snoopy. Se conheciam, já haviam ou lido
ou até mesmo compreendido a teoria. Mas
apenas voltei a correr e ultrapassar ambos,
enquanto ele, já com as mãos nos bolsos,
continuava a fazê-la sorrir.
E ele sabe disso, por menos que
admita.
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