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CUIABÁ, 31 DE JULHO A 6 DE AGOSTO DE 2014
ESTOMATITE
Indea interdita 139 propriedades
O fim das interdições nas propriedades só será possível após 21 dias do último animal curado
Airton Marques
Na região norte de
Mato Grosso, produtores
de gado do município de
Castanheira (780 km de
Cuiabá) estão em estado
de alerta, isto porque o
Instituto de Defesa
Agropecuária de Mato
Grosso (Indea) interditou
139 propriedades onde
foram identificados casos
de estomatite vesicular.
Os produtores chegaram,
inclusive, a realizar uma
manifestação cobrando
agilidade em todo o
processo de manejo e
liberação das propriedades
da região.
Por mais de 24 horas
eles bloquearam a
Rodovia MT-170 esta
semana, impedindo a
passagem de veículos.
Conforme o produtor
rural Iran Pereira Rios,
com a interdição os
fazendeiros estão com
dificuldades para manter a
alimentação do gado.
“Como os animais
estão separados em
pastos pequenos, muitos
META
1 milhão de hectares de trigo emMT
Rosana Vargas
Mato Grosso produz
atualmente 70 mil
hectares de trigo, uma
área irrisória no estado
campeão de produção de
grãos, com 8,3 milhões
de hectares de soja, 3,2
milhões de milho e 582
mil hectares de algodão.
“Mato Grosso tem
condições de passar dos
70 mil hectares para 1
já estão ficando sem
alimentação. Precisamos
remanejá-los para outro
local, com pasto”,
afirmou ele, que é um dos
líderes do movimento.
Segundo o Indea, nas
propriedades interditadas
foram identificados seis
focos da doença, em 36
animais. O primeiro foco
foi identificado em uma
propriedade no dia 20 de
junho, quando uma mula e
uma vaca apresentaram
suspeitas de
contaminação. O
resultado positivo de
estomatite vesicular no
bovino desencadeou a
série de interdições nas
demais propriedades, para
que a doença não se
alastrasse.
Os animais suspeitos
de serem portadores da
doença na fazenda do
criador José Carlos de
Almeida vieram do estado
de Sergipe. Os
proprietários da região
estão liberados a realizar
apenas o abate de suas
cabeças de gado e a
comercialização do leite,
após processo de
pasteurização.
Segundo a
coordenadora de Controle
de Doenças dos Animais
do Indea, Daniella Bueno,
nos próximos dias, 40
equipes da instituição irão
investigar toda a região.
Conforme a
coordenadora, a cura da
doença é feita de forma
natural, sem a
necessidade da realização
de abates.
PROTESTO
Para buscar um
acordo com os
produtores, a presidente
do Indea-MT, Maria
Auxiliadora Diniz, foi
acompanhada do
secretário de Estado de
Desenvolvimento Rural e
Agricultura Familiar
(Sedraf), Luiz Carlos
Alécio, até o município de
Castanheira.
Após reunião com
produtores e vereadores
da cidade, o Estado se
comprometeu a auxiliar os
fazendeiros com a
alimentação dos animais.
Por sua vez, Maria
Auxiliadora acalmou os
produtores prometendo
agilidade e apoio a todas
as propriedades.
milhão de hectares de
trigo. A meta de produção
de trigo para os próximos
anos foi feita pelo
secretário de Política
Agrícola do Ministério da
Agricultura, Pecuária e
Abastecimento, Seneri
Paludo, que se
comprometeu em dar
encaminhamento junto à
Companhia Nacional de
Abastecimento, a Conab,
para fazer levantamento
do preço mínimo de
produção para o trigo e
repassar as informações
para o Mapa e o
Ministério da Fazenda e
assim identificarem o
preço mínimo do produto
no Centro-Oeste”,
explica.
Esse é um processo,
segundo ele, que demora
de 6 a 8 meses, mas é
necessário para o setor
dar o segundo passo que
é a aquisição do produto
pelo governo federal. O
secretário do Mapa
também ressaltou que
para o desenvolvimento
do trigo falta investimento
em tecnologia, pesquisa,
mercado e infraestrutura.
Para Luiz Carlos
Alécio, o trigo já é uma
realidade no estado e a
participação da Embrapa
nesse processo de
expansão através de
pesquisa é imprescindível.
“O trigo será uma grande
alternativa para rotação de
culturas, quebrando o
ciclo de pragas”, prevê.
O cooperativismo
representado no Sistema
OCB-MT, que tem
assento na Câmara do
Trigo, é apontado com
uma das alternativas para
fomentar a produção do
cereal. Na visão do
presidente da
Organização, Onofre
Cezário de Souza Filho, o
cooperativismo está
totalmente envolvido
nesse processo do trigo e
não há alternativa para o
crescimento de produção
sem passar pelas
cooperativas. “A redução
de custo, de logística e de
ganho de escala só se dá
através da união dos
produtores via
cooperativa”, informa.
O coordenador da
Câmara Técnica do Trigo
e pesquisador da Empaer
Hortêncio Paro também é
enfático ao dizer que as
cooperativas são
extremantes importantes
nesse processo,
principalmente na
construção dos moinhos:
“A cooperativa pensa em
seus cooperadores, que
são os próprios
produtores, e assim não
ficam nas mãos da
iniciativa privada”.
Centenas de propriedades foram interditadas
pelo Indea no norte de Mato Grosso
Produtores protestaram para exigir controle da
doença e liberação das propriedades
Produtores garantem que Mato Grosso tem potencial para se transformar num recordista nacional
Seneri Paludo, secretário de Política Agrícola do Mapa,
prometeu levantamento do custo médio da produção