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PANORAMA
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CUIABÁ, 26 DE JUNHO A 2 DE JULHO DE 2014
CONECTADOS
Uso do Whatsapp pede bom senso
Aplicativo facilita comunicação virtual, mas pode causar problemas de relacionamento e distração para o trabalho e o estudo
Renan Marcel
Ele já conquistou
mais de meio bilhão de
usuários em todo o
mundo e cerca de 40
milhões no Brasil.
Facilitou a interação e a
troca de mensagens de
texto, fotos, vídeos e
áudios entre as pessoas
de forma instantânea e
ganhou até apelido entre
os mais entusiasmados.
Mas há quem
questione os efeitos do
aplicativo Whatsapp, o
Zap Zap, nas relações
sociais pessoais,
principalmente em caso
de excesso. E o
questionamento, muitas
vezes, não é feito apenas
por especialistas da
tecnologia e da psicologia.
Os próprios usuários já
começaram a perceber
certa dependência do
aplicativo e condená-la.
É o caso, por
exemplo, da veterinária
Tairine Artman, de 23
anos. Ela reconhece que o
aplicativo melhorou “e
muito” a comunicação
com amigos e familiares,
mas garante que faz o
estilo mais “offline”.
“Eu me comunico
com ele diariamente, mas
somente o necessário. Às
vezes as pessoas
confundem as coisas,
gastam muito tempo com
isso e deixam de
aproveitar uma conversa
‘real’ com quem está ao
seu redor, mesmo que
sejam amigos, por uma
virtual. Tudo tem limites,
inclusive o Whatsapp.
Acho que precisa ter bom
senso”, argumenta a
jovem, que está incluída
em sete grupos de
conversas no aplicativo.
Em sua crítica,
Tairine se refere a uma
cena comum por todos os
cantos da cidade, como
mesas de bares,
restaurantes e shopping,
onde mesmo cercadas de
amigos as pessoas dão
total atenção aos celulares
smartphone.
Assim como Tairine,
o contador Ricardo
Rocha, 27 anos, tem
preferido ficar offline.
Segundo ele, o motivo é o
trabalho. “O aplicativo me
rouba muito tempo. Hoje
eu vejo que o Whatsapp
me distrai muito,
principalmente em horário
comercial”, explica.
Ricardo conta que
participa de quatro grupos
de conversas informais.
Mais radical, a
jornalista Rafaela
Siqueira, de 29 anos,
chegou a excluir os
grupos dos quais
participava para estudar.
Formada em Direito, ela
buscava ser aprovada no
Exame da Ordem dos
Advogados do Brasil
(OAB). “Não excluí o
aplicativo, mas saí dos
grupos, porque toda hora
mandam mensagens.
Então, se alguém tiver
algo realmente importante
para me falar vai me ligar
ou mandar mensagem
individual”, diz. Siqueira
foi aprovada na última
prova da OAB.
Por outro lado, há
quem utilize o aplicativo
como instrumento de
trabalho, como a
estudante de
Contabilidade Bárbara
Martins, 23 anos, que
trabalha na administração
de uma empresa de
revenda de carros em
Várzea Grande. “Eu fico
sempre conectada, utilizo
muito o aplicativo, não só
para combinar coisas do
dia a dia com os amigos,
mas para o trabalho.
Economizo créditos com
isso”, afirma.
Internet pode causar
dependência e depressão
A dependência da conexão chegou a um nível tão
extremo que o Ambulatório de Múltiplos Transtornos
do Impulso do Instituto de Psiquiatria do Hospital das
Clínicas da Faculdade de Medicina da USP (IPq-
HCFMUSP) começou a tratar jovens e adultos que
apresentam sintomas de vício em internet.
O vício pode ser diagnosticado por preocupação
excessiva com a rede, irritabilidade em
períodos offline, alterações de humor e descontrole do
tempo em que fica online. Os dependentes também
apresentam sintomas de depressão, ansiedade, deficit
de atenção e hiperatividade, ou dificuldades de
socialização. Cerca de oito doenças surgiram – ou
pioraram – por conta do uso quase compulsivo da
Internet e dos dispositivos digitais móveis. A maior
parte delas está relacionada à depressão e à ansiedade.
Outras causam dores nos dedos, como a
“WhatsAppitis”, que se caracteriza por dor no punho e
tendinite no polegar pelo uso excessivo do celular para
escrever mensagens de texto.
Isso sem falar da tendência do cérebro humano de
reter menos informação porque ele sabe que as
respostas estão ao alcance de alguns cliques, no maior
site de buscas da Internet, o Google.
Muitos estudantes fazem uso das redes sociais dentro da sala de
aula, o que pode atrapalhar o aprendizado
Grupos de amigos se
reúnem, porém pouco
conversa porque
preferem a
comunicação via
celular
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