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POLÊMICA
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CUIABÁ, 26 DE JUNHOA 2 DE JULHO DE 2014
PRONTO-SOCORRO
UTI vive drama sem medicamentos
Pronto-Socorro de Cuiabá mais uma vez vira alvo de denúncias; dessa vez a falta de medicamentos é o problema do local, que
enfrenta a burocracia
Rafaela Souza
A falta de
medicamentos na Unidade
de Terapia Intensiva
(UTI) do Hospital e
Pronto-Socorro Municipal
de Cuiabá (HPSMC)
continua colocando em
risco a vida de pacientes.
Esta é a segunda vez em
duas semanas que
médicos intensivistas
comunicam oficialmente
aos gestores o problema.
Entre os medicamentos
que têm faltando na UTI
está o soro antitetânico e
vários tipos de
antibióticos.
De acordo com a
última denúncia à diretoria
clínica do Pronto-
Socorro, feita dia 20 de
junho através de um
Comunicado Interno (CI),
na UTI faltavam cinco
tipos de antibióticos
(Imipenem, Meropenem,
Tajocin, Cefepime e
Ceftrioxone).
Sem esses
medicamentos, de acordo
com a médica Lisbeth
Rocha Campolin, “não
seria possível fazer o
tratamento adequado dos
pacientes, já que são
casos gravíssimos e com
infecções de difícil
controle com os
medicamentos existentes
no PS”.
No dia 8 de junho,
outra denúncia já havia
sido realizada e o
medicamento especificado
foi o soro antitetânico que
foi requisitado para o
tratamento de um paciente
que havia tido uma
perfuração de prego
enferrujado.
A médica que chamou
a atenção para o caso foi
Em relação a
denúncias da falta de
medicamentos no
Pronto-Socorro da
capital, em especial
antibióticos, o
secretário Werley Peres
informou ao
Circuito
Mato Grosso
que a
Secretaria teve
problemas com as
licitações desses
medicamentos, mas que
a situação já está sendo
regularizada.
O secretário
explicou que vários
pregões foram abertos
para a compra de
medicamentos,
contudo, algumas
licitações fracassaram
devido ao fato de as
empresas não terem
aceitado o valor
proposto pela
prefeitura.
“Como houve o
fracasso de alguns
pregões, que incluíam a
compra de antibióticos,
precisamos recorrer a
compras emergenciais
e infelizmente as
empresas atrasaram na
entrega. Mas até o dia
27 deste mês tudo
estará regularizado. E
ao mesmo tempo
estaremos trabalhando
para evitar que o estoque
chegue ao limite”, afirma
Peres.
O secretário
acrescentou ainda que por
mais que faltem alguns
tipos de antibióticos, o PS
não chegou a ter a falta
total do medicamento,
tendo assim mais opções
para os médicos
utilizarem: “Estamos
sempre fazendo
permuta de
medicamentos com
outros lugares, como
o Hospital Júlio
Müller, para não
termos problemas.
Mas gostaria de
destacar que o
problema não chega a
ser orçamentário, e
sim, burocrático”,
diz.
“Problema é burocrático,
e não de orçamento”
O Pronto-Socorro de
Cuiabá, como já foi
mostrado diversas vezes
durante anos, também
sofre com a falta de leitos.
Esse problema é
consequência
principalmente da ausência
de um hospital estadual que
atenda os pacientes do
interior de Mato Grosso, e
com isso o PS acaba se
tornando o ponto final para
quem não tem para onde ir.
Leitos sempre estão em
falta no PS de Cuiabá
Para tentar amenizar a
situação, a prefeitura
aproveitou um momento
difícil que a Santa Casa
estava passando, e até
ameaçava fechar as
portas, e fez um contrato
de assistência ao local, ao
mesmo tempo em que
providenciou 60 novos
leitos dentro da Santa
Casa para os pacientes do
PS.
Ocorre que depois do
empréstimo contraído para
o investimento nos novos
leitos, a Prefeitura voltou
atrás e reduziu a
contratação pela metade:
30 leitos. O contrato
dessas vagas foi firmado
em R$ 322,5 mil.
No entanto, apesar
dessa medida, o Pronto-
Socorro está longe de
deixar de ter pacientes
distribuídos nos corredores
por falta de vaga.
a cirurgiã geral Eloise
Curvo. Além da falta de
medicamentos, a cirurgiã
citou ainda a falta de
materiais básicos de
tratamento como
esparadrapo e gaze.
Além da falta de
medicamentos na UTI, o
Pronto-Socorro de Cuiabá
sofre com a falta de
médicos ou com médicos
faltosos. De acordo com
reportagem exibida no
programa “Fantástico”, da
Rede Globo, os problemas
vão da demora numa
cirurgia até fraude no
horário de óbito dos
pacientes. No caso da
demora em cirurgia, foi
citado o caso de Dona
Alaíde, 62 anos, que
sofreu com dois
aneurismas. Ela deu
entrada na unidade de
saúde no dia 12 de abril,
mas só foi atendida no dia
22 do mesmo mês. Além
disso, foi recomendado
por duas vezes um
procedimento cirúrgico, o
que não ocorreu.
Outra situação, desta
vez mais grave, é a falta
de médicos na UTI
(Unidade de Terapia
Intensiva) do Pronto-
Socorro de Cuiabá. Um
médico da unidade
comparou a situação à de
‘um avião decolando sem
piloto’.
Após a exibição da
reportagem, o prefeito
Mauro Mendes (PSB)
determinou abertura de
uma sindicância no
Pronto-Socorro de
Cuiabá, para apurar
denúncias. O que levou o
secretário de Saúde de
Cuiabá, Werley Peres, e a
diretoria do Pronto-
Socorro Municipal a
terem de responder a
Procedimento
Administrativo Disciplinar
(PAD) por conta das
denúncias.
Médicos reclamam da falta de vários tipos de antibióticos, o que estaria colocando em risco a recuperação dos pacientes graves
Comunicação interna oficializa à diretoria do PS
de Cuiabá a falta de medicamentos essenciais
Por conta da superlotação, pacientes ficam deitados pelos
corredores do PS que é referência estadual em urgência
O secretário de Saúde de Cuiabá, Werley Peres, diz
que problema já está sendo resolvido