CIRCUITOMATOGROSSO
PANORAMA
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CUIABÁ, 23 A 29 DE JANEIRO DE 2014
LOGÍSTICA
Grãos sairão de MT pelo Tapajós
A Odebrecht Transport vai investir entre R$ 800 milhões e R$ 1 bilhão em transporte de grãos no rio Tapajós
SandraCarvalho
Com a entrada em
operação das estações de
transbordo fluvial no
Tapajós anunciada pela
Odebrecht Transport, os
produtores rurais do
Centro-Oeste brasileiro
inverterão o trajeto
clássico de escoamento ao
exterior – longo e custoso
– até Santos (SP) e
Paranaguá (PR).
A nova rota permitirá
levar a carga de caminhão
pela BR-163 de Mato
Grosso até Miritituba, no
Pará. De lá, o
carregamento será
transferido para barcaças,
que seguirão pelo Tapajós
De acordo com
reportagem do jornal
Valor Econômico
, a
Odebrecht Transport
(OTP) pretende
investir a soma
bilionária em dois anos
na aquisição de
terrenos e na
construção de quatro
armazéns agrícolas ao
longo da BR-163, uma
estação de transbordo
de carga em Miritituba,
às margens do rio
Tapajós, um terminal
no porto de Vila do
Conde, em Barcarena,
e barcaças.
A expectativa é
que essa montagem
logística já esteja
pronta para o
escoamento da safra
2015/16 de grãos – ou,
Logística deve ficar
pronta para a safra 2015
no mais tardar, 2016/
17. A capacidade de
escoamento da
empresa será de 3 a 5
milhões de toneladas
de grãos a cada ano.
A Odebrecht
Transport (OTP),
braço de infraestrutura
do Grupo Odebrecht,
finaliza a formação de
uma Sociedade de
Propósito Específico
(SPE) com a Brick
Logística, empresa que
desenvolve projetos
portuários na região,
sediada em Belém, para
dar início à obra. O
acordo deverá ser
oficializado em 30 dias,
conforme antecipou o
Valor PRO, serviço de
informação em tempo
real do
Valor
.
SAFRA 2013
MT imbatível na produção de grãos
IBGE aponta ainda que o estado se consolidou como o maior produtor de milho do país, ultrapassando o Paraná
Diego Frederici
Mato Grosso começa
2014 comemorando mais
um recorde de safra de
grãos. No total, ¼ da
safra brasileira de
cereais, leguminosas e
oleaginosas saiu do
estado. A produção
nacional de 2013
ultrapassa 186 milhões de
toneladas. O estado ainda
manteve a liderança no
cultivo da soja, sendo
responsável por 28,8% do
grão produzido no país,
segundo o Levantamento
Sistemático da Produção
Agrícola Brasileira
divulgado pelo Instituto
Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE).
O arroz, o milho e a
soja são os três principais
produtos deste grupo, que
somados representaram
92,8% da estimativa da
produção e responderam
por 86,2% da área a ser
colhida. Em relação ao
ano anterior houve
acréscimos na área de
7,6% para o milho, 11,2%
para a soja e decréscimo
de 0,8% na área colhida
de arroz. No tocante à
produção, os aumentos
foram de 2,4% para o
arroz, de 12,8% para o
milho e de 23,8% para a
soja, quando comparados
a 2012.
Dos três itens, Mato
Grosso está à frente da
produção nacional de soja
e milho, mesmo
apresentando números
respeitáveis também em
relação ao arroz em
casca, pois 6,6% do
produto colhido no Brasil
saíram daqui. O ano de
2013 também consolidou
o estado como o maior
produtor de milho do
país, ultrapassando o
Paraná, na Região Sul. De
acordo com o IBGE,
25,1% do grão produzido
na safra vêm da unidade
federativa do Centro-
Oeste, um aumento de
4,2% comparando com
2012. Entre as grandes
regiões brasileiras, o
Centro-Oeste também está
na vanguarda no cultivo
dessas commodities,
produzindo 78,4 milhões
de toneladas, seguido pela
Região Sul, que soma
72,2 milhões. O Sudeste
responde por 19,6
milhões, o Nordeste por
12 milhões e a Região
Norte contribuiu com 4,6
milhões de toneladas. Na
comparação com 2012, o
Sul conseguiu
incrementar sua produção
em 30,7%. Mato Grosso,
Mato Grosso do Sul e
Goiás aumentaram sua
participação em 10,8%.
Entre os destaques, a
colheita recorde de milho
em 2013 foi estimulada
por bons preços
praticados desde a tomada
de decisão para o plantio
da primeira safra do
produto, continuando com
o incentivo no segundo
período de plantio, aliado
às boas condições
climáticas ocorridas nas
principais regiões
produtoras.
Apesar de o
documento destacar que a
cultura da soja foi
plantada dentro da época
recomendada em Mato
Grosso, perfazendo um
aumento na produção de
7,2% em relação a 2012,
nesse ano o estado
enfrentou a falta de chuva
no início do ciclo e
excesso no final, além da
ocorrência de ataque da
mosca branca e outras
doenças, determinando a
queda do rendimento
médio em 5,4%, na
comparação com 2012.
As informações
obtidas pelo
Levantamento Sistemático
da Produção Agrícola são
obtidas por meio de
pesquisa mensal de
previsão e
acompanhamento das
safras dos principais
produtos agrícolas, por
intermédio das Comissões
Municipais e/ou Regionais
(Comea e Corea).
Diferentemente de outros
órgãos, o IBGE considera
os números apenas do ano
civil (2013 no caso), e
não do ciclo específico –
2013/2014, por exemplo.
até os portos de Vila
Conde, Santarém ou o de
Santana, no Amapá, de
onde serão novamente
transferidos a grandes
embarcações com destino
aos mercados estrangeiros.
O modal hidroviário –
que terá um investimento
que variará entre R$ 800
milhões e R$ 1 bilhão –
poderá reduzir em até 34%
o custo do frete da safra
do Centro-Oeste.
A entrada da OTP no
mosaico logístico que
começa a se formar em
Miritituba está alinhada
com a estratégia de
avançar no agronegócio,
área em que a companhia
já está posicionada nos
setores de recepção e
transporte de açúcar e
etanol. Segue-se também à
série de empreendimentos
anunciados ao longo de
2013 para a região, que
reunirá projetos fluviais
bilionários para escoar
mais de 30 milhões de
toneladas de grãos ao
exterior até 2020, segundo
as estimativas do setor.
Das nove estações de
transbordo planejadas para
Miritituba – um distrito de
Itaituba, separado do
centro do município pelo
rio –, apenas a da Bunge
está na fase pré-
operacional. As demais
empresas estão em fase de
apresentação do EIA-Rima,
o estudo de impacto
ambiental, ou prestes a
receber o licenciamento.
Além da múlti americana,
Cargill, Hidrovias do Brasil,
Unirios, Reicon, Chibatão
Navegações e Cianport
(joint venture da Fiagril e
Agrosoja) pleiteiam
estações de transbordo.
A disputa pela
logística do Tapajós
também levou a outra
parceria inédita anunciada
no fim do ano passado: a
Unitapajós, joint venture de
navegação fluvial entre a
Bunge e a Amaggi, uma
das empresas da família do
senador e ex-governador
mato-grossense Blairo
Maggi.
A vitória da Odebrecht
Transport na concessão de
850 quilômetros do filão
mais nobre da BR-163,
conhecida como “Rodovia
da Soja”, ajudou a dar
fôlego ao projeto de saída
para o Norte que as
entidades ruralistas há anos
defendem.
Outro benefício é que,
além de levar a produção
brasileira para os
mercados europeu e
asiático, o corredor
hidroviário do Tapajós
também poderá trazer
fertilizantes aos
produtores do Centro-
Oeste por um caminho
bem mais curto. O Brasil
importa mais de 70% da
sua necessidade do
insumo. Entre janeiro e
novembro do ano passado,
por exemplo, isso
representou 20,146
milhões de toneladas, ou
11,7% a mais que em
2012.
Projeto será executado pela Odebrecht Transport na BR-163
A nova rota permitirá levar a carga de caminhão
pela BR-163/MT até Miritituba, no Pará
MT está à frente da produção nacional de
soja e milho e também se destaca no arroz