EDIÇÃO IMPRESSA - 472 - page 17

CIRCUITOMATOGROSSO
CUIABÁ, 19 DE DEZEMBRO DE 2013 A JANEIRO DE 2014
CULTURA EM CIRCUITO
PG 5
REFLEXOES
Por Marco Ramos
Marco é numerólogo, advogado e
troca de nome de acordo com a
energia do momento
VAMOS DAR UMROLEZINHO?!!!!
Rosemar Coenga é
doutor em Teoria Literária e
apaixonado pela literatura de
Monteiro Lobato
ALA JOVEM
Por Rosemar Coenga
NO DESPERTAR DE UMNOVOANO
Começamos o ano com os
rolezinhos criados por jovens pobres e
na maior parte negros, gente da
periferia. A imprensa em sua maioria
classificando como arrastão, a polícia
sempre afirmando a ocorrência de
furtos e “vandalismo”, os comerciantes
alegando nenhum caso de furto, e a
opinião pública, que é massa de
manobra em sua maior parte,
desaprovando sem capacidade de fazer
uma análise mais apurada sobre o
ocorrido. Mas o que há por trás desta
nova modalidade de manifestação
pública? O que há na verdade é o que
chamamos de “Tensão Social” sendo
exposta. Depois de 10 anos do alegado
“milagre” econômico brasileiro que
colocou boa parte de nossa população
com acesso a bens de consumo jamais
imaginado, percebemos que esta parte
da população ainda encontra-se
segregada. Não bastou a melhoria
financeira para colocá-los lado a lado
com outros “cidadãos” brasileiros. O
fato revela o quanto se encontra
impregnada em nossa cultura a
mentalidade da “Casa Grande e
Senzala”, pela qual o escravo deveria
ficar no seu lugar e apenas circulando
nas áreas privadas de seus senhorios
com autorização deles. Negro e pobre
no Brasil ainda só servem para serem
seguranças, empregadas, pedreiros,
serviçais de maneira geral, lixeiros,
quando não putas e bandidos etc.
Quando os vemos dentro de aviões ao
nosso lado, dentro dos shoppings que
são no fundo o ícone do consumismo,
eles geram incômodo naqueles de
mentalidade escravagista!
Vivemos uma sociedade de
consumismo exagerado,
superficialidade, exposição da
intimidade ao máximo, baseada em
valores chulos. Tendência mundial,
porém acentuada ao máximo em nosso
país.
A grande verdade é o sistema social
brasileiro está saturado, e cada vez
mais iremos ver tensões sociais mais
intensas. Há um questionamento do
sistema social, que está falido! Esta
população, na sua maior parte jovens,
está questionando a razão de seu
dinheiro não ter cor e ser bem-vindo
quando consome, e qual a razão de
seus corpos e cores e sua presença não
serem bem-vindos. Basta colocar um
chinelo, bermuda e um boné entrando
em qualquer shopping para perceber
que serão seguidos o tempo todo por
seguranças. Tudo isso revela que nossa
sociedade está na verdade falida e
nossa população ainda tem esta mente
da escravidão. O que vemos agora
através das “medidas judiciais” que por
um lado tentam proteger a iniciativa
privada é um precedente perigosíssimo,
de um lado garantindo os direitos dos
comerciantes e destes
estabelecimentos, por outro lado
estamos vendo instaurados o apartheid
social. Não vai resolver, só veremos a
tensão aumentar. Mais uma vez o País
Contam-se os dias, limpam-se
os espaços, exorcizam-se os maus
fluidos, institui-se o branco como
desejo de recomeço e de purificação
do passado. Estamos devidamente
equipados para receber o ano de
2014, anunciado em cores e
grandezas. No ritual de recebimento
dos dias que virão, cabe ouvir a voz
do poeta Carlos Drummond de
Andrade “[...] você não precisa
beber champanha ou qualquer outra
birita, não precisa expedir nem
receber mensagens. Não precisa
fazer lista de boas intenções para
arquivá-las na gaveta. Não precisa
chorar de arrependido pelas
besteiras consumadas, nem
parvamente acreditar que, por
decreto de esperança, a partir de
janeiro as coisas mudem e seja tudo
claridade, recompensa, justiça entre
os homens e as nações, liberdade
com cheiro e gosto de pão matinal,
direitos respeitados, começando
pelo direito augusto de viver. Para
ganhar um ano novo que mereça
este nome, você, meu caro, tem de
merecê-lo, tem de fazê-lo de novo,
eu sei que não é fácil, mas tente,
experimente, consciente. É dentro
de você que o Ano Novo cochila e
espera desde sempre”.
Para brindar o ano novo
convém lembrar outro poeta, José
Paulo Paes, “ano novo: vida nova,
dívidas novas, dúvidas novas, salve
(se) o ano novo”! Que tenhamos
todos um ano que fizemos por
merecer.
dá um passo atrás, justamente no
momento em que vemos uma de nossas
Grandes Universidades sendo fechada!
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