CIRCUITOMATOGROSSO
CUIABÁ, 8 A 14 DE AGOSTO DE 2013
POLÊMICA
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Estado gasta uma fortuna com buffets
R$60 MILHÕES
Só a Secretaria de Estado de Educação contratou agora R$7,7 milhões em buffets requintados.
Por: Sandra Carvalho. Fotos: Pedro Alves
A contratação de
duas empresas para
atender durante um ano a
Secretaria de Estado de
Educação (Seduc) com
serviços de buffet pelo
valor de R$ 7,724 milhões
levou o
Circuito Mato
Grosso
a constatar pelo
sistema Fiplan que o
Governo do Estado vem
efetuando gastos
astronômicos com a
realização de eventos – o
que inclui refeições
requintadas – não só na
Seduc. Em dois anos e
meio o Estado gastou
cerca de R$ 60 milhões
apenas com três
empresas: Central
Assessoria e Treinamento,
Real Buffet e Laice da
Silva Pereira, todas
enquadradas como
microempresas na Receita
Federal.
A Central de
Assessoria e Treinamento,
empresa que vence
praticamente todas as
licitações do Governo do
Estado para a realização
de eventos, faturou R$ 36
milhões em apenas dois
anos e meio do Governo
Silval Barbosa. Desse
total, recebeu da
Secretaria Extraordinária
Empresa que fatura R$10 milhões
do Estado não tem endereço certo
Apesar de os
valores chegarem à
cifra dos “milhões”,
algumas empresas
contratadas não teriam
as mínimas condições
de atender à suposta
demanda do Estado. A
reportagem procurou o
endereço, por exemplo,
da firma denominada
Laice da Silva Pereira
ME, que de 2012 a
2013 faturou R$ 8,5
milhões do Estado e
agora acaba de
ganhar concorrência da
Seduc com projeção de
R$ 2,8 milhões, o que
elevará o seu
faturamento para cerca
de R$ 10 milhões nesse
período.
Na Praça Moreira
Cabral (entorno da
Câmara Municipal)
não se encontrou o nº
60, como consta na
Receita Federal. Foi
então atrás de outro
OFICIAIS
Entidade critica ‘politicagem’ nas promoções
Major Wanderson Nunes assume segundo mandato na Assof questionando influência de políticos dentro da PM e Bombeiros.
Por: Mayla Miranda. Foto: Pedro Alves
O alto comando da
Polícia Militar de Mato
Grosso está fortemente
politizado e os oficiais
precisam se unir cada vez
mais para modificar este
quadro de dependência. O
alerta é do major
Wanderson Nunes de
Siqueira, reeleito para a
presidência da Associação
dos Oficiais da Polícia e
Bombeiro Militar de Mato
Grosso (Assof). As alterações
que são questionadas no
plano de promoção das
duas corporações
aconteceram ainda no
governo Blairo Maggi,
quando a lei de promoções
passou a contemplar cinco
escolhas por “merecimento”
e apenas uma pelo critério
de “antiguidade”, o que
passou a favorecer, de
acordo com o líder, o
apadrinhamento político e
enfraqueceu toda a base
militar.
“O descontentamento
na categoria é expressivo, já
que por este critério não
basta mais ser um bom
profissional e desenvolver
uma carreira com fidelidade
à corporação em que se
trabalha, mas sim conhecer
as pessoas certas dentro do
meio político para ser
promovido. Este sistema é
descabido e a gente luta
para mudar essas coisas.
Veja que vários policiais
tiveram que entrar com
ações na Justiça por se
julgarem preteridos no seu
direto à promoção, o que é
uma situação inaceitável e
precisa ser corrigida”,
enfatiza.
Para o presidente da
Assof, governantes e
parlamentares se
acomodam e acabam
conduzindo uma questão
tão importante para as
corporações da Policia
Militar e do Corpo de
Bombeiros de
forma distorcida e em
benefício próprio, já que um
policial que aplica o rigor
da lei contra um gestor
público de qualquer nível
acaba pressionado e corre
o risco de não ser
promovido na época certa e
até mesmo transferido para
o interior do estado,
simplesmente por atuar
contra o interesse de um
político com influência
dentro da estrutura do
Governo do Estado.
O major ainda lembra
que esse desajuste teve seu
caso mais emblemático no
episódio da promoção do
coronel Eumar Novacki, que
conquistou amplos espaços
políticos durante a
administração do então
governador Blairo Maggi.
Ao invés de atuar em
benefício de toda a
categoria dos oficiais,
Novacki teria
trabalhado pelos interesses
apenas de um pequeno
grupo que se articulava em
torno dele. “Não podemos
permitir que nossas
promoções percam o
caráter de carreira e passem
a ser orientadas pelo
caráter da política. Antes,
eram observadas questões
objetivas para a promoção,
como a atuação do oficial
em favor da redução de
índice de criminalidade,
seus estudos, sua
assiduidade, sua
aplicação”, observa o
presidente.
Tudo isso tinha um
peso na promoção, ainda
de acordo com o oficial,
que ainda relata que com a
mudança na lei, ficaram
estabelecidos cinco policiais
promovidos por mérito e
apenas um por antiguidade.
“Os promovidos por
decisão política acabam
sendo em número muito
maior, o que desmotiva
toda a Polícia Militar. Eu
mesmo sou um exemplo
disso: a minha promoção
de capitão para major
demorou oito anos para
acontecer, enquanto o
normal seriam quatro”,
relata o major Wanderson
que, ao recorrer à Justiça
questionando os critérios
adotados durante a
administração do então
governador Blairo Maggi,
acabou tendo que enfrentar
uma remoção para posto
de trabalho no interior após
ter reagido em defesa dos
critérios tradicionais de
promoção.
Para o atual presidente da Assof, Wanderson Nunes
de Siqueira, o modelo de promoção dos policiais
utilizado atualmente é totalmente antiético
endereço que aparece na
internet, na Rua Batista
das Neves, 178, também
no Centro de Cuiabá. A
empresa, que ora
aparece no Google como
escritório de
contabilidade, ora como
empresa de eventos,
também não funciona lá.
Retornando à Praça
Moreira Cabral, a equipe
descobriu que a Laice da
Silva Pereira funcionaria
num sobradinho onde está
instalada a Imobiliária
Mariana – seria outro
ramo da empresa? No
local, que não possui
número do imóvel
visível, não há descrição
de nenhuma das duas
empresas, apenas uma
faixa enrolada, janelas
abertas no piso
superior, grade e porta
principal fechadas no
térreo e nenhuma
movimentação de
funcionários ou clientes
que sugerisse tratar-se
de uma empresa que
movimenta milhões
servindo refeições
requintadas ao governo
e inclusive cursos
variados.
A reportagem
também ligou para os
números de telefones
que aparecem na
internet como sendo de
Laice da Silva Pereira
ME, sem sucesso. Os
números dão como
inexistentes.
da Copa 2014 (Secopa)
R$ 4 milhões em um ano e
meio.
Outra recordista em
contratos para realização
de eventos e fornecimento
de refeições ao Governo
do Estado é a Laice da
Silva Pereira ME, que
somado o novo contrato
com a Seduc – R$ 2,8
milhões para 155 mil
refeições – já está
acumulando R$ 10
milhões de recursos
oriundos dos cofres
públicos apenas na atual
gestão.
O curioso é que a
mesma empresa que
fornece marmitex e pratos
requintados para o
Governo também recebe
milhões para serviços
completamente diferentes,
como Curso de Técnica de
Entrevista para a
Secretaria de Estado de
Segurança Pública (Sesp),
e Curso de Tiro Policial.
Também em dois
anos e meio o Governo
de Silval Barbosa pagou à
empresa Ana Paula Farias
Alves ME, o Real Buffet,
localizado no bairro Boa
Esperança, a soma de R$
3,3 milhões, valor que
sobe para R$ 8,3 milhões
somados os R$ 4,935
milhões do novo contrato
com a Seduc assinado no
final de julho para
fornecer 277 mil refeições
à pasta.
Enquanto a Seduc
gasta uma fortuna com
pratos requintados para
eventos, a educação vai
de mal a pior em Mato
Grosso, especialmente em
relação à falta de salas
de aula e unidades
depredadas, além do
desperdício de recurso
público. Inclusive o
secretário Ságuas Moraes
(PT), titular da pasta,
ainda responde no
Tribunal de Contas do
Estado (TCE) por ter
reprovadas as contas
referentes a 2012, com
evidências de
improbidade
administrativa.
BR INDES
Outros números
chamam atenção no
Fiplan da Secopa como
as despesas com locação
de som e iluminação que
já consumiram R$ 600 mil
da secretaria pagos à
Sette Locação, Som, Luz e
Palco. Mas é com brindes
que a secretaria investe
ainda mais dinheiro
público. Em um ano e
meio a Secopa pagou R$
1,5 milhão à empresa
Personalité Brindes,
detentora do contrato. Os
brindes que puderam ser
vistos pela população até
agora foram os
distribuídos durante a
Caminhada para a Copa:
um kit com sacola e
bastões infláveis.
Ságua s Mo r ae s l i c i t ou R$ 7 , 2 mi l hõe s em r e f e i çõe s
r equ i n t ada s pa r a a t ende r e v en t o s da Sedu c
Enquan t o S edu c ga s t a m i l hõe s
com e v en t o s , e s co l a s e s t ão ca i ndo
aos pedaços em t odo o E s t ado
E s t e s ob r ad i nho s imp l e s e apa r en t emen t e va z i o é a
s ede da emp r e sa que j á f a t u r ou R$ 10 mi l hõe s