CIRCUITOMATOGROSSO
PANORAMA
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CUIABÁ, 25 A 31 DE JULHO DE 2013
LOGÍSTICA
Pequenos produtores e revendedores também sofrem com logística e transporte, e consumidor paga a conta.
Por: Diego Frederici. Fotos:Pedro Alves
Transporte define preço da roça à mesa
Mato Grosso, um dos
Estados que mais produzem
alimentos no mundo, sofre
com a falta de
infraestrutura no transporte
de alimentos da roça para
o consumidor. Em média,
já descontado o custo da
mão de obra e preço
vendido na fonte, direto
com o produtor na roça, o
frete representa metade do
valor final, que é passado
ao consumidor nas
prateleiras dos mercados
ou nas bancas das feiras.
A Feira do Porto,
famoso ponto de vendas
de alimentos básicos em
Cuiabá, é um bom
exemplo de vendedores
que precisam embutir os
custos da produção na
negociação com os clientes.
José da Silva Barros, o
Barrozinho, trabalha há
mais de vinte anos como
feirante. Em seu box, no
Porto, o comerciante
prepara as mandiocas
recém-adquiridas. A
habilidade com que utiliza
a faca para descascar as
raízes também possui nas
respostas às perguntas
sobre os custos das vendas
do produto, afirmando que
o preço segue uma velha
lógica do mercado: a da
oferta e a da procura,
sublinhando os gastos com
o transporte.
“Quando pouca gente
Preço da carne varia de
acordo com estação
Planejamento das finanças é
chave para diminuir os custos
A época da seca
em Mato Grosso,
entendida como as
estações do outono e
inverno, em que as
chuvas ficam bem
raras, também são
fatores importantes que
determinam os preços
que chegam aos
consumidores. E o
gado de corte do
Estado, o maior do
país, também sofre com
a influência do clima,
fator crucial para a
qualidade da carne
comercializada nos
mercados, restaurantes
etc. Rafael Carlos
Rondon, gerente da
Churrascaria Recanto
Gaúcho, em Cuiabá,
fala que o clima influi
na alimentação dos
bois e vacas em
confinamento. Segundo
ele, durante as chuvas,
há uma maior
qualidade na grama
consumida pelos
animais, tornando a
carne mais macia e
gordurosa. Já na seca,
o rebanho se alimenta
basicamente de ração,
o que acaba deixando
a carne “mais dura”, ou
seja, com menos
gordura.
“A venda da carne
também segue a lógica
do mercado, da oferta
e da procura. No nosso
Estado o que define isso
é basicamente a época
da seca: durante as
chuvas, há maior
quantidade de
alimentos e é melhor a
qualidade da carne.
Então a oferta é boa,
tornando o preço mais
acessível. Já na seca, as
carnes se tornam
escassas. Picanha,
contrafilé e mesmo o
cupim tornam-se difíceis
de achar”, diz ele.
Rafael fala que, na
escassez das chuvas,
mesmo produtos
utilizados para engorda
do boi ficam mais
caros. “Na chuva, até o
preço da ração dos
animais cai; já na seca,
ele aumenta”.
Emanuel Daubian,
economista da
Universidade de Cuiabá
(Unic), afirma que o
planejamento doméstico
das finanças é essencial,
independente de quanto a
pessoa ganha. Segundo
ele, o ideal é separar
parte dos recursos para
despesas fixas, como
água, luz, comida,
transporte etc. Para o
professor, o percentual a
ser gasto com essas
despesas fica, em média,
em torno de 70% dos
ganhos de uma família.
“Não se pode gastar
mais do que se ganha. O
ideal é destinar 70% dos
recursos disponíveis com
gastos fixos – como
alimentação, saúde,
manutenção de serviços
essenciais como água, luz
etc. – e 30% para gastos
variados, como lazer e
viagens. Muitas pessoas
não fazem isso, pois
desprezam os benefícios
da organização dos
gastos, se endividam, têm
seus nomes adicionados à
lista de restrição de
crédito, entre outros”,
alerta ele.
Emanuel dá dicas de
como as pessoas podem
organizar suas finanças,
dizendo que a pesquisa é
uma das principais armas
dos
consumidores.”Pesquisar
sempre o que for comprar.
Na mesma marca que
queremos adquirir,
encontramos diferenças de
até 40% nos preços”, diz
ele.
Por isso, fala que a
negociação também é
importante, além de
ressaltar que os crediários
oferecidos pelo comércio,
e não pelo banco, são
uma opção ruim para os
consumidores.
“Normalmente, o
vendedor tem uma
margem de 5% no
produto que vende, então
pechinchar é uma boa
ideia. Os crediários
oferecidos pelo comércio
têm juros maiores do que
os praticados em bancos,
então o cliente deve fugir
desses empréstimos, pois o
crédito da loja é uma
extensão do serviço
bancário, ou seja, quando
se busca financiamento
nesses lugares, na hora de
pagar, são embutidos os
valores dos bancos que
têm contrato com essas
lojas”.
investe na produção, o
custo é maior. Nos últimos
anos vem ocorrendo um
aumento de produtores,
isso ajudou a baratear a
mandioca. Na roça, uma
saca de 60 kg é vendida
por R$ 8. Mas quando
adicionamos a mão de
obra, que varia de R$ 6 a
R$ 7, mais o custo do frete
(R$ 15), o preço final sobe,
sobretudo porque os
produtores de mandioca
estão distantes cem
quilômetros, no mínimo, de
Cuiabá”, diz ele.
No caso do milho
produzido por grandes
produtores, os custos de
transporte também
compõem parte importante
do preço final oferecido ao
consumidor. Dados do
Instituto Mato-Grossense de
Economia Agropecuária
(Imea) apontam que o
transporte da produção
responde por 6% em média
no preço final das
prateleiras de
supermercado. O Estado é
o maior produtor do
grãono país, durante a
segunda safra, e tem uma
produção prevista para
17,4 milhões de toneladas
no período 2012/2013,
distribuídos numa área de 3
milhões de hectares.
Os comerciantes das
feiras vivem uma realidade
diferente dos grandes
produtores, que dependem
basicamente do pequeno e
médio produtor para
oferecer seus produtos nos
mercados e feiras. Cerca
de 40% de todos os
alimentos básicos que o
mato-grossense consome
vem desse tipo de
produção. E os feirantes
não se queixam apenas do
transporte e da logística
quando precisam colocar
um preço pouco
competitivo em seus
produtos. Antônio Amaral,
outro comerciante da Feira
do Porto, fala das
dificuldades de
comercialização do
produto.
“Compro um saco de
milho com noventa espigas
por um custo médio de 70
reais. Depois, vendo cada
dúzia a 12 reais, ou em
pequenas bandejas com
cinco espigas, geralmente
por 4 reais. Quando o
consumidor compra está
pagando a mão de obra e
os custos de transporte,
além do valor necessário
para adquirir o milho com
os produtores. Isso porque
nosso fornecedor está em
Cuiabá. Se estivesse em
cidades mais distantes, o
preço seria mais alto”,
pondera.
Ma n d i o c a
v e nd i da na F e i r a
do Po r t o é
p r odu z i da em
c i dad e s qu e
f i cam a ma i s de
100 km de
Cu i a b á
A ma i o r i a da banana v end i da em Cu i abá é cu l t i vada po r p r odu t o r e s da r eg i ão da Ba i x ada Cu i abana
O e conomi s t a da
Un i c Eman u e l
Daub i an f a l a qu e
p e s qu i s a r e
“ p e c h i n c ha r ” s ão
boa s f e r r ame n t a s
numa n e go c i a ç ão
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