CIRCUITOMATOGROSSO
CUIABÁ, 25 A 31 DE JULHO DE 2013
CULTURA EM CIRCUITO
PG 6
CADEIRA DE BALANÇO
PPor Carlinhos Alves Corrêa r
Carlinhos é jornalista
e colunista social
Info: (65) 3365-4789
Rosemar Coenga é
doutor em Teoria Literária e
apaixonado pela literatura de
Monteiro Lobato
ALA JOVEM
PPor Rosemar Coenga
o
a
OS MISTÉRIOS E AS LENDAS DOS AWYATÓ-POT
Tiago Hakiy, amazonense de
Barreirinha, é filho da etnia Sateré-
Mawé. É poeta e contador de
histórias dos sonhos poéticos da
floresta e das tradições indígenas.
Escreveu mais três obras:
Guaynê
derrota a Cobra Grande - Uma
História Indígena
, texto que foi
ganhador do Concurso Tamoios,
realizado pela Fundação Nacional
do Livro Infantil e Juvenil (FNLIJ);
Águas do Andirá
e Awyató-Pot:
histórias indígenas para crianças,
publicado pela Edições Paulinas
com ilustrações de Mauricio Negro.
Móy, a bela índia, se
transforma em cobra grande para
morar no fundo do Rio Andirá,
formado pelas lágrimas que
derramou chorando a morte do
marido. “Nas noites de temporal
ela volta a ser mulher e vem visitar a
tribo. Em uma dessas noites o gavião
real, que se encontrava sob a forma
humana, viu aquela bela índia
andando no meio da aldeia. Assim,
foi ao seu encontro, se transformou
em gavião e a levou lá para o galho
de uma alta castanheira e brincou
com ela”. (p. 8).
O filho nascido desse encontro é
Awyató-pót, que Móy, em uma noite
de temporal, deixa no meio da
aldeia dos Mawé. Assim explicam os
indígenas – em sua sabedoria
ancestral – através de mitos e lendas,
o nascimento dos seres, sejam eles
os homens que nasceram
predestinados a grandes feitos como
o será o nascido do encontro da
mulher/cobra e do homem/gavião,
seja do rio, cujas margens abrigam o
povo Mawé.
Expostas as origens do essencial,
Tiago Hakiy, coletou em contos curtos
os feitos do grande herói da tribo. O
livro, então, é composto por “Awyató-
pót e a virgem da noite”, “Awyató-pót
e o Juma” e, finalmente, “A morte de
Awyató-pót”, cuja descendência
promete novos feitos.
A beleza dessas narrativas,
contadas de forma simples, está no
permanente imbricamento do homem
com a natureza, reforçando a ideia
sempre apontada pelos povos
indígenas de que homem, animal e
natureza são um único universo.
Indissolúvel, vale dizer. E essa questão
é reforçada estética e magicamente
por Maurício Negro, o já conhecido
leitor e releitor da diversidade, através
de traços e cores inconfundíveis.
IRMÃODOHENFIL
Compareceram hoje os três irmãos de
sangue: Betinho, Henfil e Chico Mário, os
seus ideais estão sendo vividos pelos jovens
de hoje nos manifestos no solo brasileiro.
“Meu Brasil, que sonha com a volta do
irmão do Henfil, de tanta gente que partiu...”.
A citação da canção “O Bêbado e a
Equilibrista”, de autoria dos compositores João
Bosco e Aldir Blanc, lançada em 1979 e
interpretada por Elis Regina, era para o então
desconhecido “Irmão do Henfil”: o sociólogo
exilado Herbert Jose de Souza, ou melhor,
Betinho. Homens visionários que visavam:
“para nascer um novo Brasil, humano,
solidário, democrático é fundamental que uma
nova cultura se estabeleça, que uma nova
economia se implante e que um novo poder
expresse a sociedade democrática e a
democracia no Estado”. É um verdadeiro
exemplo para as futuras gerações de
brasileiros: “O Bêbado e a Equilibrista” frase
composta hoje, talvez a letra seria diferente:
“Meu Brasil, que sonha com a volta do
Betinho, de tanta gente que partiu...”.
CENÁCULOSNASRESIDÊNCIAS
Não respeitar as tradições de um povo é
falta de pesquisar, perguntar, ouvir e dançar
conforme toca a música. Presenciamos fato
absurdo quando se trata de liderança, com
falta de respeito na fé de um povo secular. Em
2013, voltam os “Cenáculos nas Residências”,
visando agregar o povo de Deus nas
celebrações ao Espírito Santo, durante nove
meses. Esta união diferencial de fiéis é um tipo
de avant-première, é para que a festa do
Senhor Divino, toda a população da cidade
participava e se entusiasmava nos quatro
costados da cuiabania. Iluminado pelo Espírito
Santo, o padre Ademilto Santos Mota, cura da
Catedral, vem comandando seu rebanho com
humildade, respeito, amor ao povo de Deus.
Também vem reconquistando os fiéis do Divino
Espírito Santo que se distanciaram por força
maior do outro homem que pregava a
palavra de Deus. Cenáculos nas Residências:
“Cada lar deveria ser um fogo ardente e
irradiar luz e calor de amor divino através do
amor humano”.
CUIABÁ300ANOS
Se nos 250 anos de aniversário de
Cuiabá as festividades duraram um ano,
quanto mais quando a terra-mãe completar os
seus 300 anos. É bom planejar, elaborar os
programas das solidades, onde envolver o
prefeito de Cuiabá, o governador do Estado,
autoridades ecléticas, comissão dos festejos,
coordenação-geral, para que tudo seja
planejado na terra do Bom Jesus de Cuiabá,
onde ele agradece. Em abril de 1969, no
Jardim Alencastro, aconteceram os festivais de
valsas e rasqueado cuiabano, música clássica,
sacra, popular e carnavalesca, e de danças
folclóricas regionais. Como dizem os
cuiabanos de nascimento e cuiabanos de
coração: “Cuiabá é uma festa”. Me lembro
do bolo em forma de marco do Centro
Geodésico da América do Sul, bolo
preparado pelas famosas boleiras da Capital.
Perguntei na época para Elza Biancardini e Telé
Lixeira, quantos ingredientes foram consumidos
para esse gigantesco bolo. Disseram-me:
dúzias de ovos, quilos de trigo, litros de leite,
litros e mais litros de leite, quilos de manteiga,
quilos de açúcar, quilos de doces e frutas
secas, etc. O ponto alto das comemorações
dos 250 anos de Cuiabá foi o corte do bolo
com a espada que pertence ao fundador da
cidade, o bandeirante Pascoal Moreira
Cabral. É bom se preparar, pois Cuiabá
merece uma megacelebração. Cuiabá, berço
da cultura, uma capital que não muda pela
sua economia, sua política e nem mesmo sua
ciência; muda, sim, pela sua cultura.
FESTADESANTO
No lendário Coxipó do Ouro foi que tudo
começou, desde a busca do ouro pelos
bandeirantes até a fé religiosa. A dupla
celebração religiosa do Espírito Santo e de São
Benedito aconteceu no passar do dia 14 de
junho na chácara do Bugrinho, no Coxipó do
Ouro. Reunindo grandes números de
convidados, aconteceu a Santa Missa, tudo
regado a chá com bolo, com os hinos do
Divino e São Benedito, tocava nos corações de
todos os presentes. A sempre elegante Sra. Eva
Couto convida na fé, há anos mantém viva
estas tradições familiares. A união dos festeiros,
que tem continuidade nesta dupla celebração
no Espírito Santo e São Benedito, tocou cada
vez mais nos corações dos fiéis. A
musicabilidade regional levantou a multidão
nos embalos do rasqueado e do lambadão,
os casais foram em arara, a alegria contagiou
o Coxipó do Ouro neste sol escaldante que
iluminava a todos os presentes. As emoções
ficaram em alta, no levantamento de mastro,
com as ladainhas religiosas os fiéis faziam seus
pedidos em silêncio. Na arte de bem receber
de Elson Nunes e de Lia Conto Nunes, a
grande anfitriã Eva Couto, junto com o lindo
neto Lucas Conto Nunes, escalava-se simpatia
e fino tratamento a todos os convivas. O
almoço dançante foi o ponto alto de
variedades de iguarias variadas. Só sei dizer:
tudo quanto é digno de ser feito é digno de ser
bem feito.
1...,8,9,10,11,12,13,14,15,16,17 19,20