CIRCUITOMATOGROSSO
CUIABÁ, 25 A 31 DE JULHO DE 2013
CULTURA EM CIRCUITO
PG 7
PARALELO 15
Por Bolívar Figueiredo
NOSSA SENHORA DE SANT’ANA - A PADROEIRA, AVÓ DE JESUS
BolívarFigueiredoé jornalistae
artistaplásticoformadoemBrasília,militante
verde e fundador nacional do PV,
sagitariano, calango do cerrado e
assuntadordefatosevarredordepalavras.
Clóvis é historiador e
Papai Noel nas horas vagas
INCLUSÃO LITERÁRIA
Por Clóvis Mattos
SINAIS DE CHEGADAS
A comunidade
católica de Chapada dos
Guimarães está em festa,
de fé e devoção, com a
comemoração do dia da
padroeira, 26 de julho,
Dia de Nossa Senhora de
Sant’Ana, a mãe de
Maria, a avó de Jesus,
haste santificada,
juntamente com São
Joaquim, da Sagrada
família.
Assim, dedico hoje
este pedaço de história, e
na varredura de palavras,
um pouco da misteriosa
vida terrena de Sant’Ana.
O pouco que se tem
conhecimento da história
da avó de Jesus e mãe de
Maria está registrado no
evangelho de Thiago e
nos escritos de São João
Damasceno, sobre o tema
do Natal. Sant’Ana, na
língua hebraica, significa
“Graça”, e pertencia à
família do sacerdote
Aarão, e seu marido
Joaquim, a do rei Davi.
São Joaquim e
Sant’Ana, casal de idade
avançada e sem nenhum
filho, eram hostilizado
pelos sacerdotes de seu
clã. Em sua fé profunda,
São Joaquim se retira
para o deserto, onde reza
e faz penitência por 40
dias. Um anjo lhe
aparece, dizendo que suas
preces foram ouvidas pelo
Senhor. Após algum
tempo, Sant’Ana ficou
grávida, daquele que
seria a Mãe de Jesus. O
casal da Sagrada Família
residia em Jerusalém, em
Betesda, onde hoje está
edificada a basílica em
seu santo nome. No
Oriente, a devoção aos
avós de Jesus remonta ao
século VI. No Ocidente, o
culto a Sant’Ana atinge
seu apogeu no século VIII,
quando, no ano 710, suas
relíquias foram deslocadas
para Constantinopla, e
distribuídas para outras
igrejas, em especial para
a igreja de Sant’Ana, em
Duren, Renania,
Alemanha.
O Papa Urbano IV
oficializa seu culto em
1378. A data de 26 de
julho, como o dia de
Sant’Ana, foi decretada
pelo papa Gregório XIII,
em 1584. Já o Dia de
São Joaquim, que teve
outras datas de culto, e foi
associado ao de
Sant’Ana, pelo Santo
Papa Paulo VI, num único
dia, 26 de julho, o dia
dos avós maternos,
celebração aos pais da
Virgem Maria. Na cidade
francesa de Auray, no ano
de 1623, várias aparições
da Sant’Ana foram
relatadas.
No sincretismo
religioso, os Celtas e
Druidas atribuem sua
existência à Deusa Danu,
que seriam Sant’Ana ou
Santa Brígida. Sant’Ana
é venerada também pela
Igreja Ortodoxa,
Anglicana e na Umbanda.
Já aqui na Chapada
dos Guimarães, nos idos
de 1779, o Juiz de fora
José Carlos Pereira
efetivou a construção da
Igreja Matriz dedicada a
Sant’Ana, com o objetivo
de fortalecer o núcleo
produtor que abastecia de
alimentos a cidade de
Cuiabá e a zona de
garimpo. Edificação
barroca rococó que
contou com as mãos e os
pés de índios e negros,
que transformaram o
barro retirado do pátio
frontal, onde hoje é a
Praça Wunibaldo, em
paredes da fé. Os corpos
dos índios construtores
estão enterrados sob o
piso da Igreja. Com a
construção da Igreja
Sant’Ana, tantos os
garimpeiros quanto os
colonos fincaram os pés
no cerrado da chapada,
criando o núcleo
populacional no entorno
da Igreja de Sant’Ana, o
marco zero da fé e da
aventura épica de se
domar o cerrado. No
Centro-Oeste, apenas três
igrejas barrocas do
período colonial estão em
plena atividade; duas
estão no Mato Grosso
(Cuiabá e Chapada) e
outra em Goiás. A Igreja
Matriz da Chapada foi
concluída vinte anos após
a expulsão dos jesuítas,
que construíram a capela
de taipa que ficava nas
imediações da Aldeia
Velha. No dia 31 de julho,
foram transferidas as
imagens de Santana do
Santíssimo Sacramento,
Santo Ignácio de Loyola, e
São Francisco Xavier, para
a igreja de Sant’Ana, já
concluída na cidade de
Chapada, e benta pelo
vigário José Correia
Leitão, que rezou a
primeira missa. No dia
seguinte, 1 de agosto, foi
realizada a cerimônia de
dedicação a Nossa
Senhora de Sant’Ana, a
padroeira.
Em 1939, a Paróquia
de Sant’Ana da Chapada
passa a ser administrada
por padres franciscanos
alemães, da província de
Santa Isabel de Turingia.
Com a criação da
prelazia, em 1940, Frei
Wunibaldo é indicado
administrador apostólico,
e em 1948 é sagrado
bispo. Sant’Ana, rogai por
nós! Amém, até semana
que vem.
Sinais de Chegadas
é
um romance baseado em
fatos verídicos do que
ocorreu e ainda ocorre
com nossos índios.
O autor alinhava sua
trama de maneira singular,
sem subterfúgios, sem
exageros. Seus
personagens são reais,
embora por força, talvez
de sua própria segurança,
tenha que tratá-las como
ficcionais. É uma trama
que não deixará o leitor
sossegado, porque é
impossível sossegar-se
diante da brutalidade que
os fatos encerram.
Para quem conhece
nossa história mais recente
não será difícil identificar
os “heróis” da ocupação,
responsáveis que foram
pelo genocídio daqueles
que eram donos da terra
milhares de anos antes da
chegada de Pedro Álvares
Cabral.
Sinais de Chegadas
desmitifica, sem citar
nomes, pretensos heróis de
renome nacional e
internacional, acabando
com a fogueira da
vaidade que envolveu a
atração e os contatos que
não foram imediatos,
senão o mais tenebroso
crime cometido contra os
povos que aqui viviam
antes, bem antes de o
Brasil ser inventado.
(Romulo Nétto)
O autor
Filho e neto de
indigenistas, Odenir Pinto
de Oliveira viveu até a
Odenir Pinto
de Oliveira
de Oliveira
P r ime i ra
P r ime i ra
Ed i ção/2013
Ed i ção/20
Gêne ro:
Gêne ro:
L i t e ra t ura/
Romance
Romance
Ed i t or a :
Carlini &
Carl
Can i a t o
C
Ed i t o r i a l
Ed i t o r i a l
A obra
adolescência entre os
povos indígenas Bakairi e
Xavante, no norte/
nordeste de Mato Grosso.
Ingressou no órgão oficial
de indigenismo (Funai)
por intermédio do
Primeiro Curso de
Indigenismo, (1970/71)
atuando em diferentes
regiões do país,
especialmente nas
atividades indigenistas de
demarcar e proteger
territórios indígenas. E
mais recentemente na
defesa do patrimônio
material e imaterial dos
povos indígenas.
Aposentado, em abril de
2007 saiu da Funai.