CIRCUITOMATOGROSSO
PANORAMA
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CUIABÁ, 25 A 31 DE JULHO DE 2013
COTRIGUAÇU
Eles querem implantar uma nova trajetória socioeconômica e ambiental que atenda às aldeias e proteja o meio ambiente.
Por: Sandra Carvalho. Fotos: Reprodução
Indígenas em busca de autonomia
Na região Noroeste de
Mato Grosso, Cotriguaçu,
que faz parte da Lista dos
Municípios Prioritários para
ações de prevenção e
controle do desmatamento
na Amazônia, é foco de
ação do projeto Cotriguaçu
Sempre Verde, desenvolvido
pelos diferentes grupos da
sociedade local. O trabalho
é realizado com a
comunidade indígena da
aldeia Babaçu, etnia
Rikbaktsa, da Terra Indígena
(TI) Escondido. O município
possui 9 mil km
2
, compostos
por Unidades de
Conservação,
assentamentos, áreas
particulares e TIs.
O objetivo do projeto,
que conta com o apoio do
Instituto Centro de Vida
(ICV), é implantar uma nova
trajetória socioeconômica e
ambiental no município,
com atividades que
permitam a manutenção da
floresta, através da redução
do desmatamento e da
degradação florestal graças
ao desenvolvimento de
atividades produtivas com
menos impacto sobre os
recursos naturais e ações de
governança ambiental.
Rodrigo Marcelino,
analista socioambiental do
ICV e responsável pela
atividade, explica que o
trabalho consiste na
elaboração de um plano de
gestão ambiental e territorial
da TI. Assim, o primeiro
passo, chamado
INTEGRAÇÃO
Jovens produtores
conhecerão novo sistema
TURISMO
“Nobres é mais que bonito,
é lindo” dizem visitantes
A integração
Lavoura-Pecuária-
Floresta é a saída
para integrar
diferentes atividades
de produção e
aumentar a renda
Integrar produção
agrícola com a
pecuária e o plantio
de floresta é um
desafio para os
produtores rurais de
Mato Grosso. A
chamada integração
Lavoura-Pecuária-
Floresta (iLPF)
desponta como a
principal alternativa
para integrar
diferentes atividades
de produção e
aumentar a renda do
produtor mato-
grossense. O assunto
será tema do terceiro
encontro do projeto
Futuros Produtores do
Brasil, que será
realizado no dia 27
de julho, na Fazenda
Gamada, em Nova
Canaã do Norte. A
propriedade desenvolve
a iLPF em parceria com a
Embrapa
Agrossilvipastoril há cerca
de cinco anos e é
considerada modelo no
desenvolvimento desta
prática.
Com uma área de
2.420 hectares, a
Fazenda Gamada está
localizada no bioma
amazônico. Em uma área
de pouco mais de 100
hectares estão instalados
sistemas iLPF com
diferentes configurações
e com quatro espécies
florestais distintas:
eucalipto, pinho
cuiabano, teca e pau de
balsa. A propriedade
também destina 800 ha
para produção de soja e
400 ha para o milho,
além de pecuária.
Segundo o proprietário e
presidente do Sindicato
Rural de Nova Canaã do
Norte, Mário Wolf, a
propriedade está indo
para o quinto ano de
experimentos da iLPF.
“Já existem dados
que comprovam que,
dependendo da
finalidade que você
quer dentro da
propriedade, ela é
totalmente viável, pois
permite tanto o
desenvolvimento da
pastagem quanto da
lavoura. O
sombreamento das
árvores garante ganho
de peso aos animais e
a madeira pode ser
utilizada na confecção
de cercas e produção
de lenha. Acho que
realmente é uma nova
opção”, avalia Wolf.
Trinta jovens, filhos
de produtores rurais e
empresários ligados ao
agronegócio,
participam do projeto
Futuros Produtores do
Brasil, desenvolvido
pela Famato e pelo
Serviço Nacional de
Aprendizagem Rural
(Senar-MT).
Para Mário Wolf,
incentivar os jovens a
conhecer a produção e
o trabalho nas
propriedades da
família deve começar
desde cedo. “Isso
porque estimula os
filhos dos produtores a
ficarem na fazenda e a
ajudar os pais no
desenvolvimento do
trabalho construído há
anos na fazenda”,
destaca Wolf.
Ponto turístico ainda
pouco explorado em Mato
Grosso, a cidade de
Nobres (a 140 km de
Cuiabá) não está distante
da Chapada dos
Guimarães, um dos
destinos mais procurados
do Estado. Mas foi apenas
no fim do ano passado que
o asfalto chegou ao trecho
da estrada que dá acesso à
área onde estão as
atrações turísticas,
facilitando o trânsito de
visitantes. Nobres é o primo
mais desconhecido de
Bonito, famoso em Mato
Grosso do Sul por seus
passeios que exploram
águas cristalinas, peixes
abundantes e atividades
como rafting e visita a
cavernas. Coincidência ou
não, a comparação surge
no slogan adotado por
agências de turismo e até
pela Prefeitura de Nobres:
“Mais que bonito, é lindo”.
Quem faz a flutuação, ou
Passeio de bote e visita à lagoa das Araras, onde se observa a
ave no fim do dia, são opções de atividades em Nobres
mergulho com snorkel,
comprova que a
experiência em Nobres é
semelhante – mesmo que a
estrutura ainda seja um
pouco mais rústica.
Nas águas límpidas e
de tons azulados da região,
se avistam facilmente, e
bem de perto, peixes como
a piraputanga, o piau, o
pintado e, por vezes, o
dourado. O mergulho
acontece, em geral, em
propriedades onde se
podem alugar
equipamentos (como a
máscara e o colete), usar
estrutura com banheiros e
chuveiros e almoçar. No
caso do Reino Encantado,
também uma pousada, o
passeio (R$ 85, com a
agência Interativa) incluiu
flutuação por um
quilômetro no rio Salobra e
almoço no local.
OUTROS PASSEIOS
Passeio de bote e visita
à lagoa das Araras, onde
se observa a ave no fim do
dia, são opções de
atividades em Nobres.
Importante ponto turístico,
entretanto, a gruta da
Lagoa Azul permanece
fechada até que se
resolvam questões
fundiárias e que estudos
comprovem que o turismo
no local não representa
risco ambiental.
INVESTIMENTO
O Sesc de Mato Grosso
abrirá em Nobres um hotel
com 60 apartamentos em
até três anos. Antes disso –
até o fim do ano –, a
entidade deve oferecer em
sua propriedade, onde está
a cachoeira da Serra Azul,
passeios de rafting, tirolesa
e visita a cavernas (ainda
em estudo). A cachoeira,
aberta à visitação, é um dos
pontos mais procurados por
turistas. (Marília
Miragaia/Folhapress)
etnomapeamento, que
identifica lugares de grande
valor histórico, ideológico e
com recursos naturais
utilizados em práticas
cotidianas da etnia, foi
finalizado com a ajuda de
anciões de outras aldeias
Rikbaktsa.
Na sequência, serão
realizadas as oficinas de
avaliação ecológica que
consistem em analisar a
situação atual dos recursos
naturais utilizados e seu
manejo, além de identificar
as potencialidades de
geração de renda. A partir
daí será construído o
etnozoneamento da TI, pelo
qual serão pensadas ações
estratégicas para cada zona
que poderão ser
implementadas no curto,
médio e longo prazo.
Todas essas atividades
exigem muito trabalho e
cuidado para que sejam
desenvolvidas de forma
participativa e colaborativa,
de modo que as pessoas
envolvidas sejam
protagonistas na busca de
soluções, relata o analista.
Além disso, esse ponto é
fundamental para a
integração das áreas
protegidas no município de
Cotriguaçu e no Estado e,
no caso da Terra Indígena,
na busca de autonomia
através do planejamento e
gestão de seu território,
aspecto imprescindível para
a elaboração de um
diálogo intersetorial
eficiente.
Nesse sentido,
Raimundo Iamonxi,
morador da aldeia e
membro do Conselho
Municipal de Meio
Ambiente (CMMA) de
Cotriguaçu, foi eleito
representante da região
noroeste para o
desenvolvimento rural
sustentável indígena para
participar do Fórum
Estadual. Ele explica que é
importante que a aldeia
possa ser representada nos
diferentes espaços da
sociedade e que sua
situação seja conhecida e
compreendida para que
possa preservar seus direitos
e tradições.
Rodrigo ressalta que
todas as atividades de
construção do plano de
gestão são também
oportunidades para a etnia
se fortalecer culturalmente,
resgatando suas histórias e
costumes, como com a
construção do makyry ou
“rodeio” (a casa dos
homens), que ocupa um
lugar central na aldeia,
resgatando um aspecto
cultural, tradicional e
histórico.
E para construir
estratégias que viabilizam a
geração de renda no curto
prazo para a comunidade,
a aldeia vem articulando,
junto com parceiros locais, a
venda de castanha
beneficiada para a
merenda escolar. Dokta
Rikbakta, cacique da Aldeia
Babaçu, espera que todo
este trabalho e esforços
permitam garantir os
direitos, a proteção do
território e a dignidade
desse povo. (Com Andrés
Pasquis/ICV – Fotos:
Amazônia Sem Fogo e
Funai)
As a t i v i dade s e x i gem mu i t o t r aba l ho e cu i dado pa r a que
s e j am de s en v o l v i da s de f o rma pa r t i c i pa t i v a e co l abo r a t i v a
São a t i v i dade s que pe rmi t em a r edução do g r aça s
ao de s e n v o l v i me n t o de a t i v i dade s p r odu t i v a s
Tr i n t a f i l ho s de p r odu t o r e s r u r a i s e
emp r e s á r i o s do ag r onegóc i o pa r t i c i pam do
p r o j e t o Fu t u r o s P r odu t o r e s do B r a s i l
Na s água s l ímp i da s s e a v i s t am f ac i lmen t e pe i x e s como
p i r apu t anga , p i au , p i n t ado e , po r v e z e s , dou r ado
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