CIRCUITOMATOGROSSO
CUIABÁ, 30 DE MAIO A 5 DE JUNHO DE 2013
CULTURA EM CIRCUITO
PG 5
Anna é doutora em
História, etnógrafa e filatelista.
TERRA BRASILIS
Por Anna Maria Ribeiro Costa
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CENTRO CULTURAL IKUIAPÁ NA 11ª SEMANA DE MUSEUS
TERMOS DO FUTEBOL ORIGINADOS NA LÍNGUA INGLESA
THINK AND TALK
PPor Laura Santiago an i
LauraédiretoradaYes!Cuiabá
e apaixonada pelo Mickey Mouse ...”
O Instituto Brasileiro de Museus
promoveu a 11ª Semana de Museus,
evento nacional que comemora o Dia
Internacional dos Museus, 18 de maio,
com a intenção de mobilizar os museus
brasileiros com programas em torno do
tema Museu (memória + criatividade)
= Mudança Social. Neste ano, 1.252
instituições participaram com 3.911
atividades em 535 municípios
brasileiros. No Centro-Oeste, além do
Distrito Federal, os três estados da
região se fizeram presentes: Goiás,
Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. E
foram os municípios de Cáceres,
Campo Novo do Parecis, Campo
Verde, Cuiabá, Diamantino, Dom
Aquino, Itiquira e Rondonópolis que
representaram nosso Estado.
A atividade “Memórias Mitológicas
Indígenas: contação de histórias” foi
organizada e executada pela equipe
de técnicos do Centro Cultural Ikuiapá,
localizado no Centro Histórico de
Cuiabá. Órgão da Fundação Nacional
do Índio ligado ao Museu do Índio, Rio
de Janeiro, criado em cumprimento à
Política Nacional de Proteção aos
Direitos dos Povos Indígenas, reúne um
acervo etnográfico com 1.400 artefatos
indígenas, uma biblioteca temática
com 700 títulos e um acervo
documental com peças de 1968 aos
dias atuais. Prepara-se para ser
transformado em um ambiente de
preservação e difusão do patrimônio
cultural dos povos indígenas do
Centro-Oeste. O Centro Cultural
Ikuiapá, ao levar o museu para o
Univag – Centro Universitário, palco
das atividades – atendeu um público
composto por alunos e professores dos
cursos de Pedagogia, Letras e Serviço
Social. Durante os quatro dias de
apresentação, histórias sobre o
Kwarup, a festa dos mortos
(Kamayurá), Era uma vez (Yanomani), A
subida para o céu (Bororo), O menino
e a flauta (Nambiquara), Yakuigade
(Kura-Bakairi) e Pena Quebrada: o
indiozinho.
O conjunto de histórias, além de
aguçar a troca afetiva de saberes tão
distintos, pretendeu despertar
sensibilidades e, assim, promover um
conhecimento da pluralidade cultural
em Mato Grosso como parte da
promoção de mudanças que criem
condições mais harmoniosas de
convivência entre índios e não índios.
O futebol virou uma ferramenta
para o brasileiro organizar o seu
próprio mundo. O torcedor torna o jogo
de bola uma forma de expressão.
Temos inúmeras palavras para bola de
futebol, tal o valor do esporte em nossa
vida cotidiana. O esporte – e a
terminologia que ele produz – virou uma
arena para as mazelas nacionais.
Quando foi introduzido no país por
Charles Miller, em 1895, era praticado
pelas elites sob o pretexto de ser uma
prática ideal para a criação de jovens
sadios, sempre necessários aos inúmeros
esforços de guerra que viriam nos anos
seguintes. Sua popularização, ocorrida
até o início da década de 30, mudou o
cenário do futebol. A linguagem usada
no meio e entre torcedores é reflexo da
passagem de um esporte de elite para
uma prática popular. Não foram poucos
os elitistas que tentaram batizá-lo de
ludopédio, balípodo ou podosfera.
Levaram goleada da população, que
define o que gosta como quer e pode.
O formato atual do esporte foi
organizado na Inglaterra no século 19,
e de lá vêm suas palavras
fundamentais:
FUTEBOL: O termo talvez seja o
anglicismo mais celebrado do Brasil.
Veio do inglês
football
(de
foot
, pé +
ball
, bola), literalmente, “bola no pé”.
Nos Estados Unidos, o
football
association
, nome oficial do esporte na
Grã-Bretanha, reduziu-se a
soccer
por
alteração de (
as
)
soc
(
iation
) + o sufixo
er
. Em italiano, o nome é
calcio
, coice,
pontapé, de
gioco del calcio
, do latim
calx
, cálcis, calcanhar, pé, pata.
GOL: Do inglês
goal
, objetivo. Além
de meta a ser transposta pela bola, é o
ponto obtido pela transposição da linha
entre as traves verticais e o travessão
horizontal. Em Portugal, o ponto é “golo”,
e a meta, “baliza”. “Gol” é capricho
brasileiro. O idioma tende a transformar
em oxítonas palavras terminadas em
ol
(espanhol, anzol).
GOLEIRO: De “gol” mais o sufixo
-eiro, palavra que substitui no Brasil o
goalkeeper
do futebol inglês. É o único
jogador de futebol que tem direito de
segurar a bola com as mãos, desde que
na grande área de seu campo.
Raramente chamado de guarda-metas.
Em Portugal, guarda-redes.
TIME: Do inglês
team
. Grupo de
animais ou pessoas (certos jogadores),
associadas em uma atividade. Também
quadro ou equipe, do francês
équipe
.
No futebol inglês, havia
goalkeeper
,
backs
,
half-backs
e cinco
forwards
, fora
as subdivisões, como
back
direito,
esquerdo;
half
direito e
center-half
. No
Brasil, narradores falavam em
“golquíper”, “beques” e “alfos”, em
curiosa mistura linguística.
BOLA: Do latim
bulla
, bolha, bola.
A de futebol deve ter circunferência de
68 a 71 centímetros e deve pesar de
396 a 453 gramas. Antigamente os
locutores esportivos a chamavam de
redonda, gorduchinha, menina, couro:
“Mata o couro no peito e baixa na
terra!”. Agora, o espírito rococó ou
condoreiro anda sumido e eles estão
mais contidos.
JUIZ: Do latim
judex
,
judicis
, juiz, o
que julga. Em inglês,
referee
, juiz,
árbitro (de futebol; o de direito é
judge
,
magistrate
). Há anos, narradores
esportivos se referiam a ele como “Sua
Senhoria” e “Meretíssimo”, querendo
dizer Meritíssimo, de mérito.
PÊNALTI: Do inglês
penalty
,
penalidade, proveniente do latim
poenalis
,
poenale
, penal. Castigo
máximo por falta feita na grande área e
nome do chute dado da distância de 11
metros contra o goleiro, que deve
defendê-lo sozinho e não pode sair da
linha antes do tiro. Chamado também
de penalidade máxima no Brasil e de
grande penalidade em Portugal.