CircuitoMT - Edição 660 - page 8

CIDADES
P
G 8
CIRCUITOMATOGROSSO
CUIABÁ, 30 DE NOVEMBRO A 6 DE DEZEMBRO 2017
ocos de
Aedes aegypti,
entulhos
de obra, cadeiras destruídas,
grama alta, entre outros sinais
de abandono, são evidentes no
Centro Oficial de Treinamento
(COT) Barra do Pari e no Cen-
tro Oficial de Treinamento da Universidade
Federal de Mato Grosso (COT da UFMT).
As duas obras são exemplos de como des-
perdiçar o dinheiro público, porém apenas
o COT UFMT é alvo de ações do Ministé-
rio Público Federal (MPF) e do Tribunal de
Contas do Estado (TCE), o COT do Pari,
que tem apenas 70% da obra executada,
segue abandonado e sem ser notado pelas
autoridades.
Os dois locais foram feitos para a prepa-
ração das oito seleções que fizeram os jogos
da Copa do Mundo Fifa 2014 em Cuiabá,
porém nenhuma das obras está concluída.
Ambos tiveram obras iniciadas em 2013
e eram para estar prontas para antes da Copa
do Mundo em 2014. Quatro anos se passa-
ram, outra Copa está perto de começar, a que
será disputada em 2018 na Rússia.
Segundo a Secretaria de Estado de Cida-
des (Secid), as obras dos dois COTs custam
cerca de R$ 49 milhões, sendo que o COT do
Pari está orçado atualmente em R$ 31, 7 mi-
lhões e o COT da UFMT a R$ 17,2 milhões.
Por José Wallison
LEGADO DA COPA
COTs perecemenquanto aguardamobras
As obras do COT do Pari e da UFMT custam cerca de R$ 49 milhões aos cofres públicos e nunca foram apresentadas à população.
Em VG, nem TCE ou MPE tomaram medidas
F
A secretaria ainda disse à reportagem que
todo dinheiro já foi repassado para a empresa
Engeglobal
, que é responsável pelas obras.
A reportagem tentou contato com a
En-
geglobal
, porém não obtivemos resposta.
A empresa pertence ao empresário Robério
Garcia, pai do deputado federal Fabio Garcia
(PSB-MT) e filho do ex-governador de Mato
Grosso José Garcia Neto.
O
Circuito Mato Grosso
foi até os dois
centros de treinamento para ver in loco a si-
tuação das obras.
Os centros de treinamento parecem depó-
sitos. Muitos materiais de construção guar-
dados, como cal, cimento, pallet, telas de
isolamento para todos os lados, baldes, fios
elétricos, entre outros materiais, estão espa-
lhados em alguns compartimentos cobertos.
Os moradores vizinhos denunciam que parte
do material foi roubada do local.
Obras dO cOT dOpari nãO FicarãOprOnTas neMna cOpade 2018
lhão, elevando o custo para r$ 26,8 milhões.
Quase três anos depois, o projeto passou a
valer r$ 31,7 milhões, segundo informações
dadas em 2015 pela secopa, devido aos adi-
tivos concedidos ao Consórcio do Pari.
o CoT do Pari representa um completo
abandono, abrigando apenas os pássaros
quero-queros. A estrutura coberta da arqui-
bancada foi retirada e está exposta na frente
do local. Nos vestiários, as pias estão que-
bradas e os vasos sanitários foram retirados.
Nos acessos para as arquibancadas há
várias infiltrações e no teto, muito mofo. Nas
poças de água que se formam no chão do pré-
dio há focos de mosquitos
Aedes aegypti
. Nos
banheiros destinados aos torcedores também
podem ser percebidos focos do mosquito.
o gramado está alto, mas ainda dá para
ver algumas marcações do campo que se
perde a cada dia. um dos refletores já está
quase sem lâmpada. o matagal toma conta
ao redor de toda a estrutura.
CoT rubens dos santos, popular-
mente conhecido como CoT Barra
do Pari, terá as obras retomadas
em 2018, conforme a secid. o
atraso na obra, que já consumiu de r$ 26,8
milhões, ainda não foi notado pelas autori-
dades como o Ministério Público do estado e
o Tribunal de Contas do estado. o secretário
de Cidades, Wilson santos (PsDB), chegou
a pedir em fevereiro ao TCe que incluísse
a obra do CoT do Pari nos Termos de Ajus-
tamento de Gestão (TAGs), porém o pedido
não foi atendido.
Conforme a assessoria, para que o pro-
jeto tenha continuidade no ano que vem,
está sendo realizado um ensaio no local do
que a obra tem hoje e o que foi retirado. A
engeglobal, responsável pela obra, retirou
alguns dos materiais para evitar furtos, o que
já aconteceu em algumas ocasiões.
em 2013, a obra de r$ 25,5 milhões teve
o valor do contrato aditado em r$ 1,3 mi-
O
reProDução
VALOR DAS OBRAS
COT UFMT
17.256.568,91
COT DO PARI
31.760.080,48
TOTAL
49.016.649,39
prOMessa de enTrega dO cOT da uFMT eM deZeMbrO
telecomunicações, luminotécnica, climatização
e ventilação, prevenção e combate a incêndio,
paisagismo, gramado e comunicação visual.
Conforme a secid, 90% da obra estão con-
cluídos, por isto será a prioridade para ser
completada, ainda em2017, apesar das chuvas
que já começaram. Foi o único local que rece-
beu um treino das equipes que disputaram os
jogos. em2014 as seleções da Nigéria e Coreia
do sul chegaram a usar o local como base.
Nossa reportagem foi ao local e constatou
o abandono do CoT, apesar das afirmações
da secid. A grama está alta, uma boa parte
com areia e o sistema de drenagem entupido.
Também há focos de mosquito
Aedes aegypti
no local.
pesar de não haver sinal de obras
avançadas no local, o CoT Professor
João Batista Jaudy (CoT uFMT), será
entregue em dezembro. A afirmação
é da secid. A obra está orçada em r$ 17, 2
milhões. Todo o dinheiro já foi repassado à
empresa engeglobal.
o CoT uFMT começou a ser construído há
quatro anos, em março de 2013, e deveria ter
sido entregue antes da Copa de 2014. o local
era um movimentado ponto para a população
realizar exercícios diários como caminhada,
corridas e jogos. Porém desde o início da obra,
apenas tapumes são vistos no local onde deve-
ria já existir uma construção de 5,4 mil metros
quadrados. Até as calçadas estão fechadas à
população.
A s p r ome s s a s
de estrutura no CoT
uFMT são grandiosas.
Com capacidade para
1,5 mil torcedores,
campo de futebol,
alémde instalação das
estruturas de arquite-
tura, fundações, ter-
raplanagem, drena-
gem, pavimentação,
estrutura metálica,
instalações hidros-
sanitárias, elétricas,
A
uFMT FOi negada nOs JOgOs uniVersiTÁriOs brasileirOs (Jubs)
repassados através doMinistério dos esportes
e já foram depositados na conta da universi-
dade. A pista emborrachada veio da itália e
custou u$$ 1,4 milhões, o equivalente a r$
5,6 milhões.
Conforme a assessoria, a pista é a mesma
usada no estádio Nilton santos, o engenhão,
que foi sede do atletismo dos Jogos olímpicos
2016. A pista terá 400metros de comprimento
e com oito raios, como determina a Confede-
ração Brasileira de Atletismo. Cem metros
dela serão dedicados a modalidades como
salto com vara, lançamento de peso, dardo e
salto em altura.
lém de inacessível à população, o
CoT uFMT não pôde sediar os Jo-
gos universitários Brasileiros (Jubs
2016). segundo o TCe, as provas
de atletismo, que deveriam ser realizadas no
local, foram tiradas do programa.
o local iria sediar os jogos de atletismo e
futebol, porém estava com a estrutura inapta.
A pista até hoje não foi concluída.
segundo a universidade Federal de Mato
Grosso (uFMT), para concluir a pista de atle-
tismo é necessária a finalização da construção
da base de concreto, de responsabilidade da
secid. os recursos da compra da pista foram
A
irregularidades FOraM denunciadas pelO MpF
que já se arrastava desde 2014.
Para a procuradora, ficou clara a “ne-
cessidade de maiores informações acerca
dos fatos, permitindo uma atuação minis-
terial prudente em defesa dos interesses
indisponíveis”. A obra está bem avançada
se comparada à do CoT Barra do Pari, onde
desde o ano passado não se vê movimen-
tação de obras.
Foi apontado ainda que há irregularida-
des fiscal e trabalhistas. “Até o momento a
comprovação necessária não foi apresenta-
da ao estado, situação que impede o paga-
mento de valores passivos e de medições
futuras”.
MPF instaurou um inquérito civil
para investigar o atraso nas obras
do CoT uFMT. A secid foi notificada
para que, apresentasse informa-
ções atualizadas sobre o andamento das
obras, que é tocada pelo Consórcio Campus
universitário, também liderado pela en-
geglobal. o documento foi assinado pela
procuradora Bianca Britto de Araújo, no dia
26 de fevereiro de 2016.
o objetivo do MPF era o de analisar como
está sendo executada a obra, bem como
a qualidade dela. o órgão do Judiciário já
apurava a situação, tanto é que o inquérito
é fruto de um procedimento preparatório
O
cOT dO pari nãO esTÁ incluídO nOs Tags enTre Tce e esTadO
porém não foi incluso.
Foram assinados 22 TAGs foram firmados
pelo governo do estado, entre obras inclusas
nestes TAGs é o CoT da uFMT, que está na
fase de elaboração do relatório para ser
julgado pelo pleno; o termo foi assinado no
valor de r$ 3,5 milhões.
segundo o TCe, o TAG firmado para
a obra do CoT da uFMT está em fase de
elaboração do relatório para o julgamento
do pleno.
CoT jornalista rubens dos santos
(CoT do Pari) não está incluso nos
22 Termos de TAGs do TCe-MT. o
pedido foi feito pessoalmente pelo
titular da secid, Wilson santos, durante a
reunião feita no dia 15 de fevereiro deste
ano.
santos expôs ao então presidente con-
selheiro do TCe, Antonio Joaquim, o desejo
da secid-MT de retomar as obras de reestru-
turação do CoT do Pari, em Várzea Grande,
O
nOTa da uFMT
chegar a Cuiabá no início de dezembro. “A
universidade cumpriu, com responsabilida-
de, a importação da pista, mas precisamos
que o governo do estado cumpra com a sua
parte e finalize a estrutura necessária para
a instalação da borracha da pista, em tempo
necessário para que a pista não perca garan-
tia de instalação”, explicou evandro soares.
egundo a assessoria da uFMT, o vi-
ce-reitor, professor evandro soares,
reuniu-se na tarde do dia 28/11,
com o secretário Wilson santos. Na
reunião, que aconteceu na secid, o
vice-reitor falou sobre a preocupação com
a demora da conclusão do contra piso para
instalação da pista de atletismo, prevista para
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