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CIRCUITOMATOGROSSO
PANORAMA
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CUIABÁ, 20 A 26 DE MARÇO DE 2014
LOGÍSTICA
Setor produtivo critica concessão
Produtores acham que esta estratégia não é a mais adequada para resolver os problemas emergenciais do setor
SandraCarvalho
Três audiências públicas
visando às concessões das
rodovias estaduaisMT-010,
MT-249, MT-235 e MT-170
foram realizadas neste mês
de março emNova Mutum,
São José do Rio Claro e
Campo Novo do Parecis. As
audiências contaram com a
presença maciça dos
produtores e delegados da
Aprosoja quemanifestaram
desacordo com a proposta
de concessão apresentada
pelo Governo do Estado.
Para a Aprosoja, e
entidades que formam o
Movimento Pró-Logística, a
maneira como está sendo
conduzida a implantação das
novas concessões das
rodovias não é apropriada e
não tem a concordância do
setor produtivo.
“Consideramos que esta
estratégia não é a mais
adequada para resolver os
enormes problemas
emergenciais que temos
enfrentado, como atoleiros,
buracos e falta de
trafegabilidade de nossas
rodovias”, enfatizou o
presidente da Aprosoja,
Carlos Fávaro.
As entidades defendem
que o Governo do Estado
deve agir imediatamente para
a recuperação da atual malha
MINISTÉRIO
Agronegócio vibra com Geller
Neri Geller é produtor rural emMato Grosso e conhece bem a realidade do setor produtivo
SandraCarvalho
A posse do então
secretário de Política
Agrícola doMinistério da
Agricultura, Neri Geller
(PMDB), noMinistério da
Agricultura, a convite da
presidente Dilma Rousseff
(PT), animou o setor
produtivo de Mato Grosso.
Para o presidente da
Aprosoja, Carlos Fávaro, a
união e o amadurecimento
das forças políticas do
setor, o papel do senador
BlairoMaggi e o próprio
desempenho de Geller como
secretário de Política
Agrícola foram
fundamentais para que
ocorresse esse convite.
“Sabemos que o
compromisso só aumenta
como ministro da
Agricultura, mas por Neri
ser um agricultor nato e
competente, não
precisaremos convencê-lo
dos problemas que o setor
enfrenta”, comemorou
Fávaro. Em nota, a
Federação da Agricultura de
Mato Grosso (Famato) disse
sentir orgulho pela posse de
Neri Geller noMinistério da
Agricultura: “Mato Grosso é
referência na produção de
alimentos, na
representatividade de classe
e agora está legitimando sua
importância em âmbito
nacional. Estamos muito
contentes”.
Segundo a Famato,
Neri Geller é produtor rural
em Mato Grosso e conhece
bem a realidade do setor
produtivo. “A escolha dele
pela presidente Dilma é um
reconhecimento importante
para os produtores. Tenho
certeza de que Geller fará
um grande trabalho frente
ao ministério, assim como já
vinha fazendo como
secretário de Política
Agrícola”, avalia o
presidente do Sistema
Famato, Rui Prado.
Secretário de Política
Agrícola doMinistério da
Agricultura desde 2013,
Geller assume o comando
da pasta em substituição a
Antônio Andrade. A
presidente Dilma Rousseff
elogiou o trabalho do ex-
ministro e disse que a
escolha do novo titular foi
acertada. “ONeri Geller
atuou de forma decisiva no
desejo do Plano Safra,
Agrícola e de
Armazenagem. Ele conhece
muito bem o cenário da
região Centro-Oeste, tenho
certeza que nos conduzirá a
novos recordes de
produção”.
Geller é o primeiro
representante de Mato
Grosso a assumir a
Agricultura. A posse no
primeiro escalão do
Governo Federal marca o
fim de três décadas do
Estado longe do staff
presidencial. O último a
assumir umministério, em
1986, foi o ex-governador e
ex-prefeito de Cuiabá Dante
de Oliveira. Antes, outros
três mato-grossenses
comandaramministérios no
Governo Federal. Em 1897,
JoaquimMurtinho foi
nomeado ministro da
Viação, Indústria e
Comércio na gestão de
Prudente de Moraes. No
governo de Campos Sales,
assumiu oMinistério da
Fazenda. No ano de 1935,
Eurico Gaspar Dutra tomou
posse no então Ministério da
Guerra (Defesa) e, depois,
foi eleito presidente. O
economista Roberto
Campos comandou o
Ministério do Planejamento
quando Castelo Branco
ocupava a Presidência.
Nascido no Rio Grande
do Sul, em Selbach, Geller
foi morar em Lucas do Rio
Verde em 1984, quando o
município ainda era
constituído apenas por
assentamentos. Começou
trabalhando com grãos e
tornou-se um dos principais
produtores do país, o que o
alçou ao posto de um dos
líderes do segmento no
Estado. Geller já foi suplente
de deputado federal por dois
mandatos e desde 2013
ocupava a Secretaria de
Política Agrícola do Mapa.
viária com recursos
orçamentários próprios, e
não colocar essas ações na
conta dos pedágios que serão
pagos pela população.
“Entendemos que a
concessão de rodovias, por
se tratar de um compromisso
de várias décadas, é um tema
estratégico que deve ser
tratado com uma visão de
longo prazo e não ser
utilizado para resolver
problemas atuais de
manutenção das rodovias”,
complementou o presidente.
O intuito damobilização
do setor produtivo é a
discussão ampla entre
governo e sociedade, com
foco na viabilidade das
concessões rodoviárias, bem
como em ummodelo de
concessão que fomente o
crescimento sustentável do
estado. “Com esse
posicionamento reiteramos
nossa solicitação feita no dia
11 de dezembro de 2013, em
que requeremos a paralisação
das audiências públicas sobre
o tema até que as entidades
do setor apresentem a
proposta para as rodovias
estaduais que está em fase de
elaboração”, pontuou o
diretor-executivo do
Movimento Pró-Logística,
EdeonVaz.
Uma das propostas
estudadas pelo setor é o
modelo no qual o governo
estadual garanta os recursos
necessários para os
investimentos nas rodovias
durante o prazo da
concessão, de modo que os
recursos oriundos das
cobranças de pedágio sejam
utilizados somente para
cobrir despesas operacionais
de manutenção, conservação
e serviços.
“Não devemos tratar um
tema de tamanha importância
estratégica para nosso estado
‘a toque de caixa’. A
concessão de uma rodovia
representa um compromisso
de décadas que, caso feito de
maneira inadequada, pode
comprometer
significativamente a
competitividade e o
desenvolvimento do estado”,
disse o presidente da
Aprosoja.
O primeiro
município a receber a
audiência pública foi
Nova Mutum onde,
segundo o vice-
presidente Norte da
Aprosoja, Silvésio de
Oliveira, foi
protocolado um
documento em que o
setor apresentava seu
posicionamento
desfavorável à
proposta. “O Estado
apresentou um projeto
com duas propostas
diferentes, uma com
valor de R$ 11 a cada
100 quilômetros e
outra com valor de R$
13 a cada 100
quilômetros, no qual a
concessionaria
recupera a rodovia e
começa a cobrar
pedágios após um ano,
o que são valores
absurdos”.
A segunda
audiência foi realizada
em São José do Rio
Claro, onde foi
mantido o alinhamento
do setor e protocolado
Valores do pedágio são
considerados absurdos
documento com o
mesmo
posicionamento.
Segundo o delegado de
Diamantino, Emílio
Ferrari, o prefeito do
município de São José
do Rio Claro também
usou a tribuna e
reiterou o
posicionamento do
setor produtivo
contrário ao modelo.
A última audiência
aconteceu em Campo
Novo do Parecis, onde
Aprosoja, Sindicato
Rural, OAB e ACIC
protocolaram ofício
mantendo o
posicionamento do
setor. Segundo o
segundo vice-
presidente Oeste da
Aprosoja, “todos os
produtores presentes
na audiência são a
favor do modelo de
concessão com
investimento oriundo
do Estado e não da
concessionária, porque
quem pagará é a
população”.
Geller aposta na
abertura de novos
mercados e na atração
de indústrias para
agregar valor aos grãos
produzidos no Centro-
Oeste brasileiro, em
especial emMato
Grosso. “Estou feliz,
nossa história se
confunde com a
agricultura brasileira. A
minha vinda para o
Ministério daAgricultura
me remete a muita
responsabilidade e nós
vamos fazer por
merecer. Vamos honrar
este trabalho até o
término da gestão. São
muitos desafios. Os
mato-grossenses podem
esperar de mimmuito
trabalho”. Uma das
prioridades de Geller à
frente da pasta é o
reforço ao Plano
Agrícola e Pecuário para
a safra 2014/2015.
“Reconheço os avanços
do governo no plano
atual e acredito que
ainda há espaço para
desenvolver algumas
modalidades, como o
Programa de Subvenção
ao Prêmio do Seguro
Rural. Alémdisso, é
preciso reforçar a
Política de Garantia de
PreçosMínimos. Vou
tratar desses temas
como prioritários junto à
equipe econômica”. O
novoministro também
pretende dar atenção a
culturas de maior risco,
como uva e laranja.
“OS MATO-
GROSSENSES
PODEM ESPERAR
DE MIM MUITO
TRABALHO”
Concessão não deve solucionar gargalos de imediato e
problemas ainda devem se arrastar por anos
Carlos Fávaro, presidente
da Aprosoja, entende que a
concessão deve ser
tratada com uma visão de
longo prazo
O peemedebista Neri Geller, agora ministro da
Agricultura, também é produtor rural em Mato Grosso
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