CIRCUITOMATOGROSSO
CUIABÁ, 13 A 19 DE FEVEREIRODE 2014
CAPA
P
G
8
GREVE
Polícia Civil ameaça parar na Copa
Falta de condições de trabalho, desvio de função e carga horária excessiva são as principais reclamações dos policiais civis
Mayla Miranda
Indignados com o
baixo investimento do
Estado em condições de
trabalho e com a carga
horária excessiva,
policiais civis de Mato
Grosso já ameaçam
paralisar as atividades
durante os jogos da Copa
do Mundo em Cuiabá,
caso as reivindicações da
categoria não sejam
atendidas. “Se o
Governo não nos ouvir,
quem sabe darão conta
da gravidade da situação
se pararmos as
atividades durante a
Copa”. Esta declaração
soa como um desabafo
do presidente do
Sindicato dos
Investigadores da Polícia
Civil de Mato Grosso
(Siagespoc), Aníbal
Marcondes. O
sindicalista alerta que as
reivindicações da
categoria continuam
sendo ignoradas pelo
Poder Público estadual, e
as condições dos
servidores da segurança
pioram a cada dia.
São várias as
reivindicações, desde a
falta de aparato ao
excesso de carga
horária. Mas o gatilho
que disparou mais uma
vez o alerta foram as
recorrentes más
condições das marmitas
disponibilizadas aos
policiais em serviço. De
acordo com Aníbal,
todos os dias ele recebe
reclamações de que a
alimentação não atende
às necessidades básicas
do servidor, dando conta
inclusive de que as
marmitas já estariam
chegando às delegacias
estragadas, sem
nenhuma condição de
consumo.
“Parece que eles não
estão lidando com gente.
Os policiais já trabalham
com uma carga horária
acima do que manda a lei
– por conta do número
baixo do efetivo –, e
ainda quando vão se
alimentar se deparam
com a comida azeda”,
ressalta o presidente,
ainda lembrando que as
reclamações não são
recentes, tanto que a
empresa trocou a
embalagem do produto,
trocando as de alumínio
pelas de isopor, sem
alterar em nada a
qualidade da comida.
Para solucionar de
vez a questão, o sindicato
pede a implantação de
vales-alimentação, de
maneira que cada
servidor tenha o direito
de escolher onde, em que
horário e o que vai
comer. A proposta leva
em consideração o valor
médio cobrado pelos
restaurantes da cidade,
em torno de R$ 15,00
por refeição. De acordo
com Aníbal, os
servidores não têm a
pretensão de ter o
benefício igualado ao dos
procuradores,
promotores do Ministério
Público Estadual (MPE) e
os demais servidores que
receberam aumento no
auxílio-alimentação em
2013, mas querem o
valor justo para uma
alimentação adequada.
“Nós estamos
cansados de ser
humilhados desta maneira.
Muitos servidores
públicos contam com o
auxílio-alimentação. Por
que nossa categoria não
tem o mesmo direito?”,
questiona.
Falta aparato e
sobram cobranças
Os problemas
enfrentados pela
categoria já foram
denunciados pelo
Circuito Mato
Grosso
,
na sua
edição 425 – em
circulação de 7 a
13 de fevereiro de
2013, exatamente
um ano a t rás . Na
oportunidade foi
mostrado o alto
índice de policiais
que pedem
afastamento por
problemas de
saúde e
psicológicos. Sem
avanços nas
condições de
trabalho, os
servidores seguem
denunciando os
desmandos
promovidos pela
Secretaria de
Segurança do
Estado.
“As pessoas
esquecem que
policiais são seres
humanos normais,
com er ros e
acer tos , e cobram
excessivamente
uma excelência na
atuação que eles
não têm condições
de alcançar,
principalmente por
falta de aparato”,
desabafou à época
o investigador
aposentado da
Polícia Civil
Miguel Pereira.
Ainda segundo ele,
os desafios
encontrados todos
os di as para o
desenvolvimento do
trabalho
desestabilizam
emocionalmente o
servidor, que acaba
pedindo afastamento
ou licença, gerando
o efe i to casca t a de
diminuição de
servidores e
aumento da carga
horária e trabalho de
quem fica.
O problema é
ainda mais grave
nas delegacias do
interior. De acordo
com Aníbal, muitos
servidores de
cidades pequenas
têm que comprar
sua própria
munição, para
garantir a segurança
e a efetividade dos
serviços.
“Imagina como
é para es t es
policiais sair na rua
sabendo que não
têm o aparato
necessário para a
sua segurança. Eles
lidam com vidas. E
quanto vale a sua
vida? Para mim, a
vida não tem preço,
mas para os
ges tores , os
materiais de
segurança custam
caro. É ou não é
uma vergonha
total?”, ponderou o
servidor.
Rebelo diz não temer ataques
criminosos durante a Copa
Em passagem por
Cuiabá esta semana para o
encontro que reuniu
membros do Comitê
Organizador Local (COL), o
ministro do Esporte, Aldo
Rebelo, disse não temer
ataques criminosos ou
grandes manifestações
durante a realização da Copa
doMundo de 2014. ”Vamos
garantir a segurança pública
e proteger as delegações, os
turistas e a população que vai
participar deste grande
evento. O aparelho de
segurança do País está
equipado para atuar no
Mundial”, pontuou o
ministro.
Questionado sobre a
provável ocorrência de
manifestações durante a
Copa, como as que
ocorreram em julho do ano
Cuiabá receberá milhares de
turistas durante o Mundial
A questão da segurança
durante a Copa 2014 é
muito preocupante já que
Cuiabá vai receber
torcedores de várias partes
do mundo, especialmente de
países cujos times
disputarão a primeira fase na
capital mato-grossense:
Chile, Austrália, Japão,
Bósnia-Herzegovina,
Colômbia, Coreia do Sul,
Rússia e Nigéria. Qualquer
falha na segurança poderá
colocar em risco tanto
turistas como a população
local.
O primeiro jogo na
capital mato-grossense será
entre Chile e Austrália no dia
13 de junho. O país sul-
americano ocupou a quinta
posição no ranking de
maiores emissores em 2012,
quando 250.586 chilenos
ingressaram no Brasil. O
Chile está entre os 18
mercados considerados
prioritários pelo Instituto
Brasileiro de Turismo
(Embratur) para promoção
dos destinos e dos produtos
turísticos brasileiros.
Outro jogo que deverá
atrair uma grande leva de
sul-americanos a Cuiabá
acontecerá no dia 24 de
junho, quando entram em
campo Colômbia e Japão.
Os vizinhos, fãs do futebol,
também adoram passear no
Brasil. Em 2012, 100.324
colombianos estiveram aqui
e ocuparam a 13ª posição no
ranking de turistas que
vieram ao Brasil.
“Os sul-americanos são
apaixonados por futebol e
aproveitarão a chance de ver
suas seleções disputando a
Copa do Mundo em um país
vizinho, próximo a eles.
Acreditamos que eles virão
para assistir os jogos e para
conhecer as belezas do
estado de Mato Grosso
como a Chapada dos
Guimarães e o Pantanal”,
afirma o presidente da
Embratur, Flávio Dino.
passado em todo o Brasil,
Rebelo disse apenas “não
enxergar isso como algo que
não tenha solução”. Isto
porque, segundo ele, existe
umgrande planejamento
estratégico na área de
segurança com vistas à
realização da Copa do
Mundo.
Presente no encontro, o
secretário de Estado de
Segurança Pública (Sesp),
AlexandreBustamante,
alegou que as forças de
segurança estão somando
esforços e preparadas para
garantir tranquilidade durante
a Copa do Mundo em
Cuiabá. Ele ressaltou que
estão envolvidos no esquema
homens das polícias Civil,
Militar, Rodoviária e Federal,
além do Exército.
“Iremos atuar em todas
as frentes, seja na questão de
escoltas, na segurança
preventiva e ostensiva,
enfim, atuaremos de forma a
garantir que a Copa se
transforme de fato na grande
festa que ela é”, alegou. Por
fim, o secretário assegurou
que a segurança do Estado
está pronta para demonstrar
sua capacidade.
Por
Camila Rbeiro.
Fotos: Mary Juruna
“Se o Governo não
nos ouvir, quem sabe
darão conta da
gravidade da
situação se pararmos
as atividades durante
a Copa”
“Parece que eles
não estão lidando
com gente. Os
policiais já
trabalham com uma
carga horária acima
do que manda a lei
– por conta do
número baixo do
efetivo –, e ainda
quando vão se
alimentar se
deparam com a
comida azeda”
“As pessoas
esquecem que
policiais são seres
humanos normais,
com erros e
acertos, e cobram
excessivamente uma
excelência na
atuação que eles
não têm condições
de alcançar,
principalmente por
falta de aparato”
Sindicato afirma que reinvindicações da categoria continuam
sendo ignoradas pelo Poder Público estadual
Aníbal Marcondes, presidente do Siagespoc, denuncia que
os policiais encontram comida azeda nas marmitas
Aldo Rebelo conta com a Polícia Civil no
esquema de segurança do Mundial
Valquiria Castil