CIRCUITOMATOGROSSO
CUIABÁ, 13 A 19 DE FEVEREIRODE 2014
POLÊMICA
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CHAPADA DOS GUIMARÃES
Ações contra pedágio surtem efeito
Tentativa de privatização da estrada da Chapada mobiliza população e Poder Legislativo. Governo já estuda recuo da implantação
Por: Rafaela Souza
O ‘Pedágio Não’,
movimento contra a
privatização da MT-
251, que liga Cuiabá
a Chapada dos
Guimarães (64 km de
distância), já
conseguiu algumas
conquistas. O recuo
do governo ao
decidir realizar um
novo estudo sobre o
impacto da
implantação do
pedágio é uma das
evidências de que a
intenção de instalar
de quatro praças de
pedágio no trecho
por valores que
variariam de R$ 4,10
à R$ 7,50 estaria
perto de uma grande
incoerência.
Considerando
esses preços muito
elevados, moradores,
representantes
comerciais e líderes
políticos começaram
a se mobilizar para
impedir o projeto. O
movimento contra a
privatização da
rodovia Emanuel
Pinheiro (MT-251)
ganhou espaço na
internet. Em uma
página criada em
rede social, a
população de
Chapada dos
Guimarães, Campo
Verde, Cuiabá e
municípios vizinhos
é convidada a
participar de um
abaixo-assinado que
deve durar até o dia
15 de março.
Para o
organizador do
abaixo-assinado,
Caiubi Kuhn, a
opinião da população
é unânime em não
aceitar a implantação
de nenhuma cobrança
na rodovia e caso o
governo insista com
o projeto, serão
realizados protestos
na estrada.
“O projeto
apresentado para a
privatização foi
considerado sem
consistência
Lei Estrada-Parque pode
impedir privatização
Na AL alguns
deputados já se
movimentam contra o
Executivo e com isso foi
criado o projeto de Lei
‘Estrada-Parque’, que
visa impedir qualquer tipo
de privatização de
estradas que dão acesso a
locais turísticos.
De autoria do
deputado estadual José
Riva (PSD), o projeto tem
o objetivo tanto de
impedir que seja criado o
pedágio no local quanto
cancelar a privatização
caso ela já tenha sido
instaurada.
“Queremos vedar a
criação de pedágio ou
qualquer tipo de cobrança
pelo uso da rodovia, ou
denominadas estradas-
parque, e de início vamos
atingir a MT-251, que é o
principal foco do Estado,
Turismo e agricultura
familiar seriam afetados
De acordo com o prefeito de Chapada dos
Guimarães, José Neves (PSDB), dois itens movimentam
a economia do município, e com a criação do pedágio
ambos serão atingidos diretamente: o turismo e a
agricultura familiar.
“O turismo é o principal meio de renda de Chapada,
pois todos os serviços oferecidos na cidade, como
hotéis, lojas e restaurantes são voltados para atender o
público que visita a cidade”, relata o prefeito. E o
segundo meio de subsistência é baseado nos pequenos
produtores rurais que revendem seus produtos tanto no
mercado local como em Cuiabá. “Sem contar as pessoas
que moram em Chapada, mas estudam ou trabalham na
capital. Então, todos dependem diretamente da rodovia e
caso precisem pagar pela utilização vai ficar inviável
para muitos”, detalha José Neves.
O prefeito ainda destaca que a estrada da Chapada
dos Guimarães é um local de fácil manutenção, e o que
falta é boa vontade do Executivo. “Está claro que o
Estado tem dinheiro para fazer a manutenção da rodovia.
O que falta é aplicar mais firme as leis e impedir, por
exemplo, o tráfego de caminhões, pois colaboram para a
deterioração tanto da estrada como da região
arqueológica”, diz José Neves.
Caso o projeto ‘Estrada-Parque’ seja aprovado na
AL, será o primeiro do gênero no Brasil, apensar de já
existir na Europa.
Após as três
audiências públicas para
apresentação dos
estudos de viabilidade
técnica, econômica,
financeira, social e
operacional acerca da
concessão da rodovia
estadual MT-251, entre
Cuiabá, Chapada dos
Guimarães e Campo
Verde, a Secretaria de
Estado de Transporte e
Pavimentação Urbana
(Setpu-MT) trabalha na
elaboração do relatório
final, que deve ser
concluído até o dia 15
de fevereiro.
Diante dos
resultados apontados na
análise dos dados
coletados nas audiências
realizadas nos três
municípios da área de
abrangência da
concessão, o secretário
Relatório final em
fase de conclusão
da Setpu, Cinésio de
Oliveira, solicitou a
reavaliação do estudo de
viabilidade à empresa
responsável. Entre os
pontos do estudo que
serão reavaliados estão
os valores das tarifas,
as praças de pedágio
propostas e os
investimentos a serem
realizados.
A proposta inicial
previa três praças de
pedágio entre Cuiabá e
Chapada dos Guimarães
e mais uma no trecho
até Campo Verde. O
novo estudo indicará se
serão mantidas as
quatro, ou apenas três
serão implantadas,
sendo que entre a
Capital e Chapada dos
Guimarães não haverá
mais que dois pontos de
pedágio.
que já admitiu não ter
condições de bancar a
obra. Apesar de
reconhecer as boas
intenções do Executivo
com essa ação, também
sabemos que de boas
ações não conclusas
todos já estão cheios”,
fala o deputado.
Também na luta
contra a implantação do
pedágio rodovia Emanuel
Pinheiro, três audiências
públicas já foram
realizadas na região,
sendo uma no município
de Campo Verde e duas
em Chapada dos
Guimarães. Nesses
encontros foram reunidas
mais de 250 pessoas, que
levantam o problema da
elevação do custo de
viagem para a capital,
além da redução do
turismo.
principalmente com
relação ao impacto
ambiental, logo não é
possível aceitar. Além
disso, nas audiências
públicas ficou claro
que a população não
aceita a privatização,
pois as pessoas serão
atingidas diretamente
nos custos de viagens
que são realizadas
diariamente. E o
grande questionamento
que fica é: por que o
Estado tinha colocado
a reforma da estrada
da Chapada como
legado da Copa e agora
afirma que não tem
verba para custear a
obra?! Por isso,
acredito que é preciso
realizar uma análise
mais aprofundada
sobre o caso”, afirma
Kuhn.
O próximo passo
dos organizadores do
movimento será a
realização de uma
Audiência Pública na
Câmara Municipal de
Cuiabá, em conjunto
com os vereadores de
Chapada dos Guimarães
que deve acontecer
ent re os di as 17 e 21
de fevereiro. Além
disso, o grupo também
pretende se reunir na
Assembleia Legislativa
(AL).
Fotos: Mary Juruna
Governo recuou em realizar um novo estudo sobre o impacto da instalação de praças de pedágio na rodovia Emanuel Pinheiro
Caiubi Kuhn organizou um abaixo-assinado contra a
implantação de pedágios na rodovia
O secretário de Estado de Transporte e Pavimentação
Urbana, Cinésio de Oliveira, solicitou um estudo para
reavaliação das tarifas e praças de pedágio