CIRCUITOMATOGROSSO
CUIABÁ, 13 A 19 DE FEVEREIRO DE 2014
CULTURA EM CIRCUITO
PG 5
Rosemar Coenga é
doutor em Teoria Literária e
apaixonado pela literatura de
Monteiro Lobato
ALA JOVEM
Por Rosemar Coenga
JULIOVERNE: UMESCRITORAPAIXONADO PELACIÊNCIA
Caio Porto Moussalem é
cinéfilo profissional... e sociólogo
nas horas vagas.
ARTE NÚMERO 7
Por Caio Porto Moussalem
TRAPAÇA
Se você nunca ouviu falar do escritor
francês Julio Verne (ou Jules Verne, seu
nome original), não sabe o que está
perdendo. Apesar de ter vivido e escrito
seus livros há mais de cem anos, sua obra
ainda é uma leitura deliciosa. Verne soube
unir como poucos a narrativa de
aventuras incríveis com a ciência e a
tecnologia que sua época vislumbrava.
Julio Verne nasceu no dia 8 de
fevereiro de 1828 em Nantes, na França.
Filho do advogado Pierre Verne e Sophie
Allote de la Fuÿe foi um dos maiores
escritores do mundo. Hoje, ele é tido com
pioneiro da ficção científica. Foi
influenciado por “As viagens de Gulliver”,
de Jonathan Swift, e “Robinson Crusoé”,
de Daniel Defoe.
Seus livros tratam de expedições aos
polos da Terra, descrevem descidas por
vulcões, narram viagens em submarinos,
balões, aviões, foguetes e até de carona
em um cometa – coisas que, naquela
época, ainda não era possível realizar.
Por isso, tem gente que acha que
Julio Verne era um visionário, um homem
que imaginava coisas que se tornariam
possíveis com o avanço da ciência e da
tecnologia. Os anos teriam mostrado que
ele estava certo quanto ao
desenvolvimento de várias dessas
invenções. Mas tem gente que acha que
outro motivo pode estar por trás do
desenvolvimento dessas maravilhas
tecnológicas.
Os mais de 100 livros de Julio Verne
atravessaram fronteiras e foram
traduzidos em mais de 140 línguas. Em
1862, o editor Pierre-Jules Hetzel
publicou o seu primeiro sucesso “Cinco
semanas em um balão”, de uma viagem à
África. O livro continha tantos detalhes
que os leitores tinham dúvidas se era
ficção ou realidade.
A partir de então foram muitos os
títulos publicados, dentre eles “Viagem ao
Centro da Terra”, “Vinte Mil Léguas
Submarinas”, “AVolta ao Mundo em 80
dias”, “A Ilha Misteriosa”, “Da Terra à
Lua”. Suas obras inspiraram mais de 90
filmes, bem como adaptações para a
televisão — “Vinte Mil Léguas
Submarinas” atingiu a marca de nove
versões e “Viagem ao Centro da Terra”.
Mas Julio Verne não foi apenas o pai da
ficção científica, ele também escreveu
peças e poemas, e até música.
Trapaça
, de David O. Russell,
conta a história de um trambiqueiro
profissional chamado Irving
Rosenfeld (Christian Bale) que –
juntamente com sua esposa
(Jennifer Lawrence) e sua ardilosa
amante (Amy Adams) – é forçado a
trabalhar ao lado de um agente do
FBI (Bradley Cooper) em uma
operação que visa prender políticos
e mafiosos ligados à nascente
indústria de Cassinos de Nova
Jersey. O roteiro desse filme não é
– a meu ver – seu ponto forte. Mas
apesar dos últimos dois trabalhos do
Diretor serem bem superiores (
O
Lado Bom da Vida
, de 2012 e
O
Vencedor
, de 2010) é em
Trapaça
que ele leva ao ápice a maior de
suas habilidade: dirigir atores!
David Russell é, sem sombra de
dúvida, um dos maiores Diretores
de Atores da atualidade e isso fica
nítido em cada cena de qualquer um
de seus filmes.
Somente com seus três últimos
filmes ele conseguiu fazer com que
seus atores fossem nomeados a
nada menos que 11 (onze!!!)
Oscar® - sendo 4 indicações
somente para
Trapaça
. Mas isso
não é só mérito de Russell, pois –
convenhamos – seu trabalho é
‘facilitado’ pela competência
assombrosa do seu ‘cast’.
É verdade que uma história
‘picotada’ e não muito clara
atrapalha um pouco o
desenvolvimento do filme, mas tudo
é compensado pelas atuações
estupendas de Bale, Lawrence,
Adams e Cooper – além do também
ótimo Jeremy Renner. Os
personagens são intensos,
conflituosos e atrevidos e foram tão
bem delineados por interpretações
tão formidáveis, que é impossível
nenhum desses atores levarem uma
estatueta dourada para decorar suas
estantes no próximo dia 2 de Março.
