CIRCUITOMATOGROSSO
CUIABÁ, 13 A 19 DE FEVEREIRO DE 2014
CULTURA EM CIRCUITO
PG 4
COMPORTAMENTOSEXUAL,OG-ZERO-Y
ABCDEF....GLS
Por Menotti Griggi
Menotti Griggi é
geminiano, produtor
cultural e militante incansável da
comunidade LGBTT
UMADAMAÀMESA
INCLUSÃO LITERÁRIA
Por Clóvis Mattos
Clóvis é historiador e
Papai Noel nas horas vagas
Anuncie: 3023-5151
Já escrevi aqui nesta coluna sobre essa
nova prática sexual e que me renderam
alguns emails, então reproduzo aqui um texto
muito bem escrito por Breno Rosostolato
que é psicólogo e terapeuta sexual para
esclarecer ainda mais essa prática, que
confesso já vi MUITO aqui em Cuiabá!
“Uma nova expressão da sexualidade
revela um comportamento diferente e
contemporâneo, afinado às novas tendências
e que demonstra os desdobramentos desta
sexualidade. Originário dos Estados Unidos,
este movimento social desponta e sinaliza
ramificações no que diz respeito à maneira
de se relacionar, se opondo a algumas
práticas homoafetivas. Apresento a vocês os
‘g0y’ ou ‘g-y’. A escrita é assim mesmo, no
lugar do ‘a’ um ‘zero’. São conhecidos
também como ‘g-zero-y’. Os g0ys são
associados à geração Y, a geração da
internet, descolados e antenados. Liberais,
são uma geração que chegou causando
transformações sociais intensas e que,
indubitavelmente, preza pela diversidade e
espontaneidade. Os g0ys são homens, e
somente homens, não existemmulheres
g0ys, no qual o estopim se iniciou entre os
heterossexuais, entretanto, muitos
homossexuais, em sua grande maioria, os
menos femininos, aderiram a este novo
comportamento sexual, que defendem a ideia
da prevalência da masculinidade. Negam
qualquer característica feminina ou
estereótipos e, principalmente, não fazem a
prática do sexo anal, por isso o ‘zero’.
Movimento social que ao mesmo tempo não é
ummero movimento, mas uma realidade. Sem
ser algo passageiro ou modismo, cresce cada
vez mais entre os héteros e os homossexuais,
preza pela liberdade e preservação da
masculinidade, ponto este o centro de toda a
mentalidade que permeia seus defensores.
Surgem tão forte tais convicções que seus
adeptos a consideram uma nova identidade
sexual, não se enquadrando em nenhuma outra
orientação sexual.Aprevalência de uma
identidade de gênero, masculina, norteadora da
mentalidade desta expressão sexual, tem
algumas particularidades. Não existe a prática
do coito anal, todavia, o sexo oral é totalmente
plausível, bem como a fricção do pênis e o
contato dos corpos, aquele ‘amasso’ gostoso.
A propósito, esta prática sexual é conhecida
como frottage ou frotteurismo, ou seja,
excitação sexual resultante da fricção dos
órgãos genitais ou a ‘guerra de espadas’, mas é
importante ressaltar que nem todo g0y é um
frotters. A relação com outro homem, desde
que não tenha sexo anal, é genuinamente de um
g0y. O heterog0y, ou Str8-g0y é um
heterossexual mais liberal e que se distancia
dos padrões heteronormativos, ou seja, é um
homem que se permite ter relações com uma
mulher e se sente muito à vontade com outros
homens, tal como carícias, masturbação mútua
e por aí vai. Este é g0y. Fato é que os g0ys
podem ser heterossexuais ou não. Gostam de
dar uns ‘amassos’ com outros homens e não
gostam de sexo anal. Outro grupo conhecido
como ‘gouines’ ou ‘gouinage’, termo francês,
define homens com estas características. Não
são passivos, ativos, tampouco versáteis. A
penetração anal sai de cena e se enfraquece,
afinal nem todo hétero, homo, bi e afins, sente
tesão em ser penetrado.
Averdade é que os g0ys estão aí. A
igualdade sexual é efêmera no sentido de que
cada um gosta do que quiser e faz aquilo que
se sente à vontade em fazer, logo, não têm que
ser iguais mesmo. Inclino-me mais a adotar o
sexo democrático e se for sem preconceitos e
discriminações tudo é muito melhor.”
Nasci e resido na cidade do Natal /
RN. 35 anos, enfermeira apaixonada
pelo mar, pela dança e apenas há pouco
mais de dois anos, descobri minha
paixão pela escrita.
Sou poeta.
Por um momento ela se viu ali,
exposta àquele desejo latente, pulsante e
crescente, despertado por aquele toque
inesperado. Chegou a pensar que seria
apenas acaso, algo inocente... Mas o
olhar dele ao invadir o dela, era a
assinatura do convite categórico feito
pela carícia quase indecente sob a mesa.
Suas coxas tornaram-se trêmulas, e sua
respiração ofegante a denunciaria se sua
reputação já não fosse tão antagônica
aos seus pensamentos. Convidados ao
redor da mesa, sua plateia desavisada,
despercebiam a invasão de sensações
sofridas por ela. Era quase tortura lidar
com a voz em sua mente que sussurrara
na esperança de ser ouvida:
- Mais...
- Nada precisaria ser dito após o
exato momento das luzes se apagarem e
alguém surgir com bolo e velas. Todos
se levantaram para os parabéns, mas
eles não se mexeram. Ante a
sensibilidade percebida por ele, com as
atenções dos presentes, concentradas,
decidiu ousar. Em um toque preciso,
separou seus joelhos cobertos por um
vestido comportado, e ultrapassou as
barreiras. Naquela entrega impensada,
ela se jogou na fantasia. Sentiu como se
um vulcão tivesse entrado em erupção.
Entre gemidos encobertos por palmas e
vozes, rendida à lascividade despertada
em sua mente, uma onda de tremores
percorreu seu corpo, deixando pelo
caminho uma conhecida perturbação
causada pela impossibilidade da provável
reação posterior.
Ao acender das luzes ele sorriu e se
foi sem uma palavra pronunciar. Seu
sorriso ousado e sem vergonha, a fez
corar. Não pelo suposto pudor, mas pelo
fogo que ainda lhe consumia a
imaginação. Não sei dizer se eles se
encontraram depois, mas, ele saiu pela
porta sem olhar pra trás, e ela... Bem, ela
retomou a postura inicial e como sempre
fizera em comemorações como aquela,
adotou a postura da mulher perfeita.
Afinal... Ela é uma dama à mesa.
Gil Façanha