EDIÇÃO IMPRESSA - 471 - page 13

CUIABÁ, 19 DE DEZEMBRO DE 2013 A JANEIRO DE 2014
CULTURA
Por Luiz Marchetti
Fotos: Luiz Marchetti
Luiz Marchetti é cineasta
cuiabano,
mestre em design em arte
midia, atuante na cultura de
Mato Grosso e é careca.
O NOVO
ATALHO
PARA O
ANO VELHO
Ano novo é
trampolim diante
do desconhecido.
Ali diante do vácuo,
acreditamos que desejamos
inovações. Ultimamente,
o que ando pesquisando em
livros, revistas e sites de gestão
cultural tem sido sobre o MEDO
DA CRIATIVIDADE e o quanto muitos
se acham atuais e dinâmico mas são na
verdade uns mantenedores do atrofiamento
que arruína a cultura, seja a cultura familiar, a
formalidade cultural no serviço ou no dialogo com a
cidade/sociedade. É fascinante como na internet leio
professores, publicitários, gestores e principalmente artistas
se promovendo como criativos e volta e meia me decepciono
com a propaganda enganosa diante de obras chatas e velhas.
Ha um medo profundo do risco de inovar nas artes e na cultura.
Inovar é transformar. Esse é hoje a grande doença que assola o Brasil:
o atalho rápido para o repetido. Adoto aqui no jornal muitas vezes inclusive
um papel de fomentador cultural que percebe a cristalização, a velha repetição
mas sinto que preciso aplaudir o artista e sua mais nova-velha obra. Faço uma
critica positiva para ao menos encorajar a produção, mas sinceramente, olhando
para o ano que fecha sinto que de presente preciso compartilhar uma verdade:
MATO GROSSO está nu. Na atual industria criativa faltam conceitos e
realizadores com outras técnicas, temas e abordagens.
Muitas questões precisam ser levantadas dentro dos ateliês,
pelos próprios artistas. Se por um lado a atual SECRETARIA DE
CULTURA DO ESTADO JANETE RIVA devolveu respeito e dialogo a classe,
por outro o que foi re/apresentado pelos artistas vem com o ranço de
práticas esmagadas por outros gestores que sufocaram a nossa produção criativa.
Estamos extremamente defasados. A maioria do que foi produzido pela classe é irrelevante no
cenário de vanguarda. Temos bons profissionais, mas faltam deles mesmo outros rumos na produção,
na narrativa deste Estado, falta perspicácia para confrontar a velhice e apresentar OUTRAS formas
e conteúdos. Faltam profissionais e sobram tradições, faltam doutores em cultura e sobram repetitivos amadores.
Sobram sugestões de curiosos internautas que não estudam, que não criam, mas que ouviram o galo cantar e não sabe
onde. Lidar com a engrenagem criativa é investir numa industria depreciada pelos lideres, desgastada pela televisão
massificadora e que por isso merece exatamente muito mais
seriedade e profissionalismo. Se a industria criativa de um ESTADO está ruim,
o que o governo necessita é investir mais orçamento, mais profissionais e mais suporte.
Jamais o inverso. Por outro lado o artista não basta gostar de cultura, apreciar o folclore, se ‘sentir’
artista e pintar, tem que estudar, esboçar, refazer, apagar e fazer melhor. É preciso ter culhões, coragem e
vontade de chocar seja pela delicadeza, pelo grotesco ou pelo conceito. É preciso entrar no cenário nacional.
Noventa e nove por cento do que ha na vitrine da cultura mato-grossense é hoje algo com áurea de 1990.
Com o pânico de entrar no mercado a maioria dos artistas na elaboração do projeto já iniciam copiando algo
que deu certo, ou seja, ha um tempo de desgaste estético e muitas vezes
um conforto de arte decorativa(Ainda temos artistas que somente
pensam em arte como decoração). Nossa representatividade imagética desgastou
inclusive com importantes ícones como manga, índios e São Benedito. Na industria musical,
não basta ter voz boa e cantar, se não trazer algo novo, melhor ficar nos bares mesmo. TALENTO NÃO
É TUDO. E no audiovisual, basta de efeitos especiais e grafismos, o timming e o conceito com profundidade se
aprende pelo exercício de montagem e não pela pressa do aplicativo. E esse atraso permeia todos os ângulos, até
na mais freqüente, por exemplo hoje nas artes plásticas, Mato Grosso sofre de uma praga: ROMERO BRITTO.
É vergonhoso ver tanta gente imitando Pop e Romero Brito. Por favor parem com isso, nem por homenagem, nem
por amor, basta, adotem outra linguagem, procurem outros traços e técnicas. Um artista pode enganar meio mundo,
mas enganar a si mesmo é impossível, não pegue atalhos, }não copie, chega dessa chatice. Cópia de Romero Britto
encheu o saco. Por favor agencias de propaganda, publicitários, sinceramente copiem ou -como alguns costumam dizer-
se apropriem -ao menos de algo mais distante do repetitivo barato. Quando se perde o medo do crime de direito autoral
perde se também a cumplicidade com caderno de rascunhos, onde qualquer obra prima deve um dia ter passado, por
mais genialmente preguiçoso que você se ache. A pressa faz de muitos que se dizem artistas por aqui apenas uns eternos
iniciantes. É ali que a concepção autoral falece. A ousadia em inovar é uma característica que desaparece inclusive em
toda sociedade, pois a criatividade é inerente a todos os seres humanos em todas as idades e NÃO SOMENTE AOS
ARTISTAS, atrofiar os jovens é cortar a cabeça ainda com os olhos abertos, atrofiar os filhos na família com grifes, com
carros importados e valores de propaganda é arrancar o coração pela boca e esperar que o adulto seja uma cidadão
saudável. É impossível. Invista em visitas a galerias, em bons livros e ‘
filmes cabeça’
(Sim, eles tem cabeça). Seja bravo
em 2014. O ano da Copa chegou e torço para que muito do que iremos ver representando nossa cultura não seja
mediocridade repetida para agradar revistas idiotas com artistas bobões e atalhos de caju, viola de coxo, igrejas e bola.
E você artista, na sua pratica não se mate: você tem se reciclado? Tem acompanhado bienais? Você cria a partir do que
você foi inspirado. Qual foi o ultimo filme que te deixou embasbacado? Você precisa freqüentar outros sites? O ano novo
vem ai porém uma carroça de medos e praticas velhas precisa ser desamarrada do seu ateliê. Entre em editais nacionais
e internacionais. Freqüente galerias inclusive para ver o que não é inovador, para aprender com o que saiu errado. E
arrisque. Lapidar o dia a dia com melhorias culturais é a melhor maneira de saltar no ano que inicia, mas desprender do
mal gosto que nos amarra
o tornozelo ao passado,
concorde comigo, isso
sim, merece também
um mega esforço. Disciplina!
BRESILIEN
O Talentoso musico
cuiabano JOANDRE
CAMARGO, radicado na
França há 11 anos está de volta a
CASA DO PARQUE nesta quinta e
sexta, 19 e 20 de dezembro as
21h. Venha se deliciar com obras
de Tom Jobim, Pixinguinha, Chico
Buarque, Milton, Edith Piaf, Charles
Trenet e Henry Salvador. É voz,
piano e guitarra com Jazz e Bossa!
INFO: (65) 3365 4789
O Salão das Artes
de Mato Grosso está
aberto até 21 de
Fevereiro de 2014 no
Pavilhão das Artes. A
Secretaria de Estado de
Cultura de Mato Grosso
abriu edital no segundo
semestre de 2013 e
selecionou 18 artistas
para esta concorrida
exposição, que reúne
fotografia, pintura,
vídeo e desenho. Vamos
prestigiar! INFO:
SALÃO DAS ARTES DE
MATOGROSSO
CONFRATERNIZAÇÕES
NA CASA DO PARQUE
Esta semana a equipe
do Jornal CIRCUITO MATO
GROSSO também
confraternizou com drinks e
delícias no charmoso Bistrô
Café da Casa do Parque.
Puro charme com animação
faz deste belo lugar na Beira
do Parque Mãe Bonifácia um
point ideal para amigo
oculto e entrada das festas
de fim de ano. INFO: INFO:
(65) 3365 4789. Rua
Marechal Severiano de
Queiroz, 455, Bairro Duque
de Caxias, das 10h as 22h
de segunda a Sábado.
ATELIÊ VITORIA
BASAIA
Aqui perto, em Várzea
Grande fica o gigantesco
ateliê de uma das mais
importantes artistas do
Brasil. São quase 10 salas
lo-ta-das com pinturas,
desenhos, esculturas e
assemblages. MUITA ARTE
FORMIDAVEL. Tudo forte
com técnicas diferentes. Se
você receber um parente ou
um turista neste final de ano
ligue e agende uma visita a
este ateliê. Vá com tempo.
É um lindo espaço para
comprar presentes e
passear. INFO: (65) 9221
2470 e 9660 7976
CENTRAL
SKATE MAG
Ha muito tempo não via
uma revista online tão bem
feita, com fotos ótimas e textos
decentes. Vale a pena abrir o site
e ler a de ponta a ponta.
Parabéns aos organizadores e
designers. Sorte da Gráfica que
patrocinar essa maravilha, uma
revista jovem sobre SKATE com
uma pegada esportiva e ao
mesmo tempo com cuidado de
design sem as breguices da
maioria das revistas de Mato
Grosso. Alias a mag faz muito
sucesso fora do Estado.
Parabéns: nota DEZ!
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