CIRCUITOMATOGROSSO
CUIABÁ, 19 DE DEZEMBRO DE 2013 A JANEIRO DE 2014
CULTURA EM CIRCUITO
PG 5
Anna é doutora em
História, etnógrafa e filatelista.
TERRA BRASILIS
Por Anna Maria Ribeiro Costa
i R
TRÊS RAÇAS ALEGRES
THINK AND TALK
Por Laura Santiago i
LauraédiretoradaYes!Cuiabá
e apaixonada pelo Mickey Mouse ...”
Pela primeira vez esta coluna
apresenta-se tecida na primeira
pessoa do singular. Sinto-me à
vontade para, neste percurso, estar
com o alagoano que logo-logo virou
carioca, Cacá Diegues.
Particularmente, o cineasta me parece
muito próximo, até mesmo um
conhecido de longa data porque se
deixou ver por sua gloriosa obra
cinematográfica que mostra em suas
películas quilométricas que o Brasil é
singular por ser plural.
Fim de ano! Balanço das marcas
do que ficaram, sejam elas alegres,
sejam elas tristes. Mas esqueçamos as
últimas, mesmo que
temporariamente, até que os pisca-
piscas se apaguem. Em um jornal
carioca, Cacá Diegues, em sua
última crônica de 2013, escreveu:
Precisamos recuperar nossa alegria
de viver, nossa herança das três raças
tristes.
As
três raças tristes
referendadas pelo cineasta dizem
respeito ao índio, ao português e ao
africano que deram cores, formas e
sons ao Brasil quinhentista e que,
com outras cores, outras formas e
outros sons emolduram até os dias de
hoje. Mas, como profetizou o erudito
francês Michel de Certeau (1925-
1986), que façamos a cultura
brasileira uma
cultura no plural
para
que todos tenham a coragem de
lançar mão da cultura comum para
fugir de seus amos, sonhar com a
felicidade, enfrentar a violência,
povoar as formas sociais de saber,
insinuar-se na escola e na
universidade, dar nova forma ao
presente e realizar essas viagens do
espírito sem as quais não há
liberdade.
Que a liberdade possa
entremear-se com a justiça para que
as três raças e tantas mais que
existirem alcancem com dignidade
seus direitos específicos e universais e
conquistem suas existências com certa
qualidade. Será comovente vermos as
três raças tristes
mudarem suas caras e
começarem a se entender na
diferença, na alegria.
Deus é brasileiro
(2002). Vamos
pegar
Um trem para as estrelas
(1987)
porque
Dias melhores virão
(1989) e
bons ventos levarão as
Chuvas de
verão
(1978).
Bye Bye Brasil
(1980),
até
Quando o carnaval chegar
(1972).