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CIRCUITOMATOGROSSO
PANORAMA
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G
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CUIABÁ, 5 A 11 DE DEZEMBRO DE 2013
WHATTS APP
Com atividades recreativas, escolas tentam conter o uso de aparelhos celulares e tablets entre as crianças.
Por Camila Ribeiro. Fotos: Mary Juruna
Eletrônicos invadem as escolas
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Celulares de última
geração, smartphones e
tablets. É cada vez mais
fácil encontrar crianças e
adolescentes ‘conectados’
a esses aparelhos. Nota-se
que até mesmo no
ambiente escolar muitos
têm deixado de lado as
rodinhas de conversa para
trocar arquivos e
mensagens nos grupos do
WhatsApp, por exemplo,
aplicativo que se
popularizou graças à
possibilidade de trocar
mensagens, fotos e vídeos,
sem gastar créditos ou
SMS. Na tentativa de
conter o uso desenfreado
dos aparelhos eletrônicos,
educadores recorrem a
atividades recreativas para
atrair a atenção da
garotada.
A diretora do Colégio
Alicerce, Adriana Fontes,
revela que a unidade de
ensino tenta, na medida
do possível, evitar que os
aparelhos sejam usados
em excesso pelos alunos.
Isto porque a direção da
escola acredita que as
Desde que não haja
excessos, uso de
eletrônicos é natural
Gradativamente, o uso de tablets e celulares entre
os pequenos vem ganhando o espaço que antes era
preenchido pelas horas a frente da televisão, por
exemplo. A psicóloga e professora da Universidade de
Cuiabá (Unic) Ilze Maria Gonçalves da Costa vê esse
comportamento de forma bem natural, já que estes
podem ser considerados os instrumentos da cultura na
atualidade, ou seja, um dos meios mais utilizados para
se estabelecer a comunicação.
A especialista argumenta, ainda, que este é
inclusive o momento de as escolas aproveitarem as
ferramentas tecnológicas para estimular o
aprendizado. Segundo ela, aparelhos como os tablets,
por exemplo, podem melhorar o interesse dos alunos
pelos conteúdos escolares, já que desenvolvem a
inteligência e a curiosidade dos alunos, fazendo
também com que as aulas fiquem mais interessantes.
“As ferramentas da comunicação estão aí e nada
mais natural do que elas serem aproveitadas. Aliar as
ferramentas tecnológicas ao ensino é algo quase que
indispensável”, defende a psicóloga.
Ela adverte, no entanto, que tudo tem que ter o
seu “meio termo”, haja vista que tudo em excesso
acaba por ser prejudicial. “Tudo que é exagerado é
preocupante. Quando os celulares passam, por
exemplo, a substituir completamente o contato face a
face, configura-se num comportamento nocivo”.
Segundo a especialista, os pais precisam ficar
atentos ao comportamento dos filhos. Muitas vezes,
segundo Ilze, a família acha bom que a criança fique
por perto, dentro de casa e acaba não percebendo os
exageros. Ainda que o uso dos eletrônicos se
propague cada vez mais rápido, a psicóloga lembra
que nada substitui o acompanhamento e o convívio
familiar, a conversa dos pais, o estar junto, a troca de
experiência e que para isso ainda não existe
substituição.
“ E u b r i n c o ma i s
quando t em
e du c a ç ão f í s i c a .
Gos t o me smo é de
f i c a r e s c u t ando
mú s i c a s no c e l u l a r,
me x endo em a l gum
j ogo ou ap l i c a t i v o
ou e n t ão a s s i s t i ndo
v í d eo s na
b i b l i o t eca” . An t on i o
Victor, 11 anos
“ Eu go s t o da s
a t i v i d a d e s
e s po r t i va s . Eu t r oco
o ce l u l a r pa r a j oga r
f u t ebo l , handebo l ,
gos t o mu i t o da au l a
de educação f í s i c a ,
a c ho ma i s l ega l
que f i ca r no
ce l u l a r. ” Edua r da
Fernanda dos Santos,
10 anos
“Eu trago meu
celular para a
escola, às vezes eu
olho algumas coisas
no celular, até na
hora de pesquisar
algum assunto. Mas
prefiro jogar bola na
quadra, conversar e
brincar com os
colegas”. Matheus
Daniel Parolim, 9 anos
“ Ta m b é m t r a g o
t a b l e t p r a
e s c o l a . S ó q u e
e u b r i n c o m u i t o
c o m o s c o l e g a s .
A g e n t e b r i n c a
d e e s c o n d e -
e s c o n d e , p e g a -
p e g a ,
q u e i m a d a . . . ”
V i c t o r Ga r c i a , 9
a n o s
“A c h o q u e b r i n c a r
é i m p o r t a n t e . A
g e n t e p r e c i s a
f i c a r e m c o n t a t o
c o m o s a m i g o s .
A q u i n a e s c o l a e u
p r e f i r o b r i n c a r,
a c h o q u e a g e n t e
s e d i v e r t e m a i s d o
q u e n o c e l u l a r ” .
Julia Sena, 9 anos
crianças precisam interagir
umas com as outras.
Momentos de recreação,
jogos, atividades lúdicas,
rodas de conversas e feiras
de conhecimento têm sido
algumas das ferramentas
utilizadas pelo colégio
para promover essa
interação entre os
pequenos.
A tentativa não é em
vão, já que, segundo
Adriana, quando é
oferecida aos alunos
alguma atividade
recreativa, eles optam por
deixar tablets e celulares
de lado e aproveitam o
momento de socialização.
“Ao menos é o que a
gente nota aqui na escola.
Por isso, buscamos
promover atividades
artísticas, em grupo,
competições, numa forma
também de fazer com que
as crianças aprendam as
‘regrinhas’ da convivência
e desenvolvam sua
autonomia”, declara a
diretora. Adriana pontua,
no entanto, que o uso dos
aparelhos não é proibido
no horário do intervalo ou
mesmo na entrada e saída
do colégio. Segundo ela,
a proibição poderia
representar, inclusive, uma
forma de instigar ainda
mais as crianças a
desafiarem as regras.
A diretora ainda
completa admitindo que
não há como “fugir” da
tecnologia e pensando
nisso a escola também
adota essas ferramentas
como aliadas importantes
no momento do ensino-
aprendizagem. Segundo
ela, existem meios de
disciplinar o uso dos
equipamentos e ao mesmo
tempo utilizá-los em prol
de melhores resultados na
rotina escolar dos alunos.
Para a profissional, cabe à
escola a função de
organizar o uso da
tecnologia com os
estudantes, mostrar a eles
quais são as possibilidades
e os limites.
“Os professores e
alunos fazem o uso da
internet nos laboratórios e
estamos adotando o uso
da tela digital para
ministrar alguns conteúdos
mais específicos”. Ainda
assim, Adriana alega que
a unidade não pretende
descartar o método
tradicional de dar aulas.
“Acredito que dosando
ambas as coisas, o
aproveitamento pode ser
bastante satisfatório”,
afirma.
A l guma s v e z e s , a s r od i nha s de con v e r s a pe r dem
e s paço pa r a momen t os de t r oca de men s agen s e
v í deo s no s ap l i c a t i v o s do s c e l u l a r e s
Adriana Fontes defende o contato entre os pequenos
como a melhor forma de promover a socialização
A p s i có l oga I l z e da Co s t a d i z que , s e u s ada s
s em e x age r o s , f e r r amen t a s t e c no l óg i c a s
podem s e r g r ande s a l i ada s do ap r end i z ado
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