EDIÇÃO IMPRESSA - 469 - page 4

CIRCUITOMATOGROSSO
CUIABÁ, 5 A 11 DE DEZEMBRO DE 2013
CIDADES
P
G
4
CAB CUIABÁ
Crise histórica de abastecimento
A falta de água histórica em Cuiabá afetou quase metade da população por vários dias aumentando as reclamações contra a
concessionária. Por: Rita Anibal. Fotos: Mary Juruna
As torneiras secaram
para quase metade da
população de Cuiabá.
Tarefas simples como tomar
banho e lavar a louça
causaram transtornos e
sofrimento nas residências e
nos comércios. Já sem
prestar um serviço
condizente, a
concessionária CAB
Ambiental protagonizou no
Procon/MT até outubro
passado 2.124
reclamações desde que
assumiu em abril de 2012.
Em apenas um mês – de
outubro até o início de
dezembro – 615 queixas
foram efetivadas, passando
para 2.739 reclamações,
um aumento substancial de
quase 30%.
O desabastecimento
de água promovido pela
concessionária CAB Cuiabá
é inédito na Capital e
causou grande indignação,
tornando-se um dos
assuntos mais comentados
e discutidos nas redes
sociais. A falta de água,
além de causar desconforto
para o cuiabano, afetou de
forma cruel os
comerciantes, sendo que
alguns precisaram fechar
suas portas pela
inviabilidade econômica –
o custo poderia alcançar R$
2 mil por mês só com
água. Muitas escolas
tiveram que dispensar os
estudantes por conta do
problema.
A Da Feira Café &
Tapiocaria chegou a
colocar no Facebook um
recado aos clientes: “A
notícia não é boa! Não é
novidade a falta de água
que a nossa região está
sofrendo. Hoje nem as
empresas que fornecem
caminhão-pipa atendem
mais o telefone, então
fomos forçados a não abrir
as portas. Contamos com
sua compreensão!”. Assim
como a tapiocaria, vários
comércios funcionaram
precariamente durante todo
o tempo da interrupção de
fornecimento de água.
Todo esse sofrimento
imposto à população
iniciou-se com a
substituição das adutoras
solicitadas pela Secretaria
Extraordinária da Copa
(Secopa) para construir
novas tubulações,
contornando a Trincheira
Santa Rosa. Para isso foi
necessário esvaziar o
sistema da ETA São
Sebastião que, ao voltar a
funcionar, sofreu um dano,
apresentando o primeiro
grande vazamento que
afetou 80 bairros.
O segundo ponto de
vazamento grave localizado
pela concessionária ocorreu
no encontro das ruas
Comandante Costa e
Cândido Mariano, no
centro da cidade. A
concessionária – CAB
Ambiental – justificou que,
nas duas situações, os
danos foram provocados
pela precariedade dos
equipamentos que não
recebiam manutenção
adequada quando eram
operados pela Companhia
de Saneamento da Capital
(Sanecap).
Diante da crise sem
precedentes no sistema de
abastecimento, os
consumidores procuraram o
órgão para obter
informações sobre seus
direitos, uma vez que o
‘callcenter’ da
concessionária não
funcionou durante o
período em que Cuiabá
sofreu falta de água
histórica. Muitos
protocolaram denúncias no
Ministério Público Estadual
(MPE) acerca da falta de
informações por parte da
CAB e também contra os
valores exorbitantes
praticados por algumas
empresas de fornecimento
de água através de
caminhão-pipa.
Procurada pelo
Circuito Mato Grosso
, a
assessoria da CAB
Ambiental relatou que
todos os bairros atingidos
já estão recebendo água
normalmente, destacando
que concentrou esforços
técnicos operacionais para
restabelecer o
funcionamento da estrutura
central de produção de
água em no menor tempo
possível. Segundo a
assessoria, durante a
interrupção do
fornecimento de água
“priorizaram o
abastecimento de unidades
hospitalares, escolas e
creches com o envio de
caminhão-pipa”.
Consumidores reclamam de cobrança indevida de taxa de esgoto
O jornalista e
professor universitário Rui
Matos, morador do
Condomínio Jardim
Botânico, no bairro
Coophema, reclama de
um comunicado enviado
pela CAB com elevação
da tarifa de esgoto.
Indignado, questiona:
“Baseado em que a CAB
elevou o preço da taxa de
coleta de esgoto? Eu já
pago R$ 14,05 todos os
meses por um serviço que
não executam. Acho isso
abusivo e até
vergonhoso”.
O professor relata
que existe uma pequena
central que coleta o
esgoto do condomínio, faz
a decantação e, em
seguida, joga os dejetos
no córrego São Gonçalo,
um dos afluentes do rio
Cuiabá: “Sendo assim, a
CAB não efetua nenhum
serviço pra justificar tal
pagamento de taxa de
esgoto. A estação de
coleta, inclusive, foi
construída pelo
condomínio. Nós
pagamos por ela no ato
da compra da casa, já
que todas as benfeitorias
do condomínio fazem
parte do custo total do
imóvel”.
Matos explica num
misto de revolta que nem
20% das residências de
Cuiabá contam com rede
de esgoto. Ele cita como
exemplo o Jardim
Gramado, onde as
famílias não contam com
coleta de esgoto e os
dejetos são colhidos em
fossas sépticas, mas,
mesmo assim, estão
recebendo o comunicado
de aumento na tarifa pelo
serviço prestado. Nas ruas
do bairro é possível
verificar as fossas nas
calçadas e, algumas,
formando buracos pela
erosão do asfalto.
Rui Matos pergunta
taxativamente: “Como
isso se justifica se ali só
tem fossas sépticas e
quem faz a limpeza são
empresas particulares
pagas pelos
moradores?”.
Situação análoga vive
Ivani Fini, moradora do
Residencial Coxipó que
também recebeu o aviso
de aumento de tarifa. Fini
relata que o condomínio
já tinha tratamento do
esgoto antes da concessão
e agora estão cobrando a
mais pelo serviço. Conta a
munícipe que procurou a
CAB e eles informaram
que a alteração da
porcentagem da tarifa é
pelo fato de terem esgoto
no residencial: “Achei um
abuso e os demais
moradores do condomínio
estão revoltados tanto
quanto eu”.
O abuso no preço da água
rendeu denúncia no MPE
Consumidores
inconformados com o
preço praticado pelas
distribuidoras de água de
Cuiabá procuraram o MPE
para denunciar a
‘extorsão’ sofrida. Com
250 mil habitantes sem
água, muitos fornecedores
aproveitaram-se da
ocasião para obter ‘lucro
fácil’.
Na mesma proporção
que o aumento de
reclamações explodia, as
empresas fornecedoras de
água viam os pedidos
triplicarem e,
consequentemente, o
preço ficou estratosférico.
Não bastasse a cobrança
abusiva, empresas ainda
impunham algumas
‘regras’ como não
aceitarem dividir entre
vizinhos um caminhão de
água que custava, em
média, R$ 300,00, com
16 mil litros.
Casos extremos
também aconteceram
como do Residencial
Goiabeiras que pagava,
inicialmente, R$ 120 por
um caminhão com água,
chegando, no auge do
desabastecimento, a custar
inacreditáveis R$ 450,00.
Água todos os dias: pra poucos
O mecânico
Weverson Carlos de
Oliveira não teve sorte
nos últimos anos.
Morador do Pedra 90,
onde a racionalização de
água é constante, mudou-
se para o bairro Renascer
e continuou a conviver
com o mesmo problema:
a falta de água.
Oliveira lembra que
quando morava no Pedra
90 sua esposa precisava
fazer os serviços
domésticos à noite pela
falta de água: “Ela
lavava a roupa, limpava
a casa de noite porque
era difícil ter água de
dia”.
Ao mudar-se para o
bairro Renascer,
continuou a enfrentar o
mesmo problema, mas
em proporções menores.
Oliveira diz que é menor
que no Pedra 90, mas
que o problema é
constante: “Falta água à
tarde quase todos os
dias, então minha esposa
faz os serviços de casa
pela manhã”. Weverson
também relata que na sua
rua há vários canos
‘estourados’, vazando
água direto e que a rua
fica um atoleiro só.
A ped i do da Secopa , CAB i n t e r r ompeu po r 4 d i as o
f o r ne c imen t o de água pa r a mi l ha r e s de pe s s oa s
Apó s a i n t e r r upção anun c i ada pe l a CAB , uma adu t o r a
s e r ompe de i x ando me t ade da popu l ação s em água
Emp r e s á r i o s ap r ov e i t a r am a f a l t a de água e
cob r a r am p r e ço s e x o r b i t an t e s do s c u i abano s
We v e r s on Ol i v e i r a mudou de ba i r r o e con t i nuou
com p r ob l ema an t i go de f a l t a de água na t o r ne i r a
CAB cob r a t a r i f a de e sgo t o de mo r ado r e s do
J a r d im Gr amado que s ó t em f o s s a s s ép t i ca s
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