CIRCUITOMATOGROSSO
PANORAMA
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CUIABÁ, 20 A 27 DE NOVEMBRO DE 2013
CAMPO
Falta de assistência técnica às famílias e entraves na logística de transporte dificultam crescimento da atividade.
Por Camila Ribeiro. Fotos: Mary Juruna
Poucos avanços na agricultura familiar
Dados do Ministério
do Desenvolvimento
Agrário (MDA) mostram
que o segmento da
agricultura familiar é
responsável por 4,3
milhões de unidades
produtivas no Brasil – o
que representa 84% dos
estabelecimentos rurais –,
33% do Produto Interno
Bruto (PIB) Agropecuário e
emprega 74% da mão de
obra no campo. Embora
seja um setor estratégico
para o país e a renda
desta parcela da
Em conjunto com o
Consórcio Intermunicipal
do Alto do Rio
Paraguai, a Secretaria
de Agricultura de Barra
do Bugres está
viabilizando um projeto
em busca de
certificação da
vigilância sanitária para
os agricultores
familiares, com vistas a
aderir ao Sistema
Brasileiro de Inspeção
(Sisbe). “O objetivo é
que os municípios que
compõem o consórcio
consigam uma
equidade nas leis
municipais de inspeção
sanitária para que os
produtos sejam
comercializados
comprovadamente
Agricultores buscam
certificação sanitária
dentro das exigências”,
explicou Rodrigo
Faccioni. A ideia é de,
em posse da
documentação da
Vigilância Sanitária, os
agricultores familiares
possam vender os
produtos não somente
nas feiras e nos centros
de abastecimento como
também diretamente
aos mercados,
restaurantes e até
mesmo para indústrias.
A certificação
sanitária e a equidade
entre os municípios
podem garantir, ainda,
aumento na produção,
diversificação dos
produtos e melhorias
na logística de
transporte.
Comercialização esbarra em
precariedade de estradas
Assim como em outros
setores, a agricultura
familiar também tem
como um de seus maiores
desafios a precariedade
da malha viária em Mato
Grosso. Em muitos casos a
logística de transporte dos
produtos advindos da
agricultura familiar
esbarra nas más
condições de conservação
das estradas, sejam elas
estaduais ou municipais,
como afirma o secretário
de Agricultura e
Desenvolvimento
Sustentável de Barra do
Bugres, Rodrigo Faccioni.
“Aqui em Barra do
Bugres, por exemplo,
temos uma malha viária
relativamente grande, em
alguns assentamentos de
agricultores familiares
existem trechos de até 100
km de estradas internas
sem pavimentação”,
revela Faccioni ao
comentar que as famílias
enfrentam grandes
problemas com o
transporte e a qualidade
das estradas. O secretário
salienta que em períodos
de chuva as condições
ficam ainda piores.
“A melhoria dessas
estradas seria um fator
crucial para dar maior
rentabilidade aos
agricultores familiares. É
necessária, sem sombra
de dúvida, uma ação
continuada do município e
do Estado para que esses
agricultores não sejam
penalizados”, adverte.
De acordo com o
secretário, há no município
cerca de 1,4 mil famílias
que vivem da agricultura
familiar, divididas em
assentamentos do Incra,
terras indígenas,
comunidades
quilombolas, grupos de
pescadores ou em outras
regiões no entorno da
cidade.
Organização passa por cadeias produtivas e agroindústrias
Em busca de
aumento de renda,
tecnologia e ferramentas
que estimulem a
produção, muitos
agricultores familiares
de Mato Grosso se
organizam em cadeias
produtivas ou, ainda,
em agroindústrias que
geram maior
viabilidade e
rendimentos aos
trabalhadores. O
secretário de Agricultura
e Meio Ambiente de
Acorizal (63 km de
Cuiabá), Emerson
Figueiredo, revela que o
município tem cerca de
1,6 mil agricultores
familiares que tentam
organizar as atividades
trabalhando a partir das
cadeias produtivas.
“Partimos do pressuposto
de que trabalhar
individualmente com
cada produtor é algo
inviável, então fazemos
as organizações por
meio das cadeias
produtivas, seja do leite,
da farinha, enfim, as
ações ficam mais
palpáveis desta forma”,
explica o secretário.
Figueiredo revela
ainda que, pensando em
ampliar a produção das
famílias, a Secretaria
Municipal tem auxiliado
na regularização
fundiária dos
trabalhadores, porque a
partir de então se pode
dar início à busca por
crédito financeiro e o
consequente
fortalecimento da
atividade.
“Trabalhamos com
os pequenos produtores
a questão da
regularização fundiária,
legalização ambiental,
porque a partir daí ele
vai poder pleitear um
Pronaf, um investimento
para desenvolver e
fomentar sua atividade”.
Ainda segundo o
secretário, estão sendo
reativadas algumas
agroindústrias do
município que estavam
com as atividades
paralisadas. “Temos as
farinheiras,
despolpadeiras de
frutas, casa-mel, enfim
estamos pleiteando
conversas com o Estado,
em busca de recursos e
projetos para regularizar
essas agroindústrias”.
população tenha crescido
52% nos últimos dez anos,
o estímulo a esta atividade
não caminha no mesmo
ritmo. Especialmente em
Mato Grosso, a
“agricultura familiar ainda
tem muito que caminhar”,
ao menos é o que afirma
o secretário-adjunto da
Secretaria de
Desenvolvimento e
Agricultura Familiar
(Sedraf-MT), Renaldo
Loffi.
O Estado tem hoje
142 mil famílias de
agricultores familiares que
desenvolvem atividades
nas mais diferentes
cadeias produtivas. Loffi
alega, no entanto, que
essas famílias ainda
esbarram em problemas
como a falta de
programas de
desenvolvimento, ausência
de regularização fundiária
e ambiental por parte das
famílias, assistência
técnica insuficiente e ainda
padecem com a
precariedade da malha
viária estadual e
municipal, que muitas
vezes inviabiliza a
comercialização da
produção.
Dada a
grandiosidade do Estado
e o alto número de
agricultores familiares,
Loffi revela a necessidade
para que esses
profissionais atuem com
cooperativismo. “O
exemplo é simples: um
produtor de leite que
produz 200 litros ao dia
vai à indústria e tem que
pedir ‘por favor’ pra
indústria passar lá no
distrito dele e buscar os
200 litros. Mas, se criar
uma cooperativa e 50
produtores tiverem lá 20
mil litros de leite é
diferente: eles vão lá
negociar uma produção
de 20 mil litros por dia
com aquela indústria.
Precisamos avançar nessa
questão do
cooperativismo, já que
essa é uma das formas de
fortalecer a agricultura
familiar”, pontua o
secretário.
Ainda segundo Loffi,
Mato Grosso também
encontra dificuldades
neste segmento em face
da falta de estrutura da
Empresa Mato-grossense
de Pesquisa, Assistência e
Extensão Rural (Empaer).
“Sabemos que a Empaer
tem um número de
técnicos bastante reduzido
e consequentemente
atende dentro de suas
possibilidades, não é
possível alcançar a
totalidade de agricultores
que precisam da
assistência técnica.
Loffi admite, ainda,
que atualmente a Empaer
atende cerca de 20% das
famílias de agricultores
familiares do Estado e
conta com cerca de 300
funcionários, distribuídos
em 128 escritórios.
Por fim, o secretário
assegura que é necessário
que a Sedraf tenha um
maior número de linhas de
programas de
desenvolvimento da
agricultura familiar, em
parceria com o governo
federal, no sentido de
atingir a totalidade dos
produtores.
Ma t o Gr os so t em 142 mi l f amí l i a s de ag r i cu l t o r e s f ami l i a r e s que
a i nda e n c on t r am d i f i c u l dade s pa r a de s e n v o l v e r a t i v i dade s
Se c r e t á r i o - ad j un t o da Sed r a f d i z que
de f i c i ênc i a s na e s t r u t u r a da Empae r s ão um
do s e n t r a v e s pa r a ag r i c u l t u r a f am i l i a r
Pa r a Eme r s on
F i g u e i r e d o ,
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f o rma de
c a d e i a s
p r o d u t i v a s
p o d e
f o r t a l e c e r
a t i v i d a d e
S e g u n d o
R o d r i g o
F a c c i on i , o s
a g r i c u l t o r e s
c a r e c em de
me l ho r i a s na s
e s t r ada s pa r a
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a l a v a n c a r n c a r
p r o d u t i v i d a d ee